O mininistro do STF adia o fim das "doações" de campanha eleitoral por empresas
Quando o Supremo Tribunal Federal caminhava para proibir as contribuições eleitorais de empresas, o ministro Gilmar Mendes deu um golpe: pediu vistas do processo, o que deve adiar a conclusão do julgamento até ao menos uma data apropriadapara impedir a entrada em vigor imediata das novas regras. O STF analisava uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil que barra as doações das companhias, mas permite aquela de indivíduos até o limite hoje equivalente a um salário mínimo.
Mendes age partidariamente, baseado em premissas falsas. Quem é contra proibir as doações empresariais teme o fortalecimento do PT, partido com maior poder de mobilizaçãosocial, em tese, portanto, mais preparado para obter contribuições individuais de militantes. Por esse mesmo raciocínio, os principais beneficiados seriam os candidatos evangélicos (ninguém, digamos, tem eleitores tão “fiéis”).
O efeito do poder econômico sobre a democracia é visível, não apenas na captura dos agentes públicos por interesses privados. O número de empresários e ruralistas no poder está em ascensão, resultado de campanhas eleitorais cada vez mais caras. O custo para eleger um presidente da República nas próximas eleições deve beirar 200 milhões de reais.
Sem as doações privadas, as campanhas teriam de se tornar mais simples. Isso levaria os candidatos a precisar de menos forma(marqueteiros) e mais conteúdo (assessores políticos). A maioria dos eleitores ignora, mas as eleições já consomem um caminhãode verbas públicas. Há o repasse do fundo partidário e a isenção fiscal para tevês e rádios transmitirem o horário eleitoral erroneamente chamado de gratuito (só essa brincadeira custa cerca de 1 bilhão de reais, dinheiro retirado do seu, do meu, do nosso bolso).
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