Dilma é uma incógnita.
A personalidade forte e centralizadora conflita com a mulher de discursos engessados e nada incisivos. As roupas padecem do mesmo mal. Constantemente oscilando entre pólos opostos, buscam suavidade para alguém de postura rígida.
É inegável que ela soube utilizar seu posto político para aperfeiçoar e rejuvenescer sua imagem.
Embora ela seja admiradora do estilo Carolina Herrera, eu nunca entendi bem por que optar por este topete gigantesco. Antes, ela já tinha conseguido alguns penteados bem mais suaves, interessantes e que tornavam sua face mais afável.
Passado o puxão de orelha no Celso Kamura, cabeleireiro da presidenta, vamos falar sobre a imagem de Dilma nos debates.
Ao analisarmos as combinações, é notável o desejo em ressaltar estabilidade ao adotar um padrão para a escolha cromática: vermelho-claro-vermelho-claro. O mesmo colar foi usado em três oportunidades, com apenas uma exceção (no primeiro debate, foi escolhido um colar de pérolas que possui a mesma proporção da joia repetida posteriormente). Se a ideia era transmitir solidez, a mensagem foi recebida. Até os modelos dos terninhos são parecidos.
O equívoco
Nos dois momentos em que a candidata usou vermelho, ela teve a imagem levemente comprometida – os outros dois candidatos não caíram nesta cilada de fazer referência direta e constante a qualquer partido que seja.
Aliás, tem muito tempo que os tucanos entenderam que militar a cor de um partido político pode soar agressivo e repelente para a maioria da população. Não à toa, vimos Aécio alternar gravatas azuis e vermelhas. Outro fator que deveria ser levado em conta é a agressividade da cor vermelha. Não é recomendável o uso indiscriminado do pigmento neste tipo de situação a não ser que se queira dar a ideia de uma posição mais agressiva (o que, creio eu, não tenha sido o caso).
A diferença de quem bota a mão na massa
Estamos diante do maior mérito imagético de Dilma: uma sacada antiga, mas ainda imbatível.
Tanto Marina quanto Dilma estão com uma espécie de terninho claro, mas repare como um detalhe pode alterar a percepção da atividade realizada por cada candidata. Dilma veste uma peça com manga três quartos, o que dá a impressão de que ela está com as mangas arregaçadas para o trabalho. Marina, com manga tradicional e, ainda por cima, uma peça sobreposta a outra, tem um aspecto mais tecnicista e teórico. A imagem das candidatas juntas torna o contraste ainda mais poderoso. É como se Marina fosse a teórica que quer aplicar conceitos, enquanto Dilma é a pessoa que realmente coloca tudo isso em prática.
Creio que Dilma sabe o poder que esta imagem representa, e não é à toa que este a manga três/quartos sem sobreposição de blusas aparente é o único padrão que ela repete nos quatro debates.
Tirando alguns acertos e erros menores e a sacada incrível citada acima, sinto falta de visualizar com mais clareza o que Dilma busca transmitir com a própria imagem.
Posso apenas fazer suposições sobre o porquê dessa escolha, e a hipótese que acredito ser mais lógica é a de que existe uma dualidade muito grande entre a imagem que a candidata deseja transparecer – flexível, suave, atual, disposta a grandes reformas e de perfil agregador – e a imagem que a candidata criou para si durante muito tempo – centralizadora, pulso firme e de pouca aptidão para lidar com grupos distintos e grandes rupturas
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por Bruno Passos
Acho que o mudando o penteado, o cabelo da primeira foto à esquerda era bem melhor, passaria uma imagem mais amigável.
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