Saturnino Braga - pois que venda a puta que os pariu

Venda
(Quem sabe o último Correio)

Tenho oitenta e seis anos, sessenta de política.
Votei em Getúlio Vargas em mil novecentos e cinqüenta.
Chorei sua morte, li sua carta, entrei na fila e vi seu corpo.
Trabalhei pelo Desenvolvimento no BNDE que ele criou.
Conheci pessoalmente e admirei Rômulo de Almeida, Inácio Rangel, Jesus Soares Pereira e Cleantho de Paiva Leite, seus projetistas, os Boêmios Cívicos como ele os chamava.
Vi e repudiei dois golpes entreguistas: o dele e o de Jango, que era um filho dele, dez anos depois.
Exultei quando Geisel rompeu e governou nacionalista.
Convivi com Tancredo, Ministro de Getúlio a vida inteira.
Revoltei-me profundamente com este terceiro golpe.
Visceralmente o vomitei.
Mais entreguista do que os outros dois.
Mais sem vergonha.
Que fatiou logo a Petrobras e entregou o Pré-sal.
Vendeu dezenas de dezenas de empresas brasileiras.
Que acabou com as ações preferenciais da Vale para torná-la uma Empresa de Mercado.
Que secou de verbas a cultura e a ciência do Brasil.
E quer vender as nossas terras para o mundo.
Que pôs à venda a Estação de Alcântara e o satélite brasileiro de informações.
Vendeu estradas e aeroportos.
E quer vender a nossa Casa da Moeda.
Pois agora chega a nova que faltava,
Desfaçatez que nos deixa sem palavras:
Querem vender a irmã da Petrobras,
Vender a luz e a força do Brasil.
Querem vender, vender, privatizar.
Que vendam, pois, a puta que os pariu!

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