Sob o título "O certo e o errado", Fernando Henrique Cardoso escreveu em artigo veiculado neste domingo de Carnaval: "O castelo de areia das grandezas do lulopetismo está desabando ao sopro da crise econômica e da Lava Jato…" Na falta de uma boa defesa para as suspeitas que rondam Lula, o PT reúne munição para o ataque. Tentará atrair FHC para os seus escombros, nivelando-o a Lula no quesito 'relações promíscuas com a plutocracia'.
Como que antevendo o que está por vir, FHC escreveu em seu artigo: "Em meio ao desmoronamento, o lulopetismo procura embaçar a vista de quem assiste à sua queda dizendo que tudo não passa de uma trama 'da direita' para desacreditá-lo por ser 'de esquerda'." Valendo-se de sua infantaria na internet e de sua tropa no Congresso, o PT recordará que FHC reuniu 12 barões do empresariado no Alvorada, em 2002, a poucos dias de passar a faixa para Lula.
Convidados para o jantar, os empresários foram mordidos por FHC em algo como R$ 7 milhões, em cifras da época. Alegou-se que o então presidente tucano precisava do dinheiro para compor um fundo que custearia o Instituto Fernando Henrique, fundado por ele depois que deixou o governo.
A lista de convidados de FHC incluía representantes de empreiteiras enroladas na Lava Jato. Entre elas, por exemplo, a Odebrecht —hoje uma cliente do palestrante Lula e co-financiadora da reforma do sítio que o morubixaba petista frequenta em Atibaia.
A poucos dias do depoimento que Lula terá de prestar em 17 de fevereiro ao Ministério Público de São Paulo sobre o triplex do Guarujá, o PT difundirá a insinuação de que FHC adquiriu do banqueiro Edmundo Safdié, ex-proprietário do Banco Cidade, um apartamento que estaria acima de suas possibilidades. Fica na Rua Rio de Janeiro, a mais valorizada do bairro paulistano de Higienópolis.
Sem argumentos para salvar o mito Lula de tornar-se, aos olhos do eleitorado, mais um político reles, o partido tenta nivelá-lo ao rival FHC –por baixo. Isso irrita o tucanato. Mas não livra Lula da necessidade de explicar as reformas que empreiteiras fizeram no triplex que ele diz não possuir, no Guarujá, e no sítio que ele utiliza mesmo alegando não ser o dono, em Atibaia.