A oposição, particularmente o PSDB, não consegue crescer na crise do PT e do governo e no vácuo que esta crise gera. Pelo contrário, a oposição se desconstitui paulatina e progressivamente por operar no vácuo alheio. O PSDB abriu mão de ser protagonista de um projeto alternativo ao do PT. Dirigido por um presidente oportunista e irresponsável – Aécio Neves – inconformado com o resultado eleitoral de 2014, o PSDB, num primeiro movimento, colocou-se a reboque dos movimentos de protesto de março e abril do ano passado. Em nenhum momento o PSDB se apresentou como protagonista, como força dirigente da opinião pública. Do ponto de vista político, o PSDB capitulou às teses mais conservadoras, até mesmo autoritárias.No momento em que os movimentos de rua se enfraqueceram e a proposta de impeachment transmigrou principalmente para o Congresso, o PSDB, oportunisticamente, colocou-se a reboque da figura política mais abjeta que surgiu na política brasileira dos últimos tempos: Eduardo Cunha. À espreita do desfecho da chantagem que o presidente da Câmara exercia contra o governo, logo que ela se consumou, a oposição começou a construir os cenários pós-impeachment, inclusive com a designação de alguns nomes para o governo Temer.As primeiras informações sobre a estratégia do PSDB e de seus aliados para 2016 indicam que a operação no vácuo alheio continuará. Trata-se de uma estratégia da fúria destrutiva de tudo, não importando com as consequências desastrosas para o povo brasileiro e com o país. É a oposição pela oposição, a oposição do quanto pior melhor, da oposição sem projeto e sem causa. É por isso que a oposição não se qualifica junto à sociedade, não agrega prestígio político e eleitoral. Com essa estratégia, o PSDB poderá caminhar para irrelevância e abrir espaços para o surgimento de novos protagonistas personificados, por exemplo, em Marina Silva ou em Ciro Gomes.
* Aldo Fornazieri - Professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo
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