Ricardo Capelli - ainda sobre Lula e a gritaria das "maritacas"


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O debate e a divergência são sempre bem vindos. É deste exercício e do contraditório livre que vão se firmando convicções, ou se aprofundando dúvidas. Não vai aqui, portanto, nenhum ataque às críticas. Repito, são sempre muito bem vindas. O que irrita é a gritaria histérica “dos Maritacas.” Bastou defender ou pautar qualquer necessidade de ampliação para os supostos revolucionários(sic), guardiões supremos da “pureza da esquerda brasileira”, lançarem mão de verborragias ridículas e acusações de capitulação. "Os Maritacas" são na verdade oportunistas. Babam porque temem perder relevância. Sabem que num projeto amplo e exitoso não existe espaço para o sectarismo isolacionista e anacrônico ao qual, de forma cínica e oportunista, se agarram para sobreviver. Vamos aos argumentos:
1 – Lula é um fenômeno. Nenhum personagem da história brasileira elegeu quatro Presidentes da República consecutivos. Só Lula. Nem na Ditadura, sem a necessidade do voto, um único homem indicou quatro presidentes sucessivos. Não há dúvida ou questionamento sobre sua força, papel e significado histórico.
2 – Nenhum candidato do campo popular e democrático terá chances de vitória sem o apoio de Lula. Na pior das hipóteses, o ex-presidente arrasta com ele 20% do eleitorado para onde for.
3 – Defender a ampliação em torno de Lula, ou a construção de alternativas, não significa negar a candidatura de Lula e nem enfraquecê-lo, muito pelo contrário. Existe objetivamente a possibilidade de Lula ser inabilitado? É loucura imaginar esta hipótese? Se isto acontecer em maio/junho do ano que vem, qual seria o plano B? É errado trabalhar com hipóteses e alternativas? É errado propor uma Frente Ampla com nomes que possam assumir a candidatura em caso de inabilitação? Uma chapa de Lula com PT e PCdoB é suficiente? É errado Lula dizer claramente que NÃO ADIANTA tirá-lo do jogo, que vamos ganhar as eleições com ele candidato ou com seu apoio? Se Lula for candidato, NÃO HÁ DÚVIDA, a esquerda irá com ele. E se não puder ser? Toparia discutir o apoio a candidatos de outros partidos? Uma sinalização de amplitude agora fortaleceria ou enfraqueceria a liderança de Lula?
4 – Vem sempre o mesmo argumento. “Não existe outro candidato”. Então, se Lula for impedido, arriamos a bandeira e vamos para casa? Alguém conhece candidato pior que Dilma? Não estou me referindo a guerreira extraordinária, a lutadora incansável, me refiro a candidata capaz de chegar num evento de campanha e errar o nome de todas as lideranças presentes e ainda fazer um discurso de levar ao sono 80% do público. Alguém conhece? Mas a construção política feita em torno dela, e a força de Lula, tornaram realidade o que parecia impossível. Por que então é impossível pensar em alternativas?
5 – LULA PRECISA GANHAR A ELEIÇÃO. Já imaginaram o que seria um cenário de ofensiva conservadora com Lula derrotado nas urnas? Para ganhar precisamos voltar a dialogar com o centro político, não me refiro a partidos, mas ao eleitor médio. Como fazer isto? Como dialogar com setores sociais que se afastaram de nós? O discurso do Golpe aproxima ou afasta? Dialogar com qual Programa? Apenas a defesa de conquistas passadas será suficiente? Lula não pode perder a eleição. E pode ganhar sendo ou não candidato. Se houver vitória da esquerda, estará no palanque da vitória, com a faixa ou erguendo o braço do eleito, não há dúvida.
A visão triunfalista, de uma suposta guinada à esquerda que estaria em curso, cega e imobiliza o conjunto de movimentações, táticas e estratégicas, necessárias para uma batalha desta monta. Muitas perguntas, poucas respostas e uma imensa incerteza. De certeza apenas a convicção de que ir para a batalha com um plano único e engessado é um erro que não temos o direito de cometer.***

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