Grande ideia, criar uma vida nacional paralela, para ser vivida nos canais de WhatsApp da Presidência da República. Seria um desperdício limitar a iniciativa ao vídeo pró-golpe. Por que não criar um departamento de camuflagem para gerenciar o processo de substituição da realidade?
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Não é justo que apenas Paulo Amaral ganhe uns trocados. Muitos brasileiros, depois de ouvir os discursos e as entrevistas de Bolsonaro, gostariam de viver no Brasil que o capitão descreve com tanto entusiasmo, seja ele onde for. O que falta são bons atores para dar vida à única realidade do governo: a ficção.
Se o departamento cenográfico der certo, o Planalto pode lançar um ambicioso programa de combate ao desemprego. Milhões de brasileiros seriam transformados em atores, habilitando-se para trabalhar nos vídeos da Presidência.
Bolsonaro e sua dinastia ecoariam nas redes sociais comerciais em série. Num, haveria um MEC sem Vélez. Noutro, um Itamaraty sem Araújo. Numa terceira peça, o país seria apresentado a um Planalto em que o presidente não fosse da cota do polemista Olavo de Carvalho.
Muitos brasileiros, influenciados pela "extrema imprensa", talvez resistissem à ideia de habitar a ficção. Nessa hipótese, Bolsonaro criaria um grupo de trabalho para conceber um segundo programa de recuperação do emprego. Nele, os desempregados que não tivessem virado atores a serviço do governo seriam treinados para se transformar em palhaços.
Assim, numa sinergia perfeita, parte dos desempregados estaria dentro dos vídeos do governo. Outro contingente estaria na plateia, acreditando piamente no Brasil paralelo da propaganda oficial.
Quem não estivesse gravando as peças promocionais estaria nas filas para receber gratuitamente seus narizes vermelhos, colarinhos folgados e sapatos grandes. Seria o maior e mais ambicioso projeto de revitalização do emprego da história.
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Ator: Paulo Amaral
Patrocínio: brasileiros que pagam impostos
Vida que segue
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