Num mundo menos imperfeito, Dilma seria reconduzida à presidência com um monumental pedido de desculpa dos brasileiros, e os golpistas receberiam a devida punição por seu crime de lesa democracia.
Mas o mundo é o que ele é, um vale de lágrimas e de injustiças.
Nas presentes circunstâncias, a alternativa mais segura para derrubar o governo provisório é a convocação de eleições ainda para 2016.
Deixemos o povo dizer o que quer.
Temer não quer a presidência? Que a tente pelos votos. Aécio não sonha com o Planalto? Pois se candidate, se achar que ainda faz sentido como candidato depois de todas as denúncias de corrupção contra ele.
Lula está liquidado, como diz a mídia plutocrata? Vejamos.
Um amigo do DCM que circula no poder em Brasília nos contou ontem de uma reunião que Dilma manteve com quinze senadores a favor da antecipação das eleições porque elas liquidam os usurpadores. Segundo os presentes, a reunião foi “muito boa”.
Na entrevista a Nassif na TV Brasil, o tema foi também abordado. Dilma acenou que pode, sim, liderar um novo movimento pelas diretas já.
O maior desafio aí é como desenhar este projeto. É preciso que fique claro que os usurpadores perderam e que Dilma ganhou. Mais que qualquer coisa, ela é hoje uma mulher em busca de justiça, e isso não pode ser desconsiderado.
A remoção exemplar, sob vergonha nacional, dos homens corruptos que, sem votos, destruíram um projeto eleito por 54 milhões de pessoas seria uma compensação pelo menos parcial para Dilma.
Um governo provisório que se comporta como definitivo é uma aberração, uma daquelas coisas que só se vê numa República de Bananas.
Temer e asseclas não tiveram a decência mínima de esperar a votação decisiva do Senado. Merecem por isso, e não só por isso, o lixo e a reprovação eterna da posteridade.
Caso a tese das eleições para este ano ainda prevaleça, a história reconhecerá em Dilma seu papel inédito na derrota do golpe e dos golpistas.
Estes sonhavam, iludidos pela mídia, que Dilma se curvaria depois do afastamento, e que a sociedade os saudaria como libertadores. Não contavam nem com a bravura de Dilma e nem com a capacidade dos brasileiros de enxergar suas motivações sujas para o golpe: corruptos querendo assegurar sua impunidade ancestral.
Aparentemente, a ideia das diretas já ganhará as ruas a partir da semana que vem.
Caso se concretizem as eleições, o grande vencedor não participará delas: Dilma.