A pressa em limitar os gastos do governo

A luta democrática e em defesa dos interesses nacionais acirra-se a olhos vistos e, em paralelo a ela, cai cada vez mais a máscara daqueles que tentaram disfarçar o impeachment sob véus legalistas. 



A situação ficou pior, para os golpistas depois que peritos do Senado comunicaram à Comissão de Impeachment que as operações pelas quais Dilma Rousseff é acusada – as chamadas pedaladas fiscais – foram legais. 

Neste quadro de incertezas destaca-se a pressa com que a equipe econômica do governo usurpador, formado por representantes do grande capital brasileiro e internacional, tenta inscrever seus interesses na Constituição, no esforço de torná-los permanentes.

São setores certamente movidos ante o repúdio a Michel Temer e seu governo ilegítimo, revelado nas ruas e também nas escassas pesquisas de opinião veiculadas pela imprensa – como a do Instituto Ipsos, feita entre 2 e 13 de junho – que mostra a desaprovação crescente do governo impostor. Nesta pesquisa Michel Temer figura com 70% de opiniões contrárias.

É neste quadro de rejeição que o grande representante do mundo financeiro na equipe de Temer, Henrique Meirelles, ocupante do Ministério da Fazenda, se apressa em apresentar e forçar uma mudança fundamental para os interesses da especulação e do grande capital. Meirelles quer criar um teto constitucional para os gastos do governo e criar com isso regras que obriguem a todos os governos, nos próximos 20 anos (isto é, até 2037) a seguirem uma política econômica estritamente neoliberal,mesmo que não concordem e sejam contrários a ela.

A Proposta de Emenda Constitucional apresentada por ele cria uma situação pior do que a gerada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (que na verdade é uma lei para dar preferência ao pagamento de juros à especulação).

A PEC que fixa um teto para as despesas do governo corta todos os gastos de natureza social – saúde, educação, segurança, etc. E impede o crescimento de todos os demais investimentos do governo. Tudo isso para garantir apenas o pagamento de juros para a especulação. 

Daí a pressa. Especuladores de todo tipo esperam que, pelo menos, o governo impopular de Michel Temer sirva para mudar a Constituição na qual alegam que os gastos sociais não cabem. E que amarrem todos os demais governos, nos próximos anos, impedindo que a riqueza nacional patrocine o desenvolvimento do país. Não querem isso – querem engordar suas contas bancárias apenas. E o povo, os trabalhadores, os que produzem as riquezas brasileiras, que fiquem com o que sobrar. 

A pressa para aprovar este tipo de proposta revela, mais uma vez, a natureza de classe do golpe – na divisão das riquezas nacionais (as naturais, como o pré-sal, e as produzidas pelo trabalho humano), querem abocanhar uma parcela cada vez maior, e segura, para os muito ricos. A despeito do país e suas necessidades.

Editorial 
Vermelho
A Esquerda bem informada

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