Na maior parte das vezes, trata-se de alguém que, na falta de resultados concretos para apresentar, é obrigado a usar invenções de marqueteiros para maquiar incompetências e falhas administrativas.
É o caso dos choques de gestão tucanos, que, na verdade, só existem como ações de marketing. Na prática, é apenas uma expressão vazia, usada para maquiar a velha política, tão comum à nossa direita neoliberal, de redução dos investimentos públicos e de demissão de funcionários.
O resultado foi catastrófico em todos os locais onde a tal prática foi aplicada, como no Rio Grande do Sul, no governo de Yeda Crusius, e em Minas Gerais, nos governos de Aécio Neves e do atual governador Antonio Anastasia.
Sim, o choque de gestão do pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, grande crítico da atuação do PT no governo federal, é um engodo. O jornal mineiro "Hoje em Dia" destacou, no último dia 4, que, em dez anos, o Estado de Minas Gerais contraiu dívidas de R$ 19 bilhões.
Ou seja: sob a justificativa de enxugar a máquina pública, foram cortados gastos e investimentos e funcionários públicos perderam o emprego. Isso de fato ocorreu, com terríveis consequências econômicas e sociais. Mas, ainda assim, a tal maior eficiência do Estado continua uma ilustre desconhecida para os mineiros.
Segundo o "Hoje em Dia", o governo de Minas pediu à Assembleia Legislativa, nos últimos dez anos, autorização para contrair R$ 19 bilhões em empréstimos com bancos privados e instituições de fomento.
Com isso, Minas já deve R$ 79 bilhões e é o segundo Estado mais endividado do Brasil, atrás apenas de São Paulo (administrado pelo PSDB há 20 anos).
O PSDB controla o governo de Minas desde 2003, primeiro com Aécio e agora com Anastasia. O resultado negativo foi escancarado também em uma reportagem de outubro da Folha de S.Paulo, que normalmente costuma ser muito tolerante com os erros das administrações tucanas. "Economia fraca arranha vitrine de Aécio em Minas" era o título do texto.
A reportagem mostrava que, no segundo trimestre deste ano (o dado mais recente disponível), houve retração de 0,1% na economia mineira. No mesmo período, o PIB nacional cresceu 1,5%, apesar da situação externa desfavorável -- um bom resultado, portanto, mas que Aécio chamou de "pibinho".
No acumulado do primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2012, a economia de Minas cresceu apenas 0,8%, enquanto a do Brasil aumentou 2,6%.
A Bahia, administrada pelo petista Jaques Wagner, cresceu 3,3% no primeiro semestre de 2013, sendo um dos Estados a puxar o crescimento nacional.
Aécio já está repleto de problemas para viabilizar sua candidatura à Presidência da República, como, por exemplo, a inconsistência de alianças e a concorrência interna do candidato tucano a presidente em 2010, o ex-governador paulista José Serra, que está se movimentando pelo país e articulando sua pré-campanha com mais desenvoltura que o rival mineiro.
Mas o problema mais grave do senador é a falta de discurso. A presidenta, Dilma Rousseff, é líder em todas as pesquisas de intenção de voto e tem sua popularidade ancorada numa administração que, de fato, atende as necessidades do povo e trabalha para um crescimento econômico sustentável. Aécio não tem como atacá-la de frente.
Mais difícil ainda, para ele, é a falta de resultados para tentar uma comparação que lhe favoreça. Dificilmente, ele irá resgatar o governo medíocre, para dizer o mínimo, de seu correligionário Fernando Henrique Cardoso e compará-lo com o Brasil de avanços incontestáveis realizados por Lula e Dilma. Pior para ele se tentar usar o discurso do "choque de gestão".
O golpe de marketing, como se vê, já foi desmascarado em Minas. Os sucessivos fracassos das gestões tucanas, principalmente, nas áreas mais sensíveis para a população -- Saúde, Educação e segurança pública -- revelam, sobretudo, um "choque" de má administração e descaso para com os interesses da maioria.
José Dirceu
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