Tu que me deste o teu cuidado

Tu que me deste o teu carinho 
E que me deste o teu cuidado, 
Acolhe ao peito, como o ninho 
Acolhe ao pássaro cansado, 
O meu desejo incontentado. 
Há longos anos ele arqueja 
Em aflitiva escuridão. 
Sê compassiva e benfazeja. 
Dá-lhe o melhor que ele deseja: 
Teu grave e meigo coração. 
Sê compassiva. Se algum dia 
Te vier do pobre agravo e mágoa, 
Atende à sua dor sombria: 
Perdoa o mal que desvaria 
E traz os olhos rasos de água. 
 Não te retires ofendida. 
Pensa que nesse grito vem 
O mal de toda a sua vida: 
Ternura inquieta e malferida 
Que, antes, não dei nunca a ninguém. 
 E foi melhor nunca ter dado: 
Em te pungido algum espinho, 
Cinge-a ao teu peito angustiado. 
E sentirás o meu carinho. 
E sentirás o meu cuidado.
Manuel Bandeira

Um comentário:

  1. MARCO ANTÔNIO LEITE DA COSTA20 novembro, 2012

    FLORESTA

    A floresta é selvagem, mas ela não ataca ninguém, porém é atacada a todo instante pela fúria do homem. O homem pode não ser o capeta em pessoa, mas também nunca foi santo para ser canonizado e adorado.
    Quem põe a mão no fogo pela cunduta do homem sobre o vergonhoso desmatamento, entre outras roubalheiras que acontecem e, que ainda acontecerá nos dias de hoje. Se o senhor homem em sua totalidade não participou diretamente do desmatamento, não duvido que tenha participado indiretamente dos lucros que a floresta oferece.
    Para saber com certeza de todo aquele acerto líquido do produto desviado de sua origem, basta saber sobre patrimônio passado e o atual do homem.

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