O antigo mecanismo de transmissão de mensagens e mobilização social não se comportou como de costume, mas o efeito do novo misturado com o antigo foi muito superior. Os Indignados (em grande parte classe média) tem se apoderado destas redes como o novo meio de comunicação e divulgação de ideias e atividades, enquanto desenvolvem uma atitude hostil em relação à boa parte da imprensa convencional, que acusam de, no mínimo, conivência com o poder econômico e político do qual emana a crise contemporânea. Historicamente, em cada grande mudança política importante, um meio novo de comunicação acompanhou e cresceu com a nova elite emergente que lutava para conseguir o poder. Sempre tinha um rádio, um jornal afinado com as massas reformistas ou revolucionárias. Hoje, esse papel é assumido apenas por alguns jornalistas individuais, pequenos meios digitais, redes de blogs ou até mesmo antigos e novos fóruns usados como trincheiras na preparação e discussão de estratégias políticas. As “cabeças” tradicionais estão, em grande parte, ausentes. Um problema inclusive de interlocução para o poder tradicional, que não sabe com quem falar, com quem pode negociar, a quem tem que subornar, já que não há líderes. As aristocracias políticas e financeiras estão inquietas. Anteriormente, uma ideia poderia ser transcrita com tinta e papel, ser titular, ou a capa de um manifesto; hoje se torna software, como parte de um novo mecanismo em que a comunidade é capaz de melhorar, mover e discutir com uma velocidade que surpreende. O papel do fórum da opinião pública e da democracia, está sendo retirado dos pseudo parlamentos experimentais e dos escaninhos de papel impresso, pelas novas elites conectadas que começam a se organizar e que levam para as ruas e para as redes a discussão política, em um novo espaço com enorme ressonância em “bits” e incompreendido pelas velhas elites, deslocadas por uma maré que em cada local adota uma cor e uma rede social. Políticos e jornalistas sentem-se deslocados em um mundo que não compreendem. Agora são as redes sociais, digitais, que cumprem a função que anteriormente cabia à imprensa. A opinião pública paira sobre eles, como se fossem uma corrente, um fluxo. E a mídia, sem negar o papel que segue desempenhando, observa como parte de sua posição social tem minguado, pois também está sendo deslocada. A imprensa passou anos debatendo qual seu novo modelo de negócio, inclusive alguns se atrevem a defender uma imprescindível transformação do produto além da metamorfose óbvia que a multimídia a obriga. E se a questão básica for que papel a sociedade exige dos meios de comunicação quando se irritam por eles estarem ausentes de suas mudanças, de suas vidas? Respondendo a esta última pergunta, certamente se responde a todos as outras feitas acima. Mario Tascón e Yolanda Quintana são autores do libro Ciberativismo: As Novas Revoluções das Multidões Conectadas
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