O casamento é o túmulo do amor?



Gostamos de sonhar, e de coisas grandiosas. Gostamos dos grandes amores românticos. Mas a vida destes é, por norma, curta. Da paixão amorosa, o que é que fica? Da grandeza e do enamoramento, o que é que resta, na vida do casal?

Às vezes uma mão cheia de nada. A mulher e o homem revelam as suas facetas profundas. As ilusões e os instintos voam para novos ilusões, amores, paixões. Ou cai-se no desencanto e na negação do amor. 

As lamentações de homens a mulheres, a atestar o desenlace cruel do amor lírico, e a considerarem o casamento como o túmulo do amor, abundam:


  • "O casamento é uma festa em que a oração que precede o jantar é muitas vezes melhor que o jantar em si." Charles Colton, 1780-1832, poeta e escritor inglês, Lacon  
  • "É estranho confessar o prazer que nós, gente casada, sentimos ao ver esses pobres idiotas a caírem na armadilha da nossa situação." Samuel Pepys, 1633-1703, escritor inglês, Diary   


Mas há uma outra face do amor do casal. Por natureza, o amor romântico é breve, mas o que dele fica não é necessariamente pesadelo. Muitas vezes fica o que é menos cantado, menos poético, mas infinitamente mais real. E o mais importante: ternura, simpatia, dedicação, memórias partilhadas, cumplicidade, respeito, refúgio e ajuda contra a crueldade da vida.

É nesse sentido que Sponville diz:

  • "Um casal, quando feliz (ou mais ou menos feliz, porque a felicidade nunca é absoluta) é o lugar da verdade, da vida repartida, da confiança, da amizade gentil, das alegrias recíprocas, da gratidão, da fidelidade, da generosidade, do humor, do amor." A. Compte-Sponville, filósofo francês, Pequeno Tratado das Grandes Virtudes  

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