O que seria dos cronistas deste país sem Michel Temer?
Como ele pode fazer isso com o povo brasileiro? Tantos anos em silêncio para só agora revelar esse dom zombeteiro.
O Temer não tinha o direito de ficar assim nas sombras por tanto tempo. Se em poucos meses de revelação nos propiciou tanto assunto que mal sabemos por onde começar, imagine se ele tivesse começado a "trabalhar" em janeiro de 2010?
A carta de Michel será lida, nas futuras aulas de história ou literatura, com a importância da carta de Caminha. A diferença básica, além do tema, será apenas o destinatário: El-Rei Dom Manuel e Presidenta Dilma Roussef.
Pero Vaz de Caminha relata a conquista das novas terras de Dom Manuel, descreve o povo vicioso da Terra Papagalli, as índias que não tinham vergonha de mostrar as suas vergonhas e faz, no final, aquele pedido pessoal.
Temer, por sua vez, adota o tom romântico do amante que não conseguiu fazer valer seu esforço e amor à amada. Há uma queixa explícita na Carta de Temer. Faltou uma trilha sonora para, possivelmente, se tornar um dos maiores sucessos musicais do momento.
Mas Temer não para de produzir. É incansável com seus malabarismos que transformam a política brasileira em novela mexicana.
Além da saída triunfal do governo – que muito lembra o adolescente que saiu de casa, em protesto contra o pai ou a mãe, para ter uma vida independente, desde que o pai ou a mãe depositem a mesada na conta-jovem do filhote – ele inaugurou a pré-posse e o autovazamento.
Sim, houve a gravação vazada para a nação brasileira, mas isso merece capítulo à parte.
Com o intuito de acalmar o povo brasileiro, o presidente Temer, do alto de seu twitter tranquilizou a nação sobre os programas sociais que ele, como presidente quase empossado, daria continuidade.
Inspirador, o líder Temer ainda diria: "Só sairemos da crise se todos trabalharem pelo Brasil, não pelos seus interesses pessoais."
A nação brasileira, pelo visto, ficou sensibilizada e comovida pelo gesto do mandatário maior da república tuiteira. Ovacionado, os cidadão e cidadãs brasileiros o mandaram, num gesto de ternura, se catar.
Michel Temer é o favorito, num suposto pleito, de quase 2% dos eleitores brasileiros. Isso não é pra qualquer um, afinal, outros políticos, que já ocuparam o cargo de presidente inclusive, nem chegaram perto. Getúlio Vargas e João Goulart nem pontuaram na pesquisa.
Michel Temer terá seu lugar na história brasileira. Poucos como ele conseguirão tanto destaque e referência.
Alguns o chamarão de desastrado, apressado, ansioso e até mesmo de descuidado.
Porém, a posteridade o tratará como deve ser tratado.
Como o mais respeitável traidor da história do Brasil. O golpista sem nenhum caráter.
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