Eu sou Wolvenar Camargo Filho, 62 anos, arquiteto e urbanista, mineiro de Guaxupé, filho do Seu Wolvenar e da Dona Derelis (in memoriam), pai do Caetano, da Liliana e da Gabriela, acreano de coração!!
Comecei minha trajetória profissional aqui no Acre quando tinha 27 anos, como funcionário público e algum tempo depois passei a atuar como profissional liberal e somente em 1993 ingressei na carreira de gestor público, na gestão do prefeito Jorge Viana, como diretor-presidente da Emurb, secretário de Obras do Estado e secretário de Obras do município e novamente secretário de Obras Estado. Esse tempo soma-se 19,4 anos. Nesse período não acumulei bens imóveis, tive uma vida confortável e condições de dar uma boa formação educacional para os meus filhos.
Durante esses quase 20 anos que trabalhei como gestor público, coordenei a execução de construção e reforma de centenas de empreendimentos públicos, da pequena obra à construções milionárias, como é o caso do Parque da Maternidade.
Possuo no meu acervo, como arquiteto e urbanista, projetos que um profissional da minha área pode sonhar: residências, prédios públicos, como: hospitais, praças, pontes, parques, teatro, penitenciárias, escolas, estação de tratamento de água, avenidas, cemitérios e tantos outros. Mas, para quem (como eu) compartilha da ideia de que um arquiteto projeta da chave à cidade, ainda me faltava a oportunidade de construir uma cidade planejada.
Eis que surge a grande oportunidade: O desafio do projeto de um grande bairro, com aspecto de cidade, com todos os equipamentos urbanos necessários para o bem estar dos que lá habitariam e o melhor de tudo, para atender uma população sofrida por viver em regiões insalubres e sem dignidade, que foi denominada como Cidade do Povo.
Mesmo com a saúde já dando sinais de fragilidade, encarei mais esse desafio. Foram meses de estudos, planejamento, negociações até o início da tão sonhada obra!
No dia 10 de maio de 2013, acordei como um cidadão comum, como sempre muito cedo, já que pontualidade é uma conduta minha muito marcante! Cedo a campainha tocou e me deparei com policiais federais à minha porta, numa operação denominada G-7. De pronto, atendi todas as solicitações da diligência até o momento em que recebi voz de prisão. Confesso que naquela hora entrei em pânico, até então por não entender (como até hoje) o que estava acontecendo. Por qual motivo um trabalhador honesto, pai de família seria preso pela polícia, sem ter cometido nenhum delito? A partir daí nunca mais acordei como um cidadão comum! Fui defenestrado, execrado pela mídia local e nacional, motivo de chacotas, falácias, usado em propagandas eleitorais por adversários políticos, charges e musiquinhas absolutamente idiotas, vis e cheias de mentiras.
Passei 40 dias preso em um leito de hospital, mantendo contato apenas com minha família. Lembro como se fosse hoje o dia em que meu pai, de 87 anos, chegou de Guaxupé para me visitar… Aquela indignação e dor que senti quando vi tanta tristeza nos olhos dele, não desejo para ninguém!
O tempo passou. A vida seguiu em frente. A investigação se transformou em denúncia, a denúncia em processo e não nos coube outra alternativa a não ser a defesa dos fatos. Três anos e oito meses após a exposição pública humilhante, foi feita a justiça. Mas, o que é a justiça senão a verdade? Então desde esse dia sou novamente um cidadão comum? uma pessoa honesta? um filho e pai respeitado? um profissional digno? Como nossas vidas podem ser completamente implodidas por profissionais com atitudes precipitadas? Como reparar esse mal cometido? Acredito que as injustiças vão sempre acontecer no mundo afora e mesmo havendo justiça, esta não consegue consertar totalmente as feridas da alma!
Contudo, nas adversidades não perdemos amigos e sim selecionamos. Estiveram nesses tempos difíceis ao meu lado, pessoas que realmente tenho muito amor e respeito, dos quais posso citar: minha família, o governador Tião Viana, que me apoiou de forma corajosa; meu grande amigo, senador Jorge Viana e os meus amigos que tiveram o desprendimento e se dispuseram a testemunhar ao meu favor, me ajudando a provar minha inocência. Esses vou agradecer e abraçar pessoalmente!
E como disse ontem meu filho Caetano, muito emocionado:
– Acabou pai, agora acabou…
Sim filho, acabou!
Eu tive ainda a felicidade de dar essa boa notícia ao avô dele e meu pai, que me disse que esse é seu presente de aniversário de 90 anos no próximo 17 de fevereiro! É por vocês: Pai, Caetano, Liliana e Gabriela, que peço a Deus agora discernimento, resiliência e saúde para enfrentar o que tem por vir e seguir minha vida com a cabeça erguida com a certeza da pessoa correta que sempre fui e sou!
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