Pressuponho que todos os leitores entendam que belezas não são excludentes. Beleza física e intelectual não são opostas e tratá-las de maneira antagônica é uma resolução equivocada, fruto da falta de reflexão sobre o assunto.
É um pouco como no futebol: defensores e atacantes têm funções totalmente diferentes em campo, mas isso não os impossibilita de jogarem juntos (pelo contrário). A diferença aqui é complementar e não restritiva.
Obs: a metáfora acima não funciona se aplicada à Laranja Mecânica original, ou talvez tenha nela sua melhor exemplificação, analise você.
E lá vamos nós, enfim, começar este texto:
Quais ações fazemos quando queremos nos tornar mais atraentes esteticamente?
Começamos uma academia, compramos roupas bacanas que combinam com nossa personalidade, ficamos de olho na alimentação, enfim, tomamos várias medidas que visam melhorar o indivíduo de forma destacada do ambiente.
Porém, por mais que nos aprofundemos no entendimento destas melhorias, ao explorarmos somente as mudanças de fisicalidades, deixamos de lado uma parte importante do processo de melhoria estética.
O que estamos esquecendo?
Para tornar algo mais belo, o primeiro passo é entender que a beleza não pode ser contida em um recipiente isolado. Ela sempre será o coeficiente entre objeto, espectador e ambiente.
Portanto, a escolha das melhores combinações de roupas, a obtenção dos músculos mais harmoniosos e o bronzeado mais sadio são fatores que contribuem, sim, para que você aperfeiçoe a percepção que as pessoas têm ao olharem para sua imagem, mas dificilmente serão alterações que melhorarão sua relação estética com o ambiente físico em que você se encontra.
Vamos utilizar um exemplo simples pra tornar a coisa toda mais tangível.
Imagine o rosto da Monica Bellucci. Sim, ela mesma, a mulher mais bonita do mundo depois da minha namorada. Eis aqui seu rosto em uma condição ideal de iluminação:
Agora veja seu rosto recebendo a luz de maneira diferente. É possível notar as marcas no seu pescoço e também bolsas indesejadas debaixo dos olhos:
Agora veremos como o rosto de nossa querida Monica reage em um local mais escuro:
Como pode ver, mesmo as formas mais belas tem seu status alterado pelo ambiente. Nada é inerentemente bonito ou feio. Até mesmo a inenarrável Monica se torna uma mulher comum na penumbra, ou você consegue notar somente por esta foto a beleza absurda que esta mulher tem?
Neste exemplo, o fator ambiente foi representado pela luz, mas ele pode ocorrer também de diversas outras maneiras, inclusive com a interação entre um indivíduo e outro.
Toda essa explicação tem por objetivo fazer com que você não se torne um mero mimetizador das dicas que vem a seguir. Somente o entendimento do objeto pode torná-lo passível de uma modificação consistente.
Agora que você, nobre amigo, já está inserido no assunto, é hora de apresentarmos 10 dicas que irão melhorar muito a maneira como sua imagem é transmitida para outras pessoas.
10. Pescoço torto para o lado (ou “pare de tirar fotos como um ganso”)
Existem muitas maneiras de demonstrar amor por uma pessoa e, acredite, seu pescoço não deve ser uma delas.
Comece a reparar em suas fotos. Dificilmente as melhores serão aquelas em que você tenta se aproximar da pessoa ao seu lado com o pescoço. Esse ato desequilibra a harmonia entre cabeça e tronco.
Não se engane pensando que a ação é fruto da busca de algum enquadramento de câmera (ah não ser que você seja algum fã da Avril Lavigne). Na verdade, este movimento é uma reação de carinho. Tentamos demonstrar nosso afeto por meio da aproximação física, mas confie em mim, se você parar de fazer isso nas fotos, seu amor não irá diminuir e você sairá muito melhor nos retratos com entes queridos.
09. Pescoço para baixo (ou “esse puto hiperativo!”)
Quando estiver em uma conversa direta com alguém menor que você, utilize os olhos para olhar para a pessoa e não o pescoço.
Curvar a cabeça para baixo em direção a alguém de menor estatura faz seu pescoço parecer mais fino aos olhos do interlocutor e, ao redor, a sensação é de você ser um pouco corcunda.
Caso a pessoa seja mais alta, o problema se resolve automaticamente, pois rotacionar seu pescoço para cima o torna visualmente mais grosso para o interlocutor e quem vê de longe terá a sensação você ter boa postura.
08. Mastigação (ou “leões mastigam, vacas ruminam”)
Esse item passa batido pela maioria, mas tenha fé amigo, inconscientemente ele faz a diferença.
Algumas pessoas mastigam de maneira lenta e tediosa, pegam pequenos pedacinhos e levam horas para torná-los, cada um, a inexistência de sua centésima parte decimal. Este ato muito provavelmente não diz nada sobre a personalidade do mastigador, mas imageticamente é uma imagem que carece de força e virilidade.
Os grandes atores parecem saber muito bem dessa informação e tratam de mastigar sempre com a mesma intensidade que predadores dilaceram suas vítimas. Você notará que os astros do cinema que são reconhecidos por serem extremamente viris utilizam este recurso para acentuar esta qualidade, são vistos constantemente (nas telas e fora delas) estraçalhando pedaços fartos de comida fazendo movimentos bruscos e alongados de mandíbula.
07. Sorriso (ou “quem é você na cena: o palhaço assassino?”)
Não me entenda mal. Sorrir é fundamental e eu mesmo sou considerado uma pessoa bastante simpática pelos que me conhecem pessoalmente. Mas existe uma diferença muito grande entre ser simpático e precisar sorrir freneticamente e o tempo todo.
Pense bem, você deve conhecer uma pessoa assim. Aliás, alguns vendedores costumam reagir desta maneira por falta de treinamento adequado.
Você sorri. A pessoa sorri. Legal.
Você faz uma pergunta. A pessoa sorri. Hum… ok.
Você conta que está com febre. A pessoa sorri. Cara, meu deus.
Você fala que estava no enterro da sua avó e ela continua ali, prestando atenção com aquele sorrisinho dos infernos, como se, no fim, você fosse dizer: “aí ela se levantou e falou assim: Pegadinha do Malaaaandro!!!”
Ah, irmão, por favor, não seja esta pessoa!
Tenha timing. Seja um cara legal, distribua sorrisos quando eles realmente acontecerem e não como se fossem necessários para sua respiração.
06. Cumprimento (ou “Aperto de mão de fada”)
Criados como bons homens, fomos instruídos a sermos gentis e educados com as pessoas. Em especial, com as mulheres. Foram ensinamentos muito importantes, porém, em alguns momentos, eles criaram distorções bem grandes.
Na ânsia de um tratamento correto, muitos homens falham justamente no aperto de mão, início de uma apresentação a uma garota.
É claro que você não precisa esmagar a mão de ninguém, mas também não se deve exagerar na delicadeza e dar aquele aperto de mão frouxo. O ideal aqui seja o mesmo que na vida, tratamento igualitário.
Aperto de mãos é pra ter vigor, seja em homem ou em mulher. Nada de exageros, apenas se faça perceber, afinal, mão de alface não ganha jogo.
5. Postura de musculoso (ou “e aí, ficou forte ou foi o sovaco que assou?”)
Muitos homens levam a academia a sério, mas boa parcela dos que conseguem tal feito sofrem o efeito colateral do “braço assado”.
Você sabe do que estou falando, aquele braço distante do tronco, semi flexionados mesmo quando estão relaxados, insistentes em ficarem repuxados para cima.
Este tipo de postura dá a impressão de artificialidade — por não ser uma posição natural ao corpo — e torna quem a estiver fazendo pouco gracioso de movimentos.
Os motivos vão desde o aumento excessivo da musculatura da asa (dorsal) e do tríceps, até o simples mimetismo fruto da convivência constante.
Já os braços semi flexionados podem se originar de uma carga de exercícios que seu corpo (o bíceps, neste caso) ainda não está acostumado e, por isso, também é possível encontrar caras bem magrelos começando a academia e já com braços semi flexionados no primeiro mês de treino.
A solução para reduzir a distancia entre braços e tronco de caras que não são super musculosos é simples. Apenas comece a adquirir o costume de fechar mais os braços quando estiver relaxado ou andando.
Fim.
Já se o incômodo vem dos braços semi flexionados, fique tranquilo. Se for um iniciante na prática da musculação, logo mais eles estarão mais relaxados, mas caso já seja um praticante com tempo de estrada, opte por alongamentos bem feitos após os treinos e ao longo do dia (funcionou comigo, embora eu seja um praticante inconstante).
Já os caras super musculosos, bem, acredito que eles estejam contentes como estão, então é isso aí, viva e deixe viver.
4. Feições ao sol (ou “tá sol ou tá engraçado?”)
Como citado lá no começo do post, a relação entre luz e volume interfere muito em nossos rostos. Até sua própria intensidade pode nos fazer mudar de expressão e isso, às vezes, pode não funcionar tão bem.
A próxima vez que conversar com pessoas em um lugar aberto, em dia de sol, repare se algum deles não faz uma certa careta ao falar, algo muito próximo a um sorriso sofrido. Aliás, repare se você mesmo não o faz.
Vá por mim amigo, essa é uma expressão nem um pouco atraente.
Para evitá-la duas soluções ligeiras:
1. use óculos escuros. Escolha um que combine com o estilo de sua roupa. Não adianta nada evitar a careta, mas vestir óculos de surfista acompanhado de terno e gravata tradicionais.
2. diminua a quantidade de luz que seus olhos recebem simplesmente fechando mais os olhos. Tenha controle facial e apenas impeça que suas bochechas subam e abram sua boca. Se bem treinada, esta expressão funciona muito bem, pois dá a impressão que seus olhos se assemelham aos de um predador (e predadores são legais), vide Clint Eastwood.
3. Aproveite a luz (ou “o galã do halloween”)
A noite tá fervendo e você já encontrou a dona da sua atenção. Apreensão gostosa essa, hora de falar com ela e colocar para fora o Antonio Banderas que há em você. Está na hora de seduzir, fera. Mas antes, você reparou na iluminação?
Quê?
Isso mesmo. Na hora que estiver falando com ela, onde está o foco principal de luz? Lembre-se que, se até nossa musa, Monica, se torna uma mera mortal quando mal iluminada, o que diremos de você, galã maltrapilho?
Aumente suas chances entendendo que, a menos que estejam tocando na sua face, seu rosto é só o que a luz diz que ele é.
O pior cenário é se a luz estiver vindo exatamente de cima, daí é provável que você esteja com o mesmo sex appeal existente em uma máscara do Pânico.
Já se a luz vier na diagonal (seu rosto em ¾), você pode dar a sorte de ganhar um volume que não te prejudique ou, então, o mais provável, ficar com o rosto menos simétrico e, portanto, menos atraente.
Nesse caso, o ideal é seguir o conselho Poltergeist: “venha para a luz…”
Este é um truque sabido pela maioria das modelos fotográficas. Seu rosto deve procurar a luz. Quanto mais luz, maior a chance de uma face homogênea e que interaja bem com o ambiente fechado.
Caso as circunstancias não permitam que fique de frente, faça o oposto. Ao dar as costas para a principal fonte de luz, seu rosto pode estar escuro, mas estará escurecido por igual, aumentando as chances da harmonia ser encontrada nessa sua bela fuça.
2. Olhar (ou “o Hipnotizador da sedução”)
Desde criança a gente ouvia: “olha pra mim quando eu falar com você.”
Então crescemos mais um pouco e vieram as músicas do rádio cheia dos olhares e, por fim, nos tornamos adultos e somos assolados constantemente com frases como “tem que ser olho no olho”.
Pois é. Sinceramente, acho que já deu pra entender o ponto de vista, né? Dê atenção para a pessoa que estiver com você. Tem que enxergar o brilho do seu olhar e coisa e tal, lances do amor.
Agora, por que, meu senhor, algumas pessoas não entendem a diferença entre fazer isso de maneira equilibrada e agir como um psicopata hipnotizador?
Amigão, todo mundo gosta de contato visual: espectador, voyeur, paquerada(o). Todo mundo mesmo. Mas ninguém gosta de se sentir acuado e permanentemente assistido.
É desconfortável. Deixa quem está olhando com um ar de paranóico e faz com que o “olhado” não se sinta tão a vontade, pois transmite a sensação de vigilância (não é uma sensação bacana e não te dá nenhum super poder). Portanto, os olhos também devem respirar.
Olhe em momentos que sejam realmente relevantes e para lugares relevantes, olhos, boca, mãos. Ah, evite durante estes momentos ficar olhando para pontos específicos que não estejam fazendo parte da conversa. Olhar para o cabelo de um garota no meio de uma conversa não vai deixá-la mais lisonjeada, assim como fazer miras em locais fora do ponto de ação entre vocês (em um ombro, por exemplo) irá dar a impressão que você está só tentando lembrar o telefone da pizzaria.
01. Update! O Temível Homem-Imã
Conversar pessoalmente é algo prazeroso, ainda mais para nós, brasileiros, que somos especialistas em demonstrar carinho. Acontece que, algumas vezes, nossa vontade e entusiasmo podem extrapolar os sentimentos e o tiro sai pela culatra.
Tocar pessoas não é o problema, mas fazer isso sequencialmente sim. Uma conversa é algo que, como tudo na vida, necessita de ritmo. Se você tiver um (bom) papo de 10 minutos e encostar ou se aproximar da pessoa a sua frente uma vez, este ato irá contrastar com o resto da conversa e será marcante. Caso seja bem colocado, poderá despertar impressões bacanas a seu respeito, como boa disposição, desejo e afeto.
Porém, se isso for uma constante no seu comportamento, a outra pessoa se sentirá acuada e desconfortável e o efeito será contrário, você estará apenas a repelindo para longe de você.
Não se esqueça: não existe ação ruim, existe momento ruim.
Mecenas: Dafiti
De nada adianta ter uma postura excelente se sua roupa não estiver adequada. Na Dafiti você encontra mais de 100.000 produtos para sair bem em qualquer foto (a não ser que você cometa uma das gafes acima).
BRUNO PASSOS
Estilista e dono da Conto Figueira. Ama livros, filmes, sol e bacon. Planeja virar um grande pintor assim que tiver um quintal.