Sem comparação, por Rafael Patto

Quem compara Lula e bolsonaro, estabelecendo uma equivalência de personalidades, como se o Lula estivesse para a esquerda do espectro político-ideológico assim como bolsonaro está para a direita, é mau-caráter. Isso é banditismo argumentativo, desonestidade intelectual.

Qualquer discurso, pronunciamento ou entrevista do Lula são uma aula de História do Brasil. As falas de Lula são racionais, coerentes, fundamentadas. 

Por outro lado, bolsonaro é um mistificador, um mitômano compulsivo. Um bravateiro apelativo e sensacionalista. 

A palavra que talvez melhor traduza a trajetória de vida e política do Lula é resiliência: um retirante nordestino que tinha tudo para ter dado errado na vida (aliás, poderia ter morrido de desnutrição ainda criança ou mesmo nem ter nascido vivo) veio para o sudeste,  concluiu um curso profissionalizante e se tornou um líder sindical que mobilizou os trabalhadores do maior polo metalúrgico do país nas mais grandiosas e pacíficas manifestações grevistas de que se tem notícia no período da ditadura. Depois disso, fundou o maior partido político de esquerda do mundo e se tornou o Presidente que operou a maior transformação na fisionomia social que já se viu na história dessa repútrida.

Enquanto isso, onde estava bolsonaro? Sendo expurgado do exército e se associando ao que há de mais espúrio no submundo do estado paralelo no Rio de Janeiro. Em três décadas como parlamentar, não fez nada de relevante. Não apresentou sequer um projeto de lei de interesse social. Unzinho que fosse. De seu longo período como deputado, o que temos conhecimento é do recebimento indevido do auxílio-moradia (usado, segundo ele mesmo, para "comer gente"), da ameaça de estupro a uma colega, e de seus discursos misóginos, racistas e homofóbicos, além da ovação à ditadura e a um de seus mais deploráveis torturadores: carlos brilhante ustra.

Lula jamais pregou o ódio. Muito pelo contrário. Lula sempre semeou o bem. Onde quer que ele esteja, sempre haverá por perto alguém para abraçá-lo e agradecê-lo, como fez a hoje cientista política beninense que estudou na UFRJ, contemplada por um dos programas de intercâmbio implementados em seu governo, dentro da orientação geopolítica do Itamaraty, sob o então luxuoso comando do ministro Celso Amorim, que priorizava as relações de cooperação Sul-Sul, no lugar do velho viralatismo e submissão aos estados unidos.

E não é só uma estudante africana que reconhece o valor do Presidente Lula. Em viagem por esses dias a alguns países europeus, Lula foi tratado com honras de Estadista. Proseou por horas com o presidente francês em Paris. Foi recebido pelo primeiro-ministro espanhol em Madri e, na Bélgica, foi aplaudido de pé por parlamentares da União Europeia.

Reconheçamos: isso é uma desmoralização para o bolsonaro. E para o sergio moro também!  O mundo inteiro reconhece Lula como uma das maiores lideranças democráticas do nosso tempo, como alguém que contribui como poucos para o diálogo e entendimento entre os povos e nações. Nenhuma autoridade relevante do planeta enxerga Lula como um ex-presidiário, porque todos sabem, todos sabemos, que a condenação do Lula foi um arranjo sórdido para inviabilizar sua candidatura à presidência em 2018. 

Bem diferente do respeito e admiração que Lula recebe por toda parte, quando bolsonaro viaja, na condição de representante do Estado Brasileiro, ele só desperta rejeição e constrangimento. Os líderes mundiais o evitam. Os povos o abominam. Em qualquer foto oficial de qualquer evento, fica nítido o desconforto de bolsonaro, que no íntimo sabe que é ridicularizado pelas demais lideranças mundiais. Pegue uma dessas fotos, com essa triste e mal-ajambrada figura, e contraste com as fotos dos tempos do Lula e sua presença solar naqueles registros, sempre leve, sorridente, naturalmente descontraído.

Portanto, se querem comparar Lula e bolsonaro, comparem. É bom que comparem. É desejável que comparem. Mas sejam honestos. Um bom termo de comparação entre eles é a constatação de que Lula é um cidadão do mundo. Ao passo que bolsonaro não passa de um soldadinho desqualificado da milícia carioca.

E o moro? Bem, já que eu falei nele, sergio moro consegue ser no máximo um garoto-propaganda da tacanhice deslumbrada e provinciana das pseudo-elites agrárias de um Brasil anacrônico e iletrado.
Rafael Patto

2 comentários:

  1. Qualquer discurso, pronunciamento ou entrevista do Lula são uma aula de História do Brasil. As falas de Lula são racionais, coerentes, fundamentadas.

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