Os institutos Vox Populi e Datafolha realizaram pesquisas sobre a sucessão presidencial logo após o anúncio de que Marina Silva, que não conseguiu viabilizar a sua Rede Sustentabilidade, iria se aliar ao governador de Pernambuco e presidenciável do PSB, Eduardo Campos.
A expectativa era que a união de forças entre os dois produzisse profundas mudanças no quadro eleitoral de 2014 e abalasse o favoritismo da presidenta, Dilma Rousseff, na disputa pela reeleição. Mas, pelo contrário, as pesquisas mostraram que, mesmo com o novo cenário, Dilma segue como o nome mais forte para 2014 e venceria a eleição já no primeiro turno contra os adversários mais prováveis.
A euforia com o acordo PSB-Rede só serviu mesmo para contaminar ainda mais os comentaristas e colunistas alinhados às inclinações direitistas de seus patrões. Nas tendências do eleitorado, como mostrou primeiro o Datafolha, e, em seguida, o Vox Populi, a vantagem de Dilma não foi abalada.
De acordo com os dois levantamentos, a presidenta seria reeleita já no primeiro turno se disputasse a eleição contra Eduardo Campos e Aécio Neves, os mais prováveis candidatos do PSB e do PSDB. Na simulação do Vox Populi, neste cenário, Dilma tem 43% das intenções de voto, contra 20% de Aécio e 10% de Campos. A pesquisa do Datafolha aponta 42% para Dilma, 21% para Aécio e 15% para Campos.
A configuração cuja disputa se mostrou mais acirrada é justamente a menos provável, com Marina como a candidata do PSB e José Serra como o do PSDB. Ainda assim, de acordo com o Vox Populi, a presidenta aparece com uma vantagem consistente: 41% das intenções de voto, enquanto Marina tem 21%, e Serra, 19%.
Já o Datafolha trouxe números um pouco mais animadores para os possíveis adversários da presidenta: Dilma aparece com 37%, Marina, 28%, e Serra, 20%. Como se vê, a liderança de Dilma está sempre bem distante da margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, nas sondagens dos dois institutos.
Em um eventual segundo turno, Dilma venceria quaisquer adversários testados nas pesquisas. O Vox Populi mostra que, disputando com Aécio, a presidenta teria 47% dos votos, contra 27% do senador mineiro; com José Serra, ela também alcançaria 47%, contra 27% do tucano; com Marina Silva, Dilma conquistaria 46%, contra 31% da ex-senadora e com Eduardo Campos, Dilma Rousseff venceria com 48%, contra 23% do candidato do PSB.
O Datafolha também aponta vitória de Dilma em todas as simulações: contra Marina, ganha por 47% a 41%; contra Serra, por 51% a 33%; contra Aécio, 54% a 31% e contra Campos, 54% a 28%.
Os recortes da pesquisa Datafolha por renda, escolaridade e região também são favoráveis à presidenta. Seu desempenho entre os que ganham até dois salários mínimos varia, de acordo com o cenário, de 44% a 50%. É uma vantagem considerável.
A expectativa de que a aliança Marina-Campos representasse uma reviravolta na sucessão era uma das torcidas da oposição e da grande mídia. O eleitorado não tinha motivos para se entusiasmar com uma união tão disparatada e tão frouxamente amarrada, repleta de contradições.
Como a grande defensora do meio ambiente e crítica contundente do Código Florestal Marina Silva vai justificar sua filiação ao PSB, partido que se juntou à bancada ruralista na votação do Código? E quanto ao fato de o PSB ser mera linha auxiliar do PSDB em Estados importantes como São Paulo, Minas e Paraná?
Mais importante: como fica o discurso de Marina sobre os problemas dos partidos tradicionais (que por algum milagre estariam ausentes em sua Rede) agora que ela aderiu ao PSB, em uma decisão monocrática, sem consulta aos seus aliados e apoiadores?
Outro balde de água fria nos entusiastas da união PSB-Rede é a baixa capacidade de Marina de transferir votos para quem apoia (caso seu candidato seja Eduardo Campos), o que foi mensurado pelo Datafolha. Já o ex-presidente Lula é o campeão nesse critério: 38% dos entrevistados votariam em um candidato apoiado por ele.
Neste momento, a união entre Marina Silva e Eduardo Campos cria um ambiente novo, mas não altera o cenário de reeleição de Dilma. As pesquisas Vox Populi e Datafolha mostram que o lastro popular e social construído pelo PT desde 2003 é consistente e serve de amparo para a força da candidatura de Dilma.
Afinal, no frigir dos ovos, a decisão sobre o voto virá da comparação do povo entre o que vem sendo feito e o que promete a oposição.
José Dirceu
Desde já agradeço a todos que compartilharem a postagem. Obrigado!
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