A colunista Tereza Cruvinel (Brasil 247) enumerou cinco motivos. Confira abaixo:
1) O primeiro e maior erro dos adversários de Dilma e do PT foi apostar num impeachment liderado por Eduardo Cunha. Mesmo depois que ele começou a ser investigado pela Lava Jato a oposição manteve a aposta. Ensaiou um rompimento mas realinhou-se de forma ambígua depois que ele acolheu o pedido Bicudo/Reale. O povo não é bobo. Entendeu que Cunha chantageou o PT para votar a seu favor e vingou-se quando o partido tomou decisão oposição.
2) O segundo erro foi tentar atropelar as regras e a própria Constituição. O povo não é bobo. Sabe diferenciar um impeachment imperativo de uma armação golpista. Afora a fragilidade jurídica da acusação, houve a tentativa de controlar a comissão especial através de um inusitado “bate chapa” com voto secreto e até a interpretação de que a Câmara, e não o Senado, terá o poder de tirar Dilma do cargo se o julgamento dela for autorizado por 3/5 dos deputados.
3) Ficou também explícita demais a ambição do vice-presidente Michel Temer pelo cargo. As “caneladas” dentro do PMDB para empurrar o partido rumo ao impeachment também foram muito bandeirosas e culminaram com a truculenta derrubada do líder Picciani, que é contra o impeachment e continua sendo. As articulações precipitadas do PSDB sobre a participação num eventual governo Temer, da mesma forma, pegaram mal.
4) Boa parte da inteligência nacional posicionou-se contra tal impeachment. Artistas, juristas, intelectuais, sindicalistas, religiosos e reitores, entre outros, são setores sociais que têm peso específico na formação da opinião média. Daqueles que observam o rumo do vento antes de se posicionarem.
5) Por fim, a narrativa do impeachment não colou, ao passo que a denúncia do golpismo fez sentido e reverberou forte, afastando das manifestações aqueles que não querem figurar numa história antidemocrática. A narrativa do impeachment não colou, entre outros motivos, porque o discurso foi ambíguo. A acusação formal a Dilma foi de crime de responsabilidade por conta de pedaladas fiscais. Mas para a rua, a oposição falava em corrupção, mar de lama, pixuleco e outras metáforas do grande escândalo em curso, que já atingiu tanta gente, inclusive do PT, mas não chamuscou Dilma. Tanto que, no pedido formal, não foi acusada de ato de improbidade mas de má gestão.