Eleição 2014: um salto quântico


por Pedro Luiz Rodrigues

Um salto quântico, na física e na química, ocorre quando uma partícula ganha energia, acelerando o movimento de seus elétrons. Estes acabam por se destacar do núcleo, na forma de saltos.

Em laboratório, tal fenômeno pode ser mantido sob controle. Mas se certos limites de temperatura forem ultrapassados, os elétrons desprender-se-ão do núcleo, que não resistindo à repulsão entre suas partículas, explodirá.

No universo da política fenômeno de natureza similar pode também ter lugar. O aquecimento gerado pelas expectativas de um partido (em razão de uma extraordinária vitória eleitoral, por exemplo) libera energia sobre determinados de seus expoentes, fazendo-os destacar do conjunto.

Com a vitória de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo, sacramentada ontem nas urnas, o Partido dos Trabalhadores conquistou o que mais almejava no presente ciclo de eleições municipais. 

Os estrategistas do partido voltam imediatamente seus olhos e atenções para 2014. O grande objeto do desejo petista passou naturalmente a ser o governo de São Paulo, bastião jamais conquistado. 

Isso por darem como certa, mais uma vez, a vitória na disputa pela Presidência da República, tanto faz se com Lula ou com Dilma.

O fato de ter sido derrotado no Nordeste quase inteiro na disputa municipal não chegou a empanar a alegria pela vitória na capital de São Paulo. Afinal trata-se da capital do estado que o PT considera seu berço, sua base, sua alma mater. 
Na percepção dos referidos estrategistas, o médico infectologista Alexandre Rocha Santos Padilha, o mais jovem dos ministros de Dilma, já pode começar a se acostumar com o título de “governador”.

Para esses, Padilha é quem está melhor apetrechado para a disputa. Conhece o mundo político de São Paulo e do Brasil como poucos. Foi um eficiente secretário de relações institucionais do Governo, durante a gestão do Presidente Lula. Além do mais, é jovem, pode ser apresentado como representante da inovação e da mudança.

Se Lula for o candidato à Presidência em 2014, tanto melhor para Padilha, uma vez que seus laços com o ex-presidente são muitíssimo estreitos.

Resta saber se o núcleo decisório do PT conseguirá manter a temperatura sob controle durante os próximos dois anos, impedindo que outros elétrons estaduais (que se sentirão também aquecidos com a vitória de Haddad) acabem por fazer tudo desandar.

O PSDB, sem o Serra e sem o Alckmin, vai ter de passar por uma profunda revisão interna em São Paulo.

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