A quadrilha dos vazamentos volta a atacar

Mensagens vazadas à imprensa do celular do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, se antes denotavam tentativas de reuniões do empreiteiro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora propagam o real enfoque das apreensões pelos investigadores - a fase Catilinárias, espécie de desdobramento da Operação Lava Jato, que mira em caciques do PMDB, entre eles o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-CE).
Preso em 2014, Léo Pinheiro já foi condenado a 16 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa. Em seu celular, foi encontrada a mensagem: "Ele vai estar num encontro político com o Brahma [como era mencionado o ex-presidente]. Tem de aproveitar para pedir: solução para Porto Vida, solução para Porto Maravilha; BNDES; rolagem da dívida. É a hora de pedir. A oportunidade é única". A tentativa de aproveitar reuniões em que Lula estaria presente foi suficiente para os meios de comunicação criarem interpretações sobre a relação do condenado na Lava Jato com o ex-presidente.
O mesmo se seguiu com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que, segundo ele, teve um diálogo breve com o empreiteiro para levar junto ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), a aprovação da renegociação da dívida do município. Suficiente para estampar as notícias dos jornais.
O cenário se repetiu com o atual ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, ex-governador da Bahia. Por ter trocado mensagens diretas com o empreiteiro, sobre suposta negociação de apoio do PMDB ao candidato petista na prefeitura de Salvador, em 2012, Nelson Pellegrino, Wagner foi a manchete de várias reportagens desta semana na grande imprensa


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Mas no mesmo celular de Léo Pinheiro, foram encontradas mensagens além de tentativas de reuniões ou de uso de nomes de influência do empreiteiro para fechar negócios da OAS. O sinal de alerta, agora, recaiu sobre o que relaciona as mensagens com a fase atual de investigação das autoridades, a Operação Catilinárias. 
A Procuradoria-Geral da República acredita que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negociou pelo menos R$ 6,9 milhões em doações eleitorais, em troca de defender interesses da OAS no Congresso. Um dos caixas dessas "contribuições" foi o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), em sua campanha de 2012.
"Em contraprestação aos diversos serviços prestados por Cunha, houve o pagamento de vantagens indevidas para Cunha ou pessoas a ele ligadas, a título de doações de campanha", disse a Procuradoria-Geral da República, em um dos relatórios vazados.
Em uma das mensagens, datada de 16 de agosto de 2012, Eduardo Cunha pergunta ao empreiteiro qual o destino de dois repasses de R$ 500 mil ao Diretório Nacional do PMDB: "Chegou hoje seu '1 pau' na nacional. É para usar isso para a gente ou vc tem outra destinação que não avisaram?". Léo Pinheiro respondeu que o valor era para "Eduardo Paes". Depois disso, houve uma transferências de R$ 1,2 milhão do Diretório Nacional para a campanha do prefeito, conforme registro do Tribunal Superior Eleitoral.
As mensagens ainda mostram cobranças de Cunha frequentes na campanha de 2014, a maioria para o atual ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, na época deputado federal e candidato do PMDB ao Governo do Rio Grande do Norte. "Amigo, a eleição é semana que vem. Preciso que veja urgente", disse Cunha ao empreiteiro no dia 13 de outubro. Depois de três dias, o próprio Henrique cobrou: "Amigo, como Cunha falou, na expectativa aqui".
Os repasses eram feitos, a pedido de Cunha, em contribuições cruzadas, para os diretórios nacionais, por exemplo, para ocultar os verdadeiros doadores. Em um dos casos, no dia 21 de outubro, Cunha acertou com um executivo da Odebrecht, que fizesse doações para Henrique Eduardo Alves que, depois, acertasse com a OAS. Dois dias depois, a Odebrecht repassou R$ 4 milhões à campanha de Henrique.
Em nota oficial, Eduardo Cunha respondeu que a investigação da PGR é "seletiva" e "visa única e exclusivamente a escolher seus investigados". "É de se estranhar que nenhuma autoridade citada no tal relatório de ligações do sr. Léo Pinheiro tenha merecido a atenção relativa ao caso, já que tal relatório faz parte de duas ações cautelares movidas contra Eduardo Cunha – incluindo um pedido de afastamento – e contra membros do governo não existe nem pedido de abertura de inquérito, mesmo sendo sabido que o PGR recebeu esses dados de membros do governo em 19 de agosto de 2015, e não tomou qualquer atitude", publicou o deputado.

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