Carros que dirigem sozinhos já são uma realidade. E o Google, uma das empresas pioneiras no setor, anunciou há poucas semanas novidades do sistema que vai equipar alguns modelos de veículos autônomos. No entanto, muita gente ainda duvida de que é possível trafegar por ruas e avenidas movimentadas sem tocar no volante. Afinal, os automóveis que dispensam motoristas são realmente seguros?
Para mostrar o andamento do projeto, a gigante das buscas convidou alguns jornalistas de sites especializados para participar de testes de viagem com os carros autônomos. E a experiência parece ter sido bastante promissora, já que as máquinas agora estão muito mais inteligentes e aprimoradas. Os testes aconteceram nesta semana no Museu da História do Computador, perto da sede da empresa, em Mountain View, na Califórnia (EUA).
Brian Womack, repórter da Bloomberg, diz que a primeira coisa que notou ao entrar no veículo foi um grande botão vermelho entre os dois bancos dianteiros. Esse botão é o "liga/desliga" do sistema, que transforma o carro autônomo em um automóvel comum ou vice-versa. Contudo, o que mais chamou atenção do jornalista foi a precisão no tempo de resposta do veículo. "Para minha surpresa, não houve nenhum movimento brusco. Se o carro precisava mudar de faixa ou fazer curvas, ele as fazia no tempo certo e na quantidade exata de aceleração", comenta.
Womack afirma que, assim como um motorista humano, o carro teve a cautela de acelerar na medida certa até parar atrás de um outro carro, com o semáforo vermelho. Outro detalhe importante e comentado pelo Google há algumas semanas é a identificação de inúmeros objetos no tráfego. "Depois de voltar para Shoreline Boulevard, uma das principais ruas da região [de Mountain View], o automóvel seguiu outros veículos a uma distância mais normal. E reduziu a velocidade quando chegou perto de um ciclista à direita, antes de fazer uma manobra para se afastar dele", disse Womack. Ao final dos testes, o repórter conclui que "os humanos poderiam aprender uma coisa ou duas com a tecnologia".
O carro do Google também funciona como um automóvel comum. Entre os bancos dianteiros, o botão vermelho de "liga/desliga" (Foto: The Verge)
Assim como Womack, Liz Ganner, do site Re/code, reforça que a segurança é um fator decisivo e que chama a atenção nos carros autônomos do Google. "Do meu ponto de vista, no banco de trás, eu não me sentia nada insegura. O veículo freou para pedestres, fez uma pausa ao se aproximar de uma curva para ver se o semáforo à frente estava verde ou vermelho e desviou quando percebeu que um ônibus poderia ter entrado [de forma brusca] na nossa pista", disse.
Ganner acredita que o sistema automotivo é algo promissor, mas que ainda vai demorar alguns anos para vermos essa tecnologia circulando de maneira comercial. Um dos problemas é que os automóveis enfrentam dificuldades para se adaptar a mudanças climáticas, principalmente na chuva. Isso sem contar que os testes foram realizados apenas em vias não tão movimentadas quando comparadas ao trânsito de grandes metrópoles, como Tóquio e Nova York. Ou seja, ainda tem muito caminho pela frente até que o carro consiga distinguir e responder de forma imediata a todos os tipos de condições.
Casei Newton, do The Verge, também experimentou o carro que dirige sozinho. "À medida que começamos o trajeto, fiquei impressionado em como foi comum estar ali [dentro do veículo]. O carro faz curvas e muda de faixas com a mesma suavidade e precisão do meu instrutor de condução da auto-escola. Do banco de trás, você só percebe que um computador está dirigindo porque o volante do automóvel gira sem precisar das mãos do motorista: gira para a esquerda e direita de forma independente, como se fosse um passeio na Disneylândia", brinca Newton.
Várias câmeras foram instaladas por todo o carro para identificar objetos na estrada. Uma delas fica na parte superior, do lado de fora, mas existe uma na parte interior e outra na parte dianteira (Foto: The Verge)
Desde agosto de 2012, os carros do Google rodaram 1,1 milhão de quilômetros pelas vias de Mountain View, nas quais se submeteram a diferentes situações, regras e objetos que se movimentam nas estradas e podem influenciar na condução do automóvel. Entre os principais avanços, o sistema do veículo agora identifica simultaneamente elementos presentes diariamente no trânsito, como pedestres, ônibus, semáforos, guardas de sinalização, gestos de ciclistas e lombadas.
Mesmo sem detalhar como funciona o sistema – sabe-se apenas que são dezenas de sensores, lasers e radares dentro do próprio veículo –, os engenheiros do Google explicam que a plataforma inteligente consegue processar muito mais informações ao mesmo tempo do que motoristas humanos, o que garante atenção e segurança durante todo o percurso, evitando batidas e outros acidentes.
Apesar dos testes serem bem sucedidos, o próprio Google afirma que ainda há muito o que fazer antes de colocar um carro autônomo para circular em ruas e avenidas. Mas a companhia está confiante em levar essa tecnologia ao dia a dia das pessoas, principalmente para evitar acidentes. Segundo peritos contratados pelo Google, estima-se que 90% dos acidentes de trânsito são causados pelos próprios condutores humanos, influenciados por álcool, drogas e distrações, como utilizar o smartphone enquanto dirige.
Ainda não há uma data específica para que os carros sem motorista do Google cheguem às ruas. De acordo com o cofundador da empresa, Sergey Brin, a expectativa é que isso aconteça a partir de 2017.
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