O ex-presidente Lula diz que poderá ser candidato novamente ao Palácio do Planalto em 2018 a fim de defender “um projeto que fez com que os pobres fossem vistos neste país”.
Ao apontar erros da presidente Dilma Rousseff no primeiro mandato, Lula considera que “houve um equívoco, por exemplo, quando não se aumentou, em 2012, o preço da gasolina”. Segundo ele, “nós acumulamos uma inflação que só foi acontecer no segundo mandato da Dilma”.
Lula avalia que Dilma não deveria ter feito “tanta desoneração” (redução de impostos para empresas). “Foi um equívoco desonerar. Eu não vejo uma propaganda na televisão agradecendo ao governo pela desoneração. Eu vejo propaganda contra a CPMF.”
Ao ser indagado sobre a solução para a crise econômica, Lula diz: “Ou fazemos um aumento de impostos, como a Dilma está propondo agora a CPMF, ou você faz uma forte política de crédito”. Ele faria “uma política de crédito”.
“Eu acho que a presidenta Dilma tem que saber que a roda-gigante da economia tem que voltar a girar”, defende.
Ao falar de procedimentos das operações Lava Jato e Zelotes que podem atingi-lo direta ou indiretamente, afirma que “são coisas normais de um país democrático”. Ressalta que os governos petistas criaram “todos os instrumentos de transparência neste país” que são os responsáveis pelo atual combate à corrupção.
Lula discorda da avaliação do ex-ministro Gilberto Carvalho, que disse em entrevista à “Folha de S.Paulo” que o ex-presidente seria “alvo” dos investigadores para ser desmoralizado e preso, a fim de que não pudesse ser candidato à Presidência em 2018. Lula afirma não ter medo de ser preso. “Tenho a consciência tranquila”.
“Eu não temo ser preso porque eu duvido que tenha alguém neste país, do pior inimigo meu ao melhor amigo meu, qualquer empresário, pequeno ou grande, que diga que um dia teve uma conversa comigo ilícita. Duvido”, afirma.
Lula rebateu críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que disse que o petista seria o pai da crise, por ter nomeado diretores da Petrobras que hoje estão presos. O tucano também afirmou que Lula seria “um político encantado pelas delícias do poder” e que “adotou o toma lá, dá cá como uma regra, não como uma exceção”.
“O FHC, toda vez que ele tiver que falar de corrupção, ele tem que lembrar da reeleição. (…) Ele tem que lembrar que o único mensalão criado, reconhecido inclusive por deputados do DEM, que disseram que receberam, foi ele. Ele tem que lembrar que nenhum processo dele era investigado. Cadê a pasta cor de rosa, que não foi investigada? O Ministério Público dele se chamava engavetador”, diz Lula.
Segundo o petista, ele “deveria ter apreço” por FHC porque sempre tiveram “uma boa convivência”. “Mas eu acho que o FHC tem um problema comigo, que é um problema de soberba. O FHC, ele sofre com o meu sucesso. Ele sofre.” Lula disse ser “difícil” se encontrar com FHC para tratar da crise política. Acha que PT e PSDB podem conversar.
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