94 anos de Leonel Brizola, por Jota A. Botelho

Leonel Brizola é considerado herdeiro político de Getúlio Vargas e João Goulart. Foi governador do Rio Grande do Sul, onde iniciou sua carreira política, e do Rio de Janeiro, onde fixou residência em meados da década de 1960.

Simpatizante do presidente Getúlio Vargas, Brizola ingressou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), em agosto de 1945, integrando o primeiro núcleo gaúcho do novo partido. Foi eleito deputado estadual, quando participou da elaboração da Constituição gaúcha. Em 1950, Brizola se casou com Neuza Goulart, irmã do então deputado estadual João Goulart. O padrinho do casamento foi o próprio Getúlio Vargas, que naquele mesmo ano foi eleito presidente da República. No mesmo pleito, Brizola foi reeleito deputado estadual.

Em 1958, elegeu-se governador do Rio Grande do Sul, com mais de 55% dos votos válidos. Em 1962, pela primeira vez, Brizola foi eleito deputado federal pelo antigo Estado da Guanabara. Como parlamentar, fez discursos veementes defendendo a implantação da reforma agrária e a distribuição de renda no Brasil. Com a deposição do presidente João Goulart pelos militares, em 1964, Leonel Brizola foi obrigado a se exilar no Uruguai.


Brizola teve participação importante no Comício das Reformas, conhecido como Comício da Central, organizado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, em março de 1964. Na ocasião, Jango anunciou a decisão de implementar as chamadas reformas de base. Entre os oradores que precederam o discurso de Jango, Brizola foi o mais aplaudido. Ele exortou o presidente a "abandonar a política de conciliação" e instalar "uma Assembleia Constituinte com vistas à criação de um Congresso popular, composto de camponeses, operários, sargentos, oficiais nacionalistas e homens autenticamente populares".

Voltou ao Brasil somente em 1979, com a Lei da Anistia. 

Em 1984, apoiou a campanha das Diretas Já, um projeto derrotado do então deputado Dante de Oliveira. Cinco anos mais tarde, participou da primeira eleição direta à presidência da República no Brasil desde o golpe militar, ficando em terceiro lugar. Na época, no segundo turno, apoiou o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, derrotado por Fernando Collor, que, anos depois, veria o seu sonho de chegar ao Palácio do Planalto se tornar realidade.

Em 1990, pela segunda vez, Brizola conquistou o governo do Rio de Janeiro. Com posições firmes em defesa dos produtores nacionais e sempre defendendo restrições ao capital estrangeiro no país, Brizola disputou novamente a presidência da República em 1994, mas sua participação foi decepcionante, obtendo apenas 3,2% dos votos válidos. Brizola foi candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva em 1998 e novamente foi derrotado, quando os eleitores brasileiros conduziram Fernando Henrique Cardoso à reeleição.

Em dezembro de 2003, já com Lula como presidente, Leonel Brizola rompeu com a base aliada e começou a fazer críticas constantes à administração federal. Morreu aos 82 anos, em junho de 2004, de infarto decorrente de complicações infecciosas, no Rio de Janeiro.

Leonel de Moura Brizola foi incluído no Livro dos Heróis da Pátria em 29/12/2015. O livro dos Heróis da Pátria, também chamado de Livro de Aço, fica exposto no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, e serve de homenagem aos brasileiros que se destacaram em defesa do País. Entre os inscritos estão Getúlio Vargas, Dom Pedro I, Tiradentes, Santos Dumont, Zumbi dos Palmares, Anita Garibaldi, Chico Mendes e Heitor Villa Lobos, entre outros.


LEONEL BRIZOLA (Carazinho, 22 de janeiro de 1922 — Rio de Janeiro, 21 de junho de 2004)