Coisa de pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão


Em outubro de 2010, o estudante Marco Paulo dos Santos, um negro evangélico de 24 anos, era estagiário no Superior Tribunal de Justiça, foi à agencia do Banco do Brasil que funciona no prédio e esperava sua vez para usar um terminal. Pela sua narrativa, havia um senhor operando a máquina e ele aguardava sua vez atrás da linha demarcatória. À certa altura, o cidadão voltou-se, dizendo: ‘Quer sair daqui?’.
Marco explicou-lhe que estava no lugar adequado, mas não convenceu. ‘Como eu não saí, ele se apresentou: ‘Sou Ari Pargendler, presidente do STJ, e você está demitido. Isso aqui para você acabou’.’ Pargendler teria puxado o crachá do rapaz para ver seu nome. Uma hora depois, Marco recebeu uma carta de demissão por ter cometido ‘falta gravíssima de respeito’.
Marco Paulo deu queixa na 5 Delegacia da Polícia Civil e uma testemunha corroborou sua versão. Pargendler, presidente do ‘Tribunal da Cidadania’, não se pronunciou. O processocontra o doutor por agressão moral foi remetido ao Supremo Tribunal Federal, sob sigilo. Felizmente, o ministro Celso de Mello tirou-o do segredo e remeteu os autos à Procuradoria-Geral da República, para que verificasse ‘a exata adequação típica dos fatos narrados neste procedimento penal’. No dia 17 de dezembro de 2010, o processo foi para as mãos da subprocuradora-geral Claudia Sampaio Marques. Cadê?
Quando completou um ano de espera, Marco Paulo disse ao repórter Frederico Vasconcelos que ‘entregou o caso nas mãos de Deus’. Fez muito bem, porque, em condições normais, a Procuradoria teria cumprido sua tarefa em dois meses.
No dia 7 de março, a doutora Sampaio Marques devolveu o processo e, ao dia 14 de abril ele foi redistribuído para o procurador-geral Roberto Gurgel, seu marido. Explicação? Nem pensar.
Eremildo é um idiota e, ao lembrar que Operação Vegas ficou com o doutor Gurgel durante quase três anos, convenceu-se de que não se deve falar do caso de Marco Paulo, pois isso é coisa de ‘pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão’.“


por Elio Gaspari

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