O Vaticano anuncia para 27 de Abril de 2014 a canonização dos papas João 23 e João Paulo 2º.
A data de canonização foi escolhida por Francisco durante o consistório de cardeais - reunião para dar assistência ao papa em suas decisões -, realizado no Vaticano. A cerimônia deverá atrair milhares de peregrinos a Roma, já que o papa polonês e o antecessor italiano são duas das mais influentes personalidades do mundo católico atual.
"Fazer a cerimônia de canonização dos dois juntos é uma mensagem para a Igreja: esses dois são bons", declarou Francisco.
Para a canonização, a Igreja exige normalmente dois milagres confirmados, embora Francisco tenha aprovado a de João XXIII - com quem partilha uma perspetiva reformista - baseado em apenas um.
O primeiro milagre atribuído a João Paulo II, que ocupou o trono de Pedro de 1978 a 2005, teria ocorrido seis meses depois da morte, quando uma freira francesa disse ter sido curada da doença de Parkinson, por meio de orações feitas a ele. Karol Wojtyla foi beatificado em 1º de maio de 2011 por Bento XVI. João Paulo II beatificou João XXIII em 3 de setembro de 2000.
Francisco reconheceu um segundo milagre de João Paulo II, depois do parecer favorável da Congregação para as Causas dos Santos.
Em 2005, durante o funeral de João Paulo II, a multidão gritou várias vezes: "Santo Subito!" (Santo Já!), levando o Vaticano a acelerar os procedimentos necessários à canonização, que são iniciados, normalmente, cinco anos após a morte.
João XXIII ficou na história como o papa que promoveu o Concílio Vaticano 2º (1962-1965), revendo os rituais e doutrinas da Igreja, e defendeu a aproximação a outras religiões.
Muitos comparam o papa italiano, que morreu em 1963, com o atual líder da Igreja Católica pelas semelhantes atitudes pastorais: humildade, simplicidade e sentido de humor.
Francisco dispensou o reconhecimento de um segundo milagre para a canonização de João XXIII, também aprovada pela Congregação para as Causas dos Santos. Os participantes do Concílio Vaticano 2º, em 1965, já tinham pedido a canonização do papa, a quem pretendiam homenagear por conduzir a Igreja para tempos modernos.
O papa argentino também promete ser reformador, tendo já iniciado uma revisão da burocracia e das finanças do Vaticano, e defendendo uma "Igreja para os pobres".
Na terça-feira 1, Francisco iniciará três dias de conversações com um conselho de oito cardeais, que nomeou para ajudá-lo a repor a ordem na Cúria, a administração da Igreja atingida por vários escândalos, e melhorar a comunicação entre o Vaticano e as igrejas locais.
Especialistas em Vaticano disseram não ser evidente a divulgação de pormenores dos encontros, mas os católicos liberais esperam que o tom de conciliação, adotado por Francisco em muitas questões, se traduza em ações.
Essas questões poderão incluir o papel das mulheres na Igreja, o casamento de padres, a comunhão para os católicos divorciados e que voltaram a casar e a posição do Vaticano sobre a homossexualidade e o clero homossexual.
*Publicado originalmente na Agência Brasil
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