- Para mim não causaria nenhuma surpresa acontecer isso. Para tanto bastaria Ciro ocupar seu tempo "batendo" nos golpistas em vez de ficar falando em Lula e no PT para o pig distorcer suas palavra, colocar seus argumentos fora do contexto para criar rusgas entre os progressistas democratas. O problema é que ele sempre cai nas pegadinhas da máfia midiática. -
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Três coisas passaram despercebidas nos comentários e análises relacionados à última pesquisa eleitoral realizada pela CUT/Vox Populi.
A primeira é o fato que Ciro Gomes ultrapassa pela primeira vez Alckmin e Marina, uma tendência que já havíamos anunciado (clique aqui para ler) e que se relaciona à explosão da candidatura Lula, que agora venceria no primeiro turno, curvando por força gravitacional, todo o tabuleiro eleitoral para uma posição antigolpista, que começa a ganhar setores normalmente anti-petistas.
A segunda coisa é que esse reposicionamento ajuda a explicar o esforço do governo e da direita na migração do dito Centrão para a candidatura Alckmin, trata-se de um último esforço para recolocar Ciro como candidato menor na disputa eleitoral.
A terceira coisa é o banimento das páginas do MBL, já que o ambiente de ódios antirrepublicanos só favorece à extrema direita.
E como é que tudo isso se conecta?
Primeiramente a candidatura Lula segue vitoriosa e ele ou seu representante estarão eleitos no primeiro ou no segundo turno das eleições, se essas não forem fraudadas (golpe é golpe). Trata-se como podemos ver, (e muitos anteciparam, clique aqui para ler) que a prisão seria um palanque melhor que as caravanas regionais.
Em segundo lugar a disputa pela primeira posição depois de Bolsonaro decorre da aparente necessidade para Alckmin de figurar como o melhor herdeiro de um bolsonarismo cuja debacle parece estar no forno, afinal não terá tempo de televisão, o facebook (vide o que ocorreu com o MBL) estará sob a vigilância cívica do PSDB e os palanques nos estados foram reduzidos a nada...
Porém, o que o Centrão e Alckmin parecem desconsiderar é a influência de peso geológico da candidatura Lula e do antigolpismo que ela irradia, alinhando o eleitorado para além da questão partidária. A candidatura Lula nos níveis em que está é fator de alta letalidade para o conjunto das forças golpistas, porque define um padrão incontornável de legitimidades, perante o qual os antilulistas só poderão exprimir um “Sim, mas...” e cada vez menos um “Não” rotundo. Não nos iludamos com a aliança PSDB/Centrão. Está destinada a afundar e não resistirá à campanha.
Portanto, é a candidatura Ciro a principal beneficiária do alinhamento de legitimidades produzido pelo fenômeno maior da candidatura Lula. Ciro é o candidato do “sim, mas” e essas eleições serão plebiscitárias em relação ao golpe de 2016 que teve em Ciro Gomes um de seus principais oponentes.
Nesse contexto Ciro deverá ser o principal tributário do antilulista voto do “sim, mas” um fenômeno aliás que, por voto útil, vai desidratar em seu favor, também, a candidatura Marina, o que a torna, aliás, potencial aliada de Ciro.
Ciro é o único candidato que pode encarnar ao mesmo tempo o antipetismo e o antigolpismo, sem perder de vista a recuperação do Estado Social e das Políticas Públicas como indutoras do desenvolvimento e da redução das assimetrias sociais. Por isso, se o fenômeno eleitoral tiver tempo de se exprimir plenamente no nível dos seus significados, o segundo turno deverá, e isso será uma condenação de grande impacto da aventura golpista, ter como candidatos, Lula ou o seu indicado versus Ciro Gomes.
A geringonça portuguesa, que é o nome dado pelos partidos de esquerda que hoje governam Portugal, à articulação que sustenta o governo progressista naquele país, não foi construída ao longo do tempo por uma política comum dos diversos partidos, não. Cada um, ao longo de décadas avançou como pôde para aumentar a sua influência, o que incluiu querelas e beligerância no campo da esquerda. Até o momento em que a matemática permitiu o governo comum. Não nos deixemos, portanto, aprisionar ou formar opinião pelos discursos, mas pelos sentidos últimos de cada candidatura, pois, fosse assim não haveria geringonça em Portugal...
Essa verdade histórica me leva, nessas eleições a ter dois candidatos: o meu que é Lula ou quem ele indicar, por quem pedirei votos, e Ciro para todos aqueles que queiram dizer NÃO ao golpe, mas que não conseguirão ir além de um “Sim, mas” quanto a Lula e ao PT. A esses aconselharei o voto em Ciro entendendo o aspecto plebiscitário e estratégico desse pleito.
Ganhemos portanto a eleição e o seu significado democrático!
A geringonça do Brasil é Lula em primeiro e Ciro em segundo. Depois sentamos para a matemática porque haverá muito, muito, por ser feito.
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