À medida em que o tempo passa o próprio PT vai se dar conta da sinuca de bico em que se meteu. Não há dúvida que seria uma estupidez desistir do candidato que pode levar a eleição no primeiro turno, como indicam todas as pesquisas, mas jogar todas as fichas na possibilidade de ele ser solto antes das eleições pode ser uma miragem no deserto. O próprio PT já definiu que Lula é um preso político. Se o motivo da prisão foi político, não faz sentido supor que ele será solto antes das eleições.
O tempo não para, como dizia Cazuza. Nenhuma campanha de nenhum candidato de qualquer viés ideológico parou desde que Lula foi preso. Ninguém deixou de ser candidato nem de fazer campanha. Nem Boulos, nem Manuela, nem Ciro, nem Alckmin, nem Temer – como vimos na cena patética em que tentou flertar com o populismo.
Ou seja, a campanha continua sem Lula.
Na próxima semana, exatamente no dia em que Lula completa um mês de prisão, o portal UOL e o SBT iniciam sabatinas com presidenciáveis. Lula não foi convidado, é claro, por estar impedido de sair da Sala de Estado Maior, que tem esse nome bonito, mas que o mantém fechado entre quatro paredes.
Gleisi, a presidente do PT, avisou, com muita propriedade, que os direitos políticos de Lula não foram cassados e pediu a inclusão de um representante de Lula nas sabatinas, já que ele não pode.
A reivindicação é justa, mas as emissoras podem alegar que as sabatinas são de cunho pessoal, com os candidatos, não com representantes. O formato não permite que alguém fale em nome de quem vai disputar a presidência da República.
Nem Lula, nem o PT vão aparecer nessas sabatinas, nem nos próximos eventos dos meios de comunicação que vão apresentar os pré-presidenciáveis ao Brasil.
A acontecer desse modo, o PT deveria avaliar se isso poderá afetar a pontuação de Lula nas pesquisas, já que seus eleitores potenciais – que não são apenas petistas - serão bombardeados com a informação de que ele está fora da eleição.
Essa é a questão sensível que o PT tem de enfrentar. Tem de analisar se os danos para a candidatura Lula serão maiores se ele for mantido até os 45 minutos do segundo tempo e ficar fora da campanha até não se sabe quando ou se ele a alguma altura anunciar seu herdeiro, que entrará na campanha em seu nome, mas poderá participar do processo eleitoral nos meios de comunicação.
E, se Lula de fato for solto antes das eleições, sai o herdeiro e ele volta a ser cabeça de chapa.
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