Meia dúzia de filmes sobre a cornice que você precisa ver, antes de ser chifrado

É difícil demais identificar alguma coisa complexa por apenas um aspecto. Essa lista (abaixo), arbitrária como todas as demais listas elaboradas por uma pessoa só, comete exatamente esse pecado discriminatório. Contudo pelo menos a gente avisa.

Por vias tortas, já defendemos publicamente a opinião de que a cornagem é um tipo de virtude.  Agora, elaboramos uma coletânea de filmes a respeito do assunto. Todos eles contem o mesmo complexo de culpa e são atemporais, porque o homem é corno desde sempre ou desde o instante em que os relacionamento entre os casais se tornaram demasiadamente complexos.

Vamos a Lista:


Certamente, o primeiro nome dessa lista não é um filme apenas sobre a conitude, essa virtude masculina. A obra trata do problema do corno a partir do ângulo de todos os aspectos que poderiam levar um homem a cornidão: fracasso profissional, apatia e desinteresse no relacionamento, preferência pela pornografia em detrimento da esposa, desinteresse da própria esposa, diminuição de testosterona na meia-idade e na paternidade.
Não podemos esquecer também o ideal de “vida nova” enganoso, estabelecido pelo personagem do Kevin Spacey. Realmente, um clássico do cinema para chifrudos.

Quem assistir esse filme italiano vai pensar que se trata de uma história de traição convencional. Um casal com um relacionamento ruim em busca de “algo mais”.
Bobagem.
O tal casal nada mais é do que uma ponte para os personagens reais, um gordinho corno estilo “marido perfeito” e uma mãe de família tentando reestabelecer qualquer tipo de tesão do marido. Ambos são traídos sistematicamente pelos seus parceiros. Giuseppe Battiston está impecável no papel de corno principal.
O cara conserta chuveiro, faz tudo pela mulher, é carinhoso. Mas simplesmente não comparece na cama. Se não bastasse, tem o comportamento de um corno manso tradicional quando descobre as puladas de cerca da mulher. Bom filme, roteiro original, tudo amarradinho.

Nesse filme, você demora a entender quem é o corno da história e eu não vou bancar o spoileraqui. É um filme a respeito das razões e justificativas do corno para manter a integridade do seu nome em uma pequena comunidade argentina. Como sustentar a própria moral, depois de ser chifrado?
Na cidadela, os caras estão preocupados com os novos caminhos políticos e a cornidão entra em cena no meio do caminho. Uma comédia bem humana. 

Esse é um filme de corno que eu adoro por vários motivos!
Primeiro, porque explora o comportamento de vários homens que não conseguem administrar o ímpeto da mesma mulher. Segundo, porque Olivia Molina está em alta conta na relação das atrizes espanholas mais admiráveis em várias décadas. Se tudo isso não fosse suficiente, é um daqueles raros momentos em que a cornice se transfora na polêmica iniciativa do poliamor, quando o amor supera a cornice, sem envolver nada mais do que isso.
O sexo não é pretexto, é consequência. Quem assistir pode fazer uma comparação imediata entre Dona Flor e Seus Dois Maridos. Pessoalmente, penso que o Jorge Amado tinha seus interesses primários desligados do ideal de corno em si. Repito: a cornice como uma virtude masculina.

Nome bonito para um filme de corno, né?
Zé Carlos Machado interpreta um clássico corno-puritano-religioso. Ele faz o típico corno fanático: um pastor que salva a personagem da Camila Pitanga da prostituição e das drogas, mas acaba esfregando mais galhos que bambuzal em tormenta. O filme explora a tentativa de corrigir o incorrigível, um dos erros mais tradicionais dos chifrudos.
É um bom filme sobre a cornice porque é impossível se compadecer do corno, a não ser que você se identifique muito com ele.
Um belo representante brasileiro para nossa lista.
Ah, lembrei: o filme é baseado num livro que eu não li. 

Reis não carregam só coroas na cabeça. Muitas vezes, o corno só encontra controle para o seu ímpeto destrutivo no próprio amante da mulher. Noutras, o elemento que controla a excentricidade do chifrudo é a traição nela mesma.
Esse é um filme que conta a história de uma Dinamarca retrograda, sendo parcialmente invadida pelo ideal iluminista. O problema é quando as ideias de Voltaire e Rousseau se chocam com os interesses de manutenção da monarquia. Neste caso, o problema político se transforma na única justificativa justa para lustrar os próprios chifres prejudicando o Ricardão metido a revolucionário.
E o rei faz isso.

Everton Maciel

 - é gaúcho e não suporta bairrismo. Só tolera bares que não permitem camisas polo. Nasceu jornalista, mas fez mestrado em Filosofia e mantém um blog próprio, o Blog do Maciel. Tem Facebook e Twitter