Cobertura do escândalo CARF pelos jornalões seria hilária, não fosse trágica

Nossa mídia continua em seu hercúleo esforço para ignorar a Operação Zelotes, desencadeada semana passada pela Polícia Federal (PF) para apurar na Receita Federal (RF) o que as investigações iniciais indicam ser o escândalo financeiro que manipulou maior volume de dinheiro da história do país e o que mais lesou os cofres públicos.
A apuração preliminar que levou a PF a desfechar a Zelotes indica que um conluio entre grandes empresas nacionais e multinacionais e membros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) da Receita pode ter lesado o país em nada menos que R$ 19 bilhões. Nossa grande mídia praticamente não dá o assunto desde o 1º dia (5ª feira da semana passada) e continua assim, sabe-se lá até quando.
Hoje o assunto está na Folha de S.Paulo e em O Globo. Mas, de uma forma que seria hilária, não fosse trágica…O Globo, por exemplo, trata do assunto em seu principal editorial. Mas, faz uma completa inversão de valores e critica a “caixa preta da Receita Federal”, ao invés de criticar os sonegadores, as empresas que cevaram conselheiros do CARF para que eles quebrassem e reduzissem multas/dívidas milionárias delas e as convertessem em quantias irrisórias.
Empresas em que a PF viu indícios negam ter participa de irregularidades
Folha traz uma reportagem a respeito. Mas em seu editorial principal de hoje não fica muito atrás do Globo: o jornalão da Barão de Limeira, em São Paulo, prega que o governo precisa fazer uma profunda revisão no CARF, aumentando mecanismos de controle focando em maior transparência do órgão.
Na reportagem que publica hoje, a Folha crava que pelo menos 12 empresas, segundo a PF,  “negociaram ou pagaram propina” no CARF para reduzir – em alguns casos, até zerar – débitos com a Receita Federal. Mas, levantamento inicial da PF indica que outras 62 podem ter feito o mesmo – no total 74 grandes empresas teriam alimentado as irregularidades ocorridas no Conselho, última instância da Fazenda para apreciar recursos contra multas e tributos que as empresas consideram indevidos.
A Folha diz ter tido acesso aos 74 processos tocados pela PF e que a levaram a desencadear a Operação Zelotes. Das 74 “muitas subornaram integrantes do CARF. (…) Outras, porém, foram procuradas por facilitadores que intermediavam o suborno a conselheiros do órgão, mas ainda não há contra elas elementos que comprovem o pagamento da propina.
De acordo com o jornalão, os casos que os investigadores apuraram e constataram com indícios mais consistentes envolvem os grupos Gerdau, Rede Brasil Sul de Comunicações – RBS, companhias Cimento Penha, Boston Negócios, J.G. Rodrigues, Café Irmãos Julio, Mundial-Eberle, Ford e Mitsubishi, além de instituições financeiras, como Santander e Safra. Todas foram procuradas pelo jornal e as que deram resposta negaram irregularidades em sua ação.



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