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Uma das coisas boas em escrever um blog é que a gente sai do figurino frio do “jornalismo de jornal” onde, quase sempre que você encontrar uma matéria muito carregada de adjetivos, acredite, ela é contra você.
Então, sirvo-me desta licença para dizer que imagino que o leitor deste blog – salvo os trolls espíritos-de-porco que, como não têm ideias a defender, dedicam seu tempo a criticas as alheias – está, tal como eu, entre perplexo e angustiado com os acontecimentos de hoje.
Má hora para longos raciocínios, busca de erros, de razões profundas por termos chegado a este ponto: as ruas cheias por uma multidão que, de rica e remediada e branca que é, não tem nem mesmo os motivos da brutalidade e da deseducação formal para ser assim, odiosa e linchadora.
Hora, apenas, para um cair em si e ver o que devemos a este país, aos que ensaiaram sua modernização soberana, recusando a condição de colônia, aos que nos trouxeram de volta à democracia, às liberdades, ao direito de sermos o que somos e dizermos o que pensamos.
Tempo de medir, apenas, o que podem ser as ruas cheias do Brasil moreno, mestiço, sofrido, se ele perceber que pode voltar a confiar nos que, mal e mal, procuraram falar em seu nome e defender seus interesses.
Eu não vou às ruas defender o que o PT é ou o que foi, mas o que representou para o povo brasileiro, que seja mal e mal.
Porque é isso o que fica na História, como ficaram de Getúlio as conquistas sociais que são um nada, perto do ideal, mas são um infinito para os que eram escravos antes dele.
Vou defender um Lula e, até um PT -embora neste eu creia menos – que necessariamente serão mais incisivos, mais firmes, menos todos e concessivos do que foram.
Porque a fúria do conservadorismo que contra eles se voltou não pode ser pelos defeitos, porque defeitos – e muito mais graves- vivemos por séculos e isso nunca foi motivo de uma campanha de extermínio como a que assistimos neste momento.
Não, nestes dias não vou procurar falar com quem ache o PT perfeito e a Lula um anjo.
Vou procurar falar com os que reclamam, recheiam-se de senões, falam de decepções e frustrações.
E perguntar-lhes: é por isso que você vai deixar haver um golpe, vai deixar que o país caia no fascismo, que nossas liberdades sejam aniquiladas e que o povo brasileiro seja despojado daquele pouco que, mal e mal, os governos petistas lhe proporcionaram?
Menos os homens fazem a história do que são feitos por ela.
A resposta á perplexidade só pode ser uma: decisão, na hora em que a liberdade e os direitos do povo brasileiro pedem por ela.
Não sei se Dilma o compreenderá. Sobre Lula, tenho boa dose de certeza.
E se de todos posso ter dúvidas, como você pode as ter, de nós mesmos não podemos tê-las, sem que isso represente uma deserção do que pensamos e sentimos.
É essa a pergunta que todos os dias farei e a resposta que a todos darei.
Não temos a máquina de manipulação da Justiça e da mídia, mas ainda temos a nós mesmos para falar, mostrar e ousar.
A direita encheu as ruas por contra de um longo processo de omissões daqueles que, agora, avança para destruir.
Se não quisermos fazer o mesmo, tudo o que não podemos fazer é cometer o mesmo erro da omissão.
no Tijolaço