Peça 3 – o desmonte do país
O desmonte está se dando nas seguintes frentes:
O projeto geopolítico
No dia 22 de fevereiro último, o Washington Post – jornal com estreitas ligações com fontes da CIA – produziu um artigo revelador (https://goo.gl/K2Hsov): “Como um escândalo que começou no Brasil está perturbando outros países da América Latina”.
A reportagem lembra o Brasil como estrela em ascensão quando conseguiu o direito e
sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. E que a Odebrecht se tornou um símbolo do
crescimento da importância brasileira no mundo, da mesma forma que a Coca-Cola para os Estados Unidos e a Toyota para o Japão.
Constata o jornal que a Odebrecht se tornou peça central do soft power brasileiro. E – aí não é o jornal afirmando - valendo-se dos mesmos expedientes da Siemens alemã, da IBM norte-americana, da Dassault francesa. Em todos os casos, puniram-se dirigentes, mas preservaram-se as empresas, vistas como ativos nacionais.
A reportagem admite que a corrupção não surgiu no governo Lula, nem com a Odebrecht, mas que ela foi a única a ser pega. E mostra como a Lava Jato, com a ajuda do Poder Judiciário desses países, está ajudando a limpar a área de todos os governos de esquerda no continente.
No Brasil, o desmonte atinge todos os segmentos, dos estaleiros à indústria de defesa e toda rede de fornecedores, com a redução da obrigatoriedade do conteúdo nacional nas plataformas.
Agora, se prepara o golpe final contra as empreiteiras brasileiras, com a cooperação firmada com os Ministérios Públicos de mercados conquistados por elas e a tentativa do TCU (Tribunal de Contas da União) de proibir novos contratos com elas. Um órgão assessor do Congresso se tornou peça-chave na destruição de ativos nacionais.
Não apenas isso.
O desmanche social
E aqui se entra nos desdobramentos não previstos pelo golpe.
A estratégia de desmonte do Estado aprofundou brutalmente a crise fiscal e a crise social.
A cada dia aumenta o desemprego, as tensões sociais, a insegurança nas grandes metrópoles, a crise fiscal da União e dos estados.
Há um brutal endividamento nas empresas. As que mais cresceram no período anterior são as mais endividadas. O sistema bancário montou operações de resgate estendendo os prazos dos financiamentos. Mas sem perspectivas de melhora da economia, caminha-se para uma crise sistêmica.
Por qualquer ângulo que se analise, será impossível a manutenção da política econômica atual e do próprio governo Temer.
A ideologização primária
Hoje em dia uma ideologização pesada domina os debates, tanto à direita quanto à esquerda, dificultando enormemente a busca de consensos. A ideia de construção nacional, pactos de produção, de inovação, afirmação de políticas sociais, equilíbrio entre o papel do Estado e do setor privado, todos os meios tons que deveriam servir de base para políticas de desenvolvimento cederam lugar a uma radicalização profundamente simplificadora.
Rapidamente, o pacote Meirelles torna-se inviável. E não aparece uma alternativa no lugar. Não levará muito tempo para que a agenda neoliberal seja substituída por uma liderança forte – de esquerda ou direita, civil ou militar – repetindo o roteiro norte-americano e britânico. Não mais um centro-esquerda relativamente racional.
Ou seja, o pêndulo com movimentos próximos do centro, mais à direita com o PSDB, mais à esquerda com o PT, mas sem abrir mão dos princípios democráticos, em breve será substituído por alguma saída autocrática.
Aí entram em cena as delações da Odebrecht, como um dos momentos de corte. Peça 04 - as delações da Odebrecht e o MPF>>>\o/
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