O sucesso delineado na expressiva adesão dos municípios ao programa ‘Mais Médicos' merece análise exaustiva. Talvez represente mais que um alívio pontual no cerco conservador anabolizado pelas manifestações de junho, cuja corrosão no apoio ao governo tem sido meticulosamente atualizada, em rodízio reiterativo, pelos institutos de pesquisa.
O programa lançado pelo ministério da Saúde, há menos de um mês, poderá inspirar uma bem-vinda reconciliação com a dimensão política da luta pelo desenvolvimento, esgarçada por um certo economicismo nos últimos anos.
Não se trata de desdenhar o que é fundamental: o planejamento público de longo prazo, algo de que tanto se ressente a economia brasileira. Mas não se pode reduzir um governo a um escritório de acompanhamento de projetos. Intuitivamente, o ‘Mais Médicos' ataca esses desvios. Seu desenho resgata um modelo de ação engajada cuja cepa remete às premissas da política de segurança alimentar, combate à fome e à miséria, lançada no início do governo Lula, em 2003. Atacar o emergencial e o estrutural, ao mesmo tempo e com igual intensidade, era o cerne da estratégia contra o que se tornou intolerável. Fixar prazos críveis e benefícios visíveis no horizonte imediato da população, um ingrediente mobilizador. Outro: estabelecer metas de apelo popular que colocavam sob pressão instancias políticas e administrativas, de cuja adesão dependia o sucesso da política.
O ‘Mais Médicos' foi lançado em oito de julho. Até 8 de agosto estará estruturado. Em 30 dias terá dado sinais concretos de uma mudança na vida de cidades e cidadãos até então condenados a uma combinação perversa de precariedade e incerteza no acesso a um serviço vital.
O governo não deve desperdiçar o potencial dessa experiência. E as lições que ela encerra para outras áreas. LEIA MAIS>>>
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