o Brito
Cadê o caos?
Cadê o fracasso, a incompetência, a incapacidade brasileira de fazer o maior evento esportivo do mundo, ao lado das Olimpíadas?
Pergunte, pergunte isso a todos.
Algumas pessoas reagirão com espanto.
“É, falaram tanto que ia ser um desastre”.
Outras, empedernidas, vão gaguejar “é, mas”, “ah, mas” e outras rabugices do gênero.
Tentaram de tudo para tirar do povo brasileiro uma grande alegria.
Cobraram hospitais, escolas, tudo o que jamais lhe deram, nas décadas e séculos em que, quase ininterruptamente, estiveram no poder.
Tudo era mal-feito, atrasado, desajeitado.
O Brasil era uma vergonha.
E, não obstante, o Brasil hoje é uma festa.
Com direito a brincadeira, protesto, risada, unhas roídas, vaia, aplauso, tudo o que a diversidade humana tem guardado e se solta nas horas de festa.
Que é, na frase genial de Leonardo Boff, o tempo forte da vida, onde os homens dizem sim a todas as coisas.
Em que nos aceitamos, nos irmanamos, nos soltamos para sermos todos os defeitos e qualidade que trazemos em nós.
A direita, meus irmãos, é um bicho gordo e triste.
Sua alegria é só a dos camarotes, de seu mundinho privado e privilegiado.
A alegria do povo, como a encarnou Mané Garrincha, é desarrumada, tem as pernas tortas, toma umas e outras e mais outras ainda e muitas vezes não sabe arrumar direitinho as palavras.
Mas é genial, indomável, transbordante e linda, como a destas crianças cariocas que o fotógrafo Yasuyoshi Chiba, da France Press, teve a delicadeza de captar.
Só quem não ama as pessoas pode olhar para elas sem se emocionar.
Tivemos de suportar meses e meses de tristeza e do coro dominante da tristeza.
Mas agora a alegria vai inundar tudo isso.
E o povo brasileiro estará feliz, feliz como queremos que viva todos os dias, todos os anos, todos os séculos.
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