Depois de faltar ao depoimento marcado pelo Ministério Público e obter no STF a paralisação das investigações sobre as contas de seu amigo e motorista Fabrício Queiroz, anuncia-se que Flávio Bolsonaro dará hoje à noite uma entrevista à TV Record.
Tudo indica que com um questionamento “adocicado” como o que teve Fabrício no SBT.
Talvez não seja lembrado – e cobrado – sobre a “história plausível” que disse ter ouvido de seu amigo, um mês atrás, justificando o movimento de R$ 1,2 milhão em sua conta.
A menos que diga que a história é a da compra e venda de automóveis.
Até porque, para movimentar isso, só mesmo (e olhe lá) se comprasse formalmente o automóvel e depois o revendesse, o que teria de ser registrado no Detran.
Quem sabe explique como posou como alguém que estava sendo investigado irregularmente se o Ministério Público diz que não era e até mesmo o escudeiro do papai Bolsonaro, Ônyx Lorenzonni, declarou hoje que o Filho 01 ” nem era investigado“.
Por mais comportada que seja a entrevista – a uma coletiva, mesmo, o sujeito não se arrisca – algo me diz que ele vai se complicar ainda mais, seja pelo que disser, seja pelo que não disser.
Dificilmente dirá o que é óbvio: que discutiu ou comunicou ao pai o recurso ao Supremo.
A reação do Ministério Público é a de quem tem “bala na agulha”. Não apenas diz que os inquéritos estão prosseguindo na área cível e de improbidade administrativa como insinua que podem existir movimentação suspeitas do próprio deputado, agora senador eleito:
“O relatório de inteligência financeira (RIF) remetido pelo COAF noticia movimentações atípicas tanto de agentes políticos como de servidores públicos da ALERJ. Por cautela, não se indicou de imediato na portaria que instaurou os procedimentos investigatórios criminais (PIC) os nomes dos parlamentares supostamente envolvidos em atividades ilícitas”.
A entrevista, portanto, parece deixar de lado a sabedoria do gato, que enterra o que inevitavelmente vai feder.
Tijolaço