Zuenir Ventura: a violência como diversão


O Globo

A violência “lúdica”, praticada como entretenimento e esporte, está tão banalizada, tão na moda, que uma impressionante foto publicada nos últimos dias do ano passou quase despercebida. Era do lutador Cigano com um olho roxo, os lábios inchados, o rosto dilacerado, deixando o hospital e ainda pedindo “desculpa”.
Por que? Talvez porque, massacrado numa luta, foi levado ali para se tratar e não para o cemitério.
Numa outra imagem, o americano Caim enfia-lhe um soco boca adentro como se o adversário caído ao chão fosse o próprio Abel bíblico. Já me disseram para “deixar de frescura” porque essas lutas sempre existiram, não são de hoje. De fato, são do tempo em que os cristãos eram jogados na arena para leão faminto comer.
Outro dia uma senhora me desafiou: “Por que o senhor não fala mal também do automobilismo, que mata mais do que o MMA?”.
Não contestei a discutível afirmação e preferi dizer que nas corridas de automóvel o objetivo não é a violência, mesmo quando ela ocorre. Já nessas lutas, sim. Vence quem der mais cotoveladas, joelhadas e pontapés no outro, de preferência no rosto.
Outra alegação é a crescente popularidade do espetáculo, que só perde, dizem, para o futebol. Mas popular o crack também é, e cada vez mais.
Recebi uma carta-queixa da qual publico um trechinho sem comentário, porque ainda não a digeri: “Eu já gosto muito do senhor e acho que vai gostar de mim quando eu começar a falar. Só não consigo entender essa diferença de tratamento entre eu (sic) e Alice. É porque sou Flamengo? Mas, vô, alguém tem que ser amigão do meu pai! Ele merece um ombro amigo para chorar as derrotas do Mengão. Eu vou fazer três meses, e escuto as pessoas dizerem que sou um meninão, um príncipe, uma gracinha, que tenho cara de homenzinho, enfim, faço um sucesso danado, menos pro senhor. E aí, vô, não dá para escrever algumas palavras bonitas sobre mim? Eric”.
Um dos espaços mais concorridos nessa virada do ano — competindo com as congêneres do Vidigal e da Rocinha — foi a recém-inaugurada “Laje do Moreno”. Como atração, além da vista, as delícias da chef Carlúcia.
Ao contrário do que se especula, não haverá shopping subterrâneo na Praça N. S. da Paz. Quem garante é o governador, que informa nunca ter pensado nisso.
Que bom! Espero que meu próximo desmentido seja: “Ao contrário do que se especula, não haverá acesso ao metrô na Praça N.S. da Paz, que será preservada em benefício dos bebês, dos idosos e do meio ambiente. Quem garante é o governador...”

Um comentário:

  1. MMA: Esporte ou barbárie? RJ, 07/01/2013
    Antônio Holanda
    Professor de Educação Física, Psicopedagogo, Engenheiro e Mestrando em Educação.

    O problema é que tem muita gente falando sobre um assunto que não é de sua alçada. Quem define o que é esporte? Quem define o que é violento? Quem compara lutadores de MMA, com gladiadores do Coliseu? A verdade é o seguinte, lutadores de MMA, são atletas pagos (Alguns muito bem pagos...), bem diferente dos escravos do Coliseu. Que realizam lutas de MMA, após rigorosos treinamentos atléticos e atitudinais, espontâneamente, e não obrigados, como era o caso dos gladiadores. A Luta Esportiva, está relacionada ao desenvolvimento máximo de um atleta, para uma situação real de luta! Para isso foram desenvolvidas lutas milenares e culturais, pelos homens de diversas civilizações: Jiu Jitsu, Muay Thay, Judo, Karate, Boxe, Luta Livre, Savate; e muitas outras. Para os amantes da Luta Esportiva, essas lutas não são violentas, e muito pelo contrário, auxiliam na formação moral e física de seus praticantes. É fato, que grandes faixas pretas das artes marciais, são grandes exemplos de cidadania e ética em seus contextos sociais. Campeonatos destas artes marciais, estão longe de serem palco de barbárie. Na verdade são locais de superação humana, de respeito as regras, de estética agonista, de pesquisa nas áreas de treinamento, fisiologia, condicionamento físico e gerência e administração esportiva! Um dos grandes clamores da modernidade, é do respeito a diversidade e ao multiculturalismo. "Não se pode exigir de uma borboleta, que compreenda o comportamento do tigre. Mas ambos podem viver em harmonia, se buscarem o respeito mútuo...". O MMA, é o esporte que atingiu o último nível de excelência no agonismo corporal: Por se valer da luta de chão, da luta em pé e de suas transições. Atingiu o mais elevado patamar do Confronto Autorizado! Falo de Confronto Autorizado, pois ao contrário do que afirmam os "menenstréis do apocalipse", MMA não é violência e pancadaria! É luta esportiva no seu mais avançado grau de perfeição, pois conforme disse anteriormente, exige de seus praticantes, a totalidade de preparação para um confronto real! E porque luta esportiva e não barbárie? Porque possui regras internacionais, são realizados com equipamentos de proteção atlética, assistência médica de plantão, possuem rigorosas leis em suas práticas mundiais, os praticantes são atletas de altíssimos níveis, são profissionais remunerados, praticam o esporte por sua livre e espontânea vontade e há um código de moral e conduta, muito bem formulado (Comissão Atlética de Nevada), que obrigam o comportamento ético e cidadão do esportista de MMA. O MMA atingiu seu último estágio de desenvolvimento? A resposta é não! Todas as Lutas Esportivas, com o passar do tempo, sofreram uma grande evolução em sua regras, fundamentos e filosofia! O MMA, passa por este mesmo processo. As primeiras lutas eram chamadas de vale tudo, e eram quase isso mesmo... Hoje me dia, a realidade é bastante diferente! Ninguém é obrigado a gostar de MMA, mas deixem que os fãs e adeptos usufruam de um esporte, que é um confronto autorizado, que possui regras internacionais e mais cresce no mundo! Definição de Violência: Ação de causar danos físicos ou psicológicos a uma pessoa, sem sua autorização! No Confronto Autorizado (Lutas Esportivas), ambas as partes estão cientes do que se pode e não pode fazer (Regras!). Genoíno toma posse! Violência é o que nosso Congresso faz com os nossos eleitores, e ninguém reclama...

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