El País - maior empresa de Educação privada do mundo é brasileira

- Ações subiram com vitória de Dilma! 
- 59,3% dos estudantes e 40% das receitas veem do Fies, Prouni e Pronatec, programas do governo federal

 Na segunda-feira, 27 de outubro (dia seguinte à eleição de presidente), a Bolsa de São Paulo abriu em baixa, o que alguns analistas consideraram um sinal de desânimo do mercado diante da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Mas entre o mar de números no vermelho (o índice Bovespa fechou o dia com queda de 2,77%) - destacava-se em verde os 7,88% alcançados pela Kroton, a maior empresa de educação privada do mundo.



           
 

As cifras da empresa após a fusão no início deste ano com a também brasileira Anhanguera impressionam. A nova empresa opera através de 130 unidades de ensino presencial em 19 dos 27 estados brasileiros, marcas como Pitágoras e Anhanguera, e mais de um milhão de alunos com receitas previstas de 4,7 bilhões de reais (1,525 bilhões de euros) em 2014. Antes da fusão, a Kroton anunciou que no ano de 2013 tinha ganhado 517 milhões de reais, um aumento de 155% em relação ao ano anterior. A capitalização de mercado da nova empresa é de 24,98 bilhões de reais, mais que o dobro da segunda colocada, a norte-americana Graham Holdings. Nos últimos 12 meses, o valor das ações no mercado de ações subiu cerca de 110%.
            
 O negócio do ensino privado em todo o mundo está crescendo, especialmente nos países emergentes, no calor de um mercado de trabalho cada vez mais globalizado onde o treinamento faz a diferença. De acordo com um estudo realizado pela consultoria GSV Advisors e do banco de investimentos Bank of America Merrill Lynch, o valor do mercado global passará de 5,6 bilhões de dólares (4,4 bilhões de euros) em 2013 para 7,8 bilhões em 2017, um aumento de 39,2% em quatro anos.
            
 O Plano Nacional de Educação pretende que, até 2024, 33% da população entre 18 e 24 anos estejam matriculadas em uma instituição de ensino superior. Em 2012, esse número era de 15,4%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vários programas estatais oferecem subsídios e empréstimos a juros baixos (um importante incentivo no Brasil, onde o preço oficial do dinheiro é de 11,25% ao ano) para financiar matrículas, cursos superiores (Fies), universitários (Universidade para Todos ou Prouni) e técnicos (Pronatec).
            

 Embora tanto Dilma Rousseff quanto seu rival, o conservador Aécio Neves, tenham prometido manter estes programas, o mercado estava plenamente consciente de que Dilma defendeu o plano com mais entusiasmo - provavelmente, a partir daí, o preço das ações da Kroton disparou depois da sua vitória. Na entrevista, antes do segundo turno, Rodrigo Galindo –presidente da Kroton, minimizou o resultado das eleições: "Os planos para educação são política de Estado", disse. "Ganhe quem ganhar, serão mantidos".
            
 De acordo com a Kroton, 59,3% de seus estudantes e 40% de suas receitas vêm desses planos, o que para alguns analistas representa um risco de dependência excessiva. Galindo discorda. "Criamos um limite de 55% da receita, então ainda temos espaço para crescer". E a Kroton prevê crescer, e crescer muito. Galindo enumera as três principais linhas de negócio da empresa e suas perspectivas para os próximos anos. "Na educação superior, tanto presencial como a distância, estimamos um aumento no volume de negócios de 10% ao ano, independentemente da inflação. Na educação básica, esperamos que a receita cresça 10% ao ano."
            
 A ascensão da Kroton tem sido meteórica. Foi fundada em 1966 como colégio Pitágoras. Em 2009, o fundo norte americano Advent levou 28% da Kroton. A empresa tinha aberto o capital na bolsa dois anos antes. Graças ao capital do fundo norte-americano, a Kroton pode se lançar em uma expansão em que chegou a estar com 25 outras empresas e ganhou uma posição de destaque no difícil mercado do ensino privado. Mas a verdadeira prova de fogo veio após o anúncio da fusão com a Anhanguera, outra empresa que havia passado por um processo de crescimento explosivo.
            
 


"Nosso principal receio não era operacional, mas cultural", disse Galindo. "Essa é a principal razão para o fracasso de muitas fusões. Mas as coisas estão indo muito mais tranquilas do que esperávamos. A relação entre os executivos é excepcional.

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