O BRASIL E SUA PRIMAVERA
Depois de inverno mais rigoroso que de costume, a primavera explode nos ipês floridos que alegram a paisagem ressequida do cerrado e seus chapadões. Não há um recanto sequer no planalto central, seja em Goiás, em Minas Gerais, Tocantins ou nos dois Mato Grosso, em que essas belas árvores não se apresentem ao desfrute de nossos olhos com suas cores impressionantemente belas, vivas e brasileiríssimas. Pelas ruas e praças de Goiânia, colorindo a natural beleza de nossa moderna capital, elas anunciam num show de tons e formas a chegada da primavera e das chuvas, reconfirmando a beleza de nossa terra. Indo para minha Buriti Alegre, observo atentamente os ipês que desafiam as grandes plantações, surgindo entre elas num espetáculo onde a riqueza que brota da terra cede espaço à beleza e seu colorido. Soja e flores, milho e ipês, gado e sombra.
Como na natureza, obedecendo estrita ordem das estações, o Brasil também conheceu um recente e duro inverno. Foram os tempos infames do neoliberalismo econômico, do achatamento salarial, da criminalização da atividade política, da entrega à preço vil de nossas maiores empresas estatais, da humilhação aos aposentados (“vagabundos”, segundo FHC), do sucateamento da máquina pública, do empobrecimento da classe média, do desinvestimento em educação, do colapso da saúde, da fria e calculada desnacionalização de nossa indústria, do desemprego atingindo patamares inéditos... Tempos do PSDB, dos tucanos, do “estado mínimo”, da “mão invisível do mercado”. Tristes tempos de um inverno que nos castigou na alma.
Como nos ipês que deslumbram a paisagem, o Brasil vive sua primavera. Não que ela tenha chegado sem seus pesados custos, sem os que tombaram pelos caminhos da luta, sem a despolitização do debate político em favor do terror midiático, dos julgamentos medievais ou da calúnia pura e simples. Não. Alcançamos os elevados IDH e IDHM, além de outros importantíssimos indicadores sociais e econômicos que comprovam a existência de um “outro” Brasil, um Brasil mais justo, mais solidário, muito mais dos brasileiros. Ele é um novíssimo país, segundo organismos internacionais insuspeitos como a ONU, a OMS, a UNESCO, a OIT, etc, etc... Os mesmos organismos que alertaram e comprovaram nossa quebra e desmoralização nos anos infames de FHC e do tucanato.
Mas que país é esse? E só isso nos basta? Já fizemos tudo o que era necessário?
As mudanças profundas pelas quais passou o Brasil na última década, ainda que inovadoras, audaciosas, radicais e beneficamente transformadoras, ainda não nos bastam. Há muito a ser feito. Em 2003, ao iniciar o ciclo virtuoso em que vive o Brasil, o presidente Lula encontrou um país destroçado internamente, com sua economia estagnada, o desemprego galopante levava o terror econômico e o desamparo social à vida dos trabalhadores e suas famílias. Tudo isso coroado pelo inacreditável descrédito internacional em que nos víamos mergulhados, depois de três quebradeiras durante os dois mandatos do imortal Fernando Henrique, o “Príncipe da Privataria” segundo o best-seller do consagrado jornalista Palmério Dória. Só existia uma coisa maior que o estupor que nos causava a real situação do país: a certeza absoluta de que Lula, o PT e os partidos da base aliada conseguiriam responder à confiança recebida de forma consagradora nas urnas em 2002. E estávamos certos.
Hoje, uma década depois, após dois profícuos mandatos de um Estadista como Luiz Inácio Lula da Silva, e sob o comando clarividente da corajosa e competente companheira Dilma Rousseff, podemos dizer que estamos resgatando a imensa dívida social, econômica e institucional que recebemos. Temos a certeza do dever que se cumpre a cada dia, a cada momento, a cada ação afirmativa de nossos compromissos com a população e o futuro do Brasil.
Enganam-se redondamente os que pensam que o Pro-Uni, o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Mais Médicos, são siglas vazias ou apelos clientelistas. O sucesso de cada um dos programas sociais implementados por Lula e Dilma é fato irretorquível, exposto à luz da verdade e sustentado por amplo apoio popular. Cada um deles exerce papel fundamental em suas áreas: educação, saúde, habitação, alimentação e assim por diante. Além de atenderem dezenas de milhões de brasileiros, tais programas mudaram em muito a face cruel de um país que é mais justo e mais nosso a cada novo dia, a cada nova primavera.
Nós, os milhões de brasileiros que elegemos e apoiamos Lula e Dilma, desafiamos o conformismo, o preconceito, a desinformação, a má-fé, o segregacionismo da elite tupiniquim, o claro compromisso de nossos adversários com o projeto excludente de um país para muito poucos. Com nossa saudável teimosia referendada nas urnas a cada nova eleição, a cada novo embate com as forças do atraso, a cada desafio que enfrentamos (e vencemos!), estamos mudando um país grande para que seja uma grande Nação.
No inverno que passou, pior que as injustiças que se cometeram, foi a constatação impressionante de que nossos adversários, incrustrados na mídia, no judiciário, no legislativo, no seio da elite reacionária que está perdendo o bonde da história, foi a constatação de que eles não tem um projeto alternativo de poder. Sequer tem candidatos competitivos para as eleições presidenciais de 2014. Nossos adversários nada oferecem ao Brasil, além do pasmo e do ódio diante do ocaso cinzento e invernal de um Brasil mesquinho que lhes é grato, mas que nós o revogamos a cada nova eleição, a cada novo dia, a cada nova luta. Eles perderam.
A primavera que chega, não sem as marcas do inverno (e elas fazem parte da luta, por que não?), é o retrato de um país bastante melhor, que demandará – ainda e por muito tempo – nosso combate incessante contra o medo, a desesperança, a desinformação e o preconceito. Venceremos.
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