Operação lava jato: um jogo de bombas marcada

Destruam os líderes e destruirão um povo
por Fernando Brito
A prisão de José Dirceu é – exceto, talvez, para o songamonga do Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo –  um passo no objetivo cuidadosamente traçado – e faz muito tempo – de chegar-se ao “grande prêmio” da Operação lava-Jato: o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Só um tolo não vê que estamos diante de um jogo de “bombas” noticiosas que, como o artefato atirado semana passada contra os portões do Instituto Lula, vão sinalizando estrepitosamente onde se quer chegar, muito mais do que onde os fatos levam.
Dito isso, não preciso dizer qual é o meu conceito sobre o núcleo burro do governo.
Compartilho as reservas com que, uma década atrás, Brizola encarava José Dirceu. Não por uma questão de integridade pessoal do ex-ministro, mas pelo fato de que ele, ao contrário de Lula, sempre foi um homem de máquina partidária e estes vivem mais à sombra que à luz, exatamente por terem este papel.
Mas não é ele quem está em questão – e não seja facilmente crível que um homem soterrado há vários anos por uma das maiores campanhas de demolição política e judicial conservasse poder e capacidade para exigir tanto de tantos.
A Operação Lava Jato é, há muito tempo, uma ação mais política que estritamente judicial, que se desenvolve como um plano de subir e subir degraus, passando de uma ladrões de quinta categoria para a nata das empreiteiras e da política, embora tais natas, há muito, já tivesse seus bolores evidente, sem que os moralistas de ocasião se importassem muito com isto.
Seu objetivo, ainda que os que não enxergam além da casca superficial dos fatos – e das versões que deles brotam -, é a destruição de um projeto de afirmação do Brasil e que qualquer veleidade brasileira em tomar para nosso país o lugar que lhe cabe no mundo, o que jamais se fará como uma colônia, como nunca se fez em meio milênio.
E, para desespero dos intelectuais “democratistas” – boa parte deles ex ou atuais petistas – isso não ser fará sem líderes.
Dizem que a direita não tem líderes ou estadistas. O máximo que conseguiram foi o príncipe da sabujice, Fernando Henrique Cardoso.
Não importa, porque a manutenção do status-quo, a não-mudança, a continuidade do que o Brasil infelizmente é.
Quando necessário, a mídia fabrica um, como fez com Collor, com Joaquim Barbosa, com Aécio ou com o próprio Moro. Alguém que vem do nada para o tudo, sem trajetória, sem embates ao longo da vida mas que, pelo poder do foco, surge como o guerreiro salvador.
E a esquerda, tem líderes, exceto Lula?
Não tem um arremedo, sequer e a própria Dilma, elevada por ele, por seu passado e pela característica fenomenal de representar uma afirmação feminina num campo quase que reservado aos homens, deixou escapar o seu potencial de tornar-se uma, porque recusou a política e a afirmação ideológica didática que, até por sua trajetória Lula representava.
Sobrou Lula e Lula não pode sobrar, porque Lula é a única e monumental barreira a que o conservadorismo tenha não apenas parte do poder, como hoje o tem, mas (e de novo) todo o poder neste país.
O alvo, portanto, é a destruição de Lula, para que com ele se destruam, como se destruiu em parte com Getúlio ( a quem só a morte dramática preservou parte do seu legado) o processo de afirmação do povo brasileiro.
O resto é quinquilharia, caixotes de tábuas de segunda por onde se galga para alcançar o alto da prateleira.
Com a ajuda, claro, daquele udenismo que sempre marcou o PT, onde Brizola sempre disse haver uma “UDN de tamancos” e que, na mídia, na Justiça e na política, se calça hoje, em lugar dos solados de madeira, o confortável cromo alemão e se brinca de “republicano”.
Republicanos songamongas, bem entendido, daqueles que ficam encolhidos como coelhos, para ver se os lobos vão embora.
Tijolaço


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