“(..).Essa revolução contínua da produção. Esse abalo constante, essa falta de segurança, distinguem a época burguesa de todas as precedentes.Tudo o que é sagrado é profanado,tudo o que é cristalizado com seu cortejo e ideias veneradas, tudo o que é sólido e estável evapora-se continuamente.” K.Marx.
Entramos numa nova fase do capitalismo, onde é necessário derrubar todas as barreiras geográficas e enfraquecer os Estados Nacionais, originariamente criados pela burguesia em ascensão desde os fins da Idade média. As elites capitalistas em expansão pelo mundo, necessitam disso.
As mesmas mãos que levantaram as grandes pilastras do moderno Estado Nacional, são as mesmas que vão derrubá-lo agora. Aquilo que foi erigido pelos grandes filósofos, incentivados pela burguesia em ascensão, criaram o Estado Nacional burguês no passado, mas hoje ele está com os seus dias contados.
Um Estado convenientemente erigido, com três poderes separados e distintos, para que o rei ou governante não pudesse ter o poder total em suas mãos e as elites pudessem intervir em qualquer um deles.
Com leis firmadas em uma carta magna, com justiça para resolver conflitos, com acordos para gerar consensos. Um Estado nacional organizado, com linhas geográficas firmemente traçadas, com uma língua nacional para homogenizar a cultura. Com um exército nacional e uma polícia, colocando “ordem” entre os conflitos de classe gerados pelo capital. Tudo isso, está em via de acabar, pois lentamente sem que nos déssemos conta, o capital internacional se introduziu via multinacionais, de forma massiva e contundente, enfraquecendo os poderes locais do Estado.
Um exército de adeptos se enfileiram e batem continência a esse novo poder. Um poder global, sem fronteiras, com uma única língua, uma só cultura, uma só religião. A democracia que até agora, serviu de instrumento para que o capital fosse estendido por todo o globo, agora não é mais necessária. A grande boca da mídia, apela aos governos de todo mundo que desativem suas polícias, seus exércitos ao mesmo tempo em que insuflam nos bastidores disputas entre o povo de toda ordem a tomar as ruas.
Entretidos pelo reality show que toma de assalto todos os setores da vida cotidiana, inclusive aqueles restritos a justiça, são televisionados e com torcidas organizadas a exigir justiça, esses escondem os reais interesses em questão, pois, as fronteiras delimitadas pela geografia e pela política, são agora os maiores entraves para o levantamento da viga mestra dessa nova ordem mundial, que se impõe pela violência, seja dos povos a culpar o Estado Nacional de todas as mazelas, seja através da orquestração de golpes mercenários.
A extinção da PM, tem um viés de mão dupla, se por um lado pode utopicamente ser humanizada, por outro, pode atar as mãos do Estado para liberar o espaço para as milícias fascistas. Vejam que na Ucrânia, a primeira atitude do presidente interino, foi extinguir a tropa de choque, agora só os fascistas do Svoboda e os neonazistas tem tropa de choque, enquanto a população está desarmada.
A ONU dá conselho aos governos, que eles suportem as manifestações, pois todos tem o direto de protestar, inclusive os fascistas, que os Estados repensem o poder de força que possuem.
Longe de defender as manobras do capital, da atuação da força bruta militar e policial, preocupa-nos o concerto de vozes vindas de um mesmo maestro e cujo coro de vozes vão da ultra-direita à suposta ultra-esquerda, pois não podemos entender que sendo esquerda, ela cante no mesmo tom da direita.
Os jovens foram escolhidos para esse último trabalho essencial e urgente da renovação do capitalismo, pois são mais maleáveis a tudo que é novo e não possuem a experiência do passado. Todos numa só voz, “não acredito mais em Estado”, “não acreditamos mais em nação”, “em pátria”,”em democracia e em justiça”. “Desculpem-nos o transtorno, precisamos destruir tudo o que foi construído, estamos mudando o país”.
O novo que quer nascer, precisa matar o velho. Presumo que veremos pela frente ditaduras formidáveis, pois, o velho pode se vestir de novo com máscaras atraentes para enganar e justamente para continuar existindo.
Por Mara Rocha no Facebook