No primeiro debate do segundo turno da disputa pela prefeitura de São Paulo, o candidato tucano José Serra (PSDB) tentou colar sua imagem aos pobres e mencionou diversas vezes José Dirceu, condenado no julgamento do “mensalão” no Supremo Tribunal Federal. Fernando Haddad (PT), por sua vez, reclamou da “baixaria” usada pela campanha tucana e criticou a gestão de Gilberto Kassab (PSD), aliado tucano, na prefeitura. O encontro aconteceu na rede Bandeirantes nesta sexta-feira 19.
Em sua primeira pergunta, Serra tentou mostrar que já fez obras para os mais necessitados, repetindo discurso que tem usado desde o começo do segundo turno. O candidato tem seus piores desempenhos nas regiões mais pobres da cidade e tem focado nesse eleitorado.
Serra citou alguns projetos e obras que diz ser autor, como os medicamentos genéricos e o hospital da Cidade Tiradentes. Depois de citar cada uma das obras, perguntava a Haddad: “Foi uma medida para pobre ou para rico?”
Haddad respondeu dizendo: “depende de como você leva a frente os programas”. O petista criticou a gestão de Kassab na saúde, onde ele não cumpriu sua meta de construir três hospitais após ser eleito em 2008. Após a resposta de Serra, que disse não ter sido candidato à prefeito em 2008, insistiu na ligação entre os dois.
“Você tem essa mania de descartar seus apoiadores. Em 2002 (quando Serra foi candidato à presidência) escondeu o Fernando Henrique Cardoso dizendo que não tinha nada a ver com aquilo. Agora você está fazendo isso com o Kassab.”
“Baixarias” e “obsessão com José Dirceu”
Haddad usou sua primeira pergunta para criticar a campanha que Serra vem fazendo no segundo turno. “Nós devemos à população de São Paulo um esforço genuíno para discutir propostas pela cidade, deixar as insinuações de lado. Será que não devemos isso a população, campanha de alto nível na reta final?”.
Na primeira oportunidade, Serra não respondeu a pergunta. Diante da insistência de Haddad, falou que o PT era especialista em baixarias. “O PT na televisão fica falando que a gente trabalha para rico. Eu mostrei aqui e o candidato não soube responder, que todas as coisas que eu fiz na minha vida foram para as pessoas mais necessidades. Isso é o estilo José Dirceu”.
O antigo líder petista foi citado 6 vezes por Serra em diferentes momentos do debate. A última delas foi quando o tucano lembrou de uma ação, protocolada pelo PT, que tramita no Supremo Tribunal contra as organizações sociais na saúde.
“Você tem uma obsessão com o Zé Dirceu, talvez pela amizade que você manteve com ele durante décadas. (…) Deveria aceitar minha propostas de fazer um protocolo pelo bom nível da campanha”, rebateu Haddad.
“Obsessão com Kassab”
Haddad criticou a gestão de Kassab em diversos momentos. Entre outras coisas, reclamou da falta de construção de creches, da taxa de inspeção veicular e da meta de construir 63 quilômetros de ônibus na cidade, não cumprida pelo atual prefeito.
Após Haddad citar a lentidão na construção das linhas de metrô pelo governo do estado e a falta de cooperação da prefeitura, Serra defendeu seu aliado. “Eu acho que o PT tem algum problema com o metrô. A Marta (Suplicy), quando foi prefeita, não colocou um real. Kassab colocou um milhão. (…) Você tem obsessão com Kassab. E você aqui só fala de Kassab, só sabe falar do Kassab”, disse Serra.
Mais tarde, Haddad justificou sua insistência em falar do prefeito. “Pode parecer um argumento difícil de compreender, mas ele é o prefeito da cidade. Você quer que eu fale de quem?”
Perguntado ao final do bloco, Kassab disse que achava “normal” que o seu nome fosse tão usado, já que a disputa é pela prefeitura.
Piero Locatelli
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