Imprensa e eleição no Brasil

A imprensa brasileira já foi poderosa o suficiente para ungir candidatos e derrubar presidentes. O caso Collor é exemplar. Sua imagem nacional foi criada pela Rede Globo. Eleito apesar de disputar as eleições como um azarão sem partido, Collor foi eleito e depois derrubado da presidência com ajuda da mesma.
FHC também foi construído presidente pela imprensa. Apesar de não ter elaborado o Plano Real ele entrou para a história eleitoral como o pai do conjunto de medidas econômicas concebidas por outros a mando de Itamar Franco (este sim, o verdadeiro pai do plano de estabilização monetária).
O tempo passou e o país mudou e o poder da imprensa declinou. Nas últimas três eleições presidenciais a mídia não conseguiu eleger seu candidato. Lula foi eleito duas vezes apesar dos ataques da imprensa. Dilma também foi eleita e será reeleita apesar da evidente predileção da imprensa por candidatos tucanos.
O que mais chama a atenção neste processo de corrosão do poder da imprensa não é o partidarismo da mesma. A imprensa no Brasil sempre foi partidarizada, mesmo quando procuram esconder suas preferências sob o manto da objetividade e da isenção os jornalistas brasileiros sempre foram canalhas o suficiente (e mal intencionados também) para expor suas preferências. O que me deixa intrigado neste momento não é o partidarismo da imprensa, mas a estupidez dos jornalistas. Apesar de três evidentes derrotas eleitorais eles não perceberam que se tornaram incapazes de eleger o presidente do país.
Nas últimos semanas os jornalistas bombardearam Dilma Rousseff de maneira intensa e malvada. E mesmo assim (ou justamente por causa disto), a candidata do PT cresceu nas pesquisas. Ela tem mais intenções de voto do que seus dois principais concorrentes e isto deveria fazer os jornalistas perceberem sua impotência política e eleitoral. Mas não é isto o que tem ocorrido. Na verdade, facilmente se percebe que ocorre exatamente o oposto. Hoje os telejornais praticamente comemoraram o péssimo desempenho eleitoral dos pangarés da oposição. Isto não vai mudar a tendencia da eleição. Muito pelo contrário, talvez aprofunde a distância entre os candidatos da oposição e a realidade.
A imprensa não é capaz de vencer eleições, mas é capaz de enterrar seus preferidos. Nas últimas três eleições ela fez isto criando nos candidatos da oposição a ilusão de vitória garantida em razão do apoio dos jornalistas. Esta suposta vantagem, porém, não tem se traduzido em votos no passado e nada indica que isto mudará na próxima eleição. A realidade não é igual à sua representação (Sócrates já sabia disto no século IV aC). No limite uma falsa representação da realidade só tem o poder de causar frustração naqueles que a alimentam. E é exatamente isto o que tem ocorrido com a oposição em razão de seus candidatos alimentarem a auto-ilusão que oblitera o raciocínio dos mídia brasileiros.
As coisas chegaram a um ponto no Brasil que é fácil identificar o candidato presidencial mais fadado à derrota: basta ver quem os jornalistas estão apoiando. O resultado é previsível, pois o povo não votará nele (por mais que ele mesmo acredite que tem condições de vencer em razão do apoio midiático isto não se traduz em fato). É por isto que, apesar de ficar cutucando jornalistas tucanos por causa de suas evidentes manipulações partidárias, no fundo adoro ver os mesmos atacando o PT e apoiando o PSDB. Quando eles começarem a apoiar abertamente o PT a derrota do partido será mais do que certa.

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