Se vivemos muitas vidas, uma delas não pude calçar sapatos.
Sou uma Imelda sem grana, a única coisa que tenho vontade de comprar aos montes são sapatos.
Amo sapatos. Todos: botas, com ou sem saltos, abertos, fechados, clássicos, coloridos, sóbrios, rasteirinhas, agulha, anabela....
Todos os lugares que estive na vida comprei ao menos uma rasteirinha.
A única coisa que reparo no vestuário das pessoas são sapatos e acho deselegante os homens que usam sapatos sem engraxar, sapatos surrados de terno para mim é uma visão de imenso desleixo...
Compro primeiro os sapatos para depois (e se) comprar uma roupa que orne com eles. Já vesti muita roupa que custou um quinto do que custaram os sapatos.
Evito loja de calçados, sempre faço um estrago no orçamento quando entro nelas. Tenho sapatos que nunca calcei e que paguei uma fortuna (e não são poucos) e sim eu me envergonho desse consumismo besta com sapatos, mas é inconsciente, quando vejo já cometi o absurdo....
A primeira coisa que um escravizado fugitivo fazia para se passar por livre era calçar sapatos. Se vivemos muitas vidas uma das minhas foi a de escravizada, isso deve explicar esta síndrome Imelda que me acomete a razão.
Coisas de mulher por Conceição Oliveira
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