Um gênio ofuscado pelo folclore


A editora da Universidade de Oxford acaba de publicar “Turing: Pioneer of the Information Age” (“Turing: O Pioneiro da Era da Informação”). É um bom livro, contando a história de um gênio que viveu num mundo emocionante e morreu num enredo de romance policial em 1954, aos 41 anos. Está na rede, em inglês, por R$ 23,63.
Em 1936, Alan Turing concebeu aquilo que chamou de “máquina universal”. Era a ideia do computador, inicialmente chamado de “cérebro eletrônico”. Matemático genial, se não tivesse feito mais nada seria celebrado como um dos pais da vida moderna.
Com o início da guerra, incorporou-se à tropa de ingleses que se dedicava a quebrar os códigos alemães. Era uma comunidade que trabalhava em segredo, na qual se juntavam físicos, engenheiros, malucos, militares e campeões de xadrez. Seus dois mil servidores não puderam contar o que faziam nem para a família.
Nos anos 70, quando o véu foi levantado, algumas mulheres queixaram-se por não terem revelado o segredo aos maridos, que haviam morrido.
Turing foi decisivo para desvendar o código dos submarinos alemães que afundavam os comboios ingleses.

Decifravam 84 mil mensagens a cada mês, influíram no resultado da batalha de El Alamein e na de Kursk, ajudando os russos.
Suspeita-se que Turing tenha colaborado na quebra dos códigos japoneses antes da batalha de Midway. Alguns historiadores estimam que esse trabalho encurtou a duração da Segunda Guerra em até dois anos. Exagero, a guerra terminaria em agosto de 1945, com uma bomba atômica caindo em Berlim.
Nesse mundo excêntrico, Turing conseguia ser esquisito. Com o tempo, atribuíram-lhe também a concepção do Colossus, o avô do computador que grampeava até as comunicações de ADOLPH9HITLER9FUEHRER (o “9” significava espaço na mensagem decifrada) e ajudou o sucesso do Dia D.
por Elio Gaspari

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