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Luto

“O Pará está de luto”
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A declaração é da deputada estadual Bernadete Ten Caten (PT-PA) e resume a dor que cobriu o Pará, nesta terça-feira, quando os líderes ambientais José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, foram assassinatos em Maçaranduba, no Sudoeste do Estado.


Ambos faziam parte de uma lista da Pastoral da Terra de ativistas da região que já foram ameaçados de morte em função do seu envolvimento em movimentos sociais e em atividades na defesa do meio ambiente. O velório foi hoje em Marabá, sob forte comoção da comunidade.

Deputada, como está o clima hoje no Pará?
 
[ Bernadete Ten Caten ] O Pará está de luto. Estamos todos revoltados e indignados com o assassinato de José Cláudio e da Maria do Espírito Santo. A emboscada foi armada a 12 Km do lote em que eles moravam, a 70Km de Marabá. Eles passavam por uma estrada vicinal de bastante risco, que exige a parada dos motoristas, quando os pistoleiros disparam em José Cláudio e, em seguida, deram um tiro no rosto da Maria do Espírito Santos.  
 
Nós éramos amigos, somos do PT e sempre acompanhei a trajetória do casal. A Maria havia acabado de se formar em Pedagogia da Terra e o José Cláudio estava na faculdade. Além de ambientalistas e ardorosos defensores da floresta, eles lideravam o Projeto Agroextrativista Praialta-Piranheira, que agrega mais de 100 famílias. No Pará, há mais de 480 projetos de assentamento. Mas o deles é o único que não tem produção de agricultura familiar e pecuária. O foco é o agroextrativismo, na linha da economia solidária e da preservação ambiental.

Eles estavam jurados de morte?
 
[ Bernadete ] Sim. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) acolheu depoimentos de várias pessoas que vêm sofrendo ameaças de mortes. Eles estavam entre estes nomes, ao lado de mais duas pessoas do assentamento. As ameaças começaram há cinco anos, quando passaram a denunciar a extração irregular da madeira. Como deputada estadual, eu reforcei esta denúncia.Eles preservavam o único lugar em que ainda existem grandes castanheiras em pé na região.
 
Como você avalia a determinação da presidenta Dilma para que a Polícia Federal investigue a autoria dos assassinatos? 
 
[ Bernadete] A iniciativa da presidenta repercutiu de forma positiva. As investigações começam com força. A Polícia Federal já está ouvindo as testemunhas na Delegacia de Conflitos Agrários de Marabá (DECA). A Comissão Pastoral da Terra e a Ouvidoria Agrária Nacional da Secretaria Pública do Estado, entre outras entidades, acompanham os processos. Na realidade, o ideal é que governo federal e o estadual atuem juntos para apurar os fatos.
 
Como explicar a grande incidência de mortes no Pará? 
 
[ Bernadete] Nos últimos anos, a incidência de mortes violentas resultantes de conflitos fundiários tem sido menor. Tivemos entre as décadas 80 e 90 um contingente grande de assassinatos, mas houve uma drástica redução, salvo o caso da Irmã Doroty. Ninguém esperava as mortes de José Cláudio e Maria do Espírito Santo, apesar das ameaças e de eles estarem na lista da CPT.

Segurança

COMPLEXO DO ALEMÃO: UPP OU GPAE?

1. GPAE foi introduzido a partir do ano 2000 em algumas comunidades, começando por Pavão-Pavãozinho. A Polícia Militar ocupava o perímetro de uma favela e, com isso, impedia a disputa das bocas de fumo entre as facções. Como se sabe, parte significativa dos assassinatos ocorre na disputa de espaço pelas facções de traficantes. O GPAE não impedia o tráfico de drogas, mas inibia a disputa de ponto de venda de drogas. Alguns ironizaram, dizendo que era o Comando Azul fazendo a segurança do Comando Vermelho.

2. As UPPs -uma etapa superior- ocuparam as favelas sob controle de traficantes, expulsaram os mesmos e devolveram a essas comunidades o estado de direito, mesmo que os traficantes tenham se deslocado para outras comunidades.

3. A ocupação do Complexo do Alemão -pela Marinha, Exército e Policias- foi a primeira experiência de UPP em uma comunidade de grande porte com presença matriz do tráfico de drogas. O sucesso foi total. E na ocupação, foi dado tempo para os traficantes fugirem, de forma a proteger as pessoas contra uma chacina.

4. Neste momento -poucos meses depois, segundo policiais e moradores-, o tráfico de drogas retornou ao Complexo do Alemão, movimentando muito mais no comércio de drogas do que comercializava antes. E -segundo aqueles- com muito menor custo, pois não precisam mais comprar fuzis-metralhadoras para seu negócio. Com isso, o lucro do tráfico aumentou.

5. Sendo assim, no Complexo do Alemão, o que ocorreu de fato -segundo policiais e moradores- foi a volta do Projeto GPAE. O tráfico fica autorizado a funcionar, e a presença das forças policiais e militares inibe a disputa das bocas de fumo, a guerra entre facções. Fica apenas o monopólio do Comando Vermelho, com maior volume de drogas e maior taxa de lucro. Cabe à polícia e ao exército investigar e conferir e..., agir.
Cesar Maia

Drogas

[...] Quer acabar com o tráfico em São Paulo, feche o Denarc

Corrupção policial motivou ataques do PCC, diz estudo
Episódio que apavorou paulistas completa cinco anos nesta semana
Dados produzidos por pesquisadores da ONG Justiça Global e por faculdade de Harvard serão lançados hoje
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
Cinco anos após a onda de ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) que parou São Paulo, o maior estudo sobre o tema realizado desde então aponta três motivos para as ações.
São eles: corrupção policial contra membros do grupo, falta de integração dos aparatos repressivos e a transferência que uniu 765 chefes do PCC, às vésperas do Dia das Mães de 2006, numa prisão do interior paulista.
Os dados são do estudo "São Paulo Sob Achaque", contundente raio-x feito durante quatro anos e oito meses que será divulgado hoje.
O estudo é uma parceira da ONG Justiça Global e da Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard, uma das mais importantes dos EUA.
Os autores consultaram centenas de documentos, muitos sigilosos, processos sobre as mortes ocorridas em maio de 2006 e entrevistaram as autoridades envolvidas.
A extorsão de R$ 300 mil que, diz o Ministério Público, foi praticada em março de 2005 pelos policiais civis Augusto Peña e José Roberto de Araújo contra Rodrigo Olivatto de Morais, enteado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como chefe do PCC, é um dos casos de corrupção policial citados.
Os dois policiais chegaram a ser presos. Hoje estão soltos. Eles negam as acusações.
O estudo reforça que, dois dias após os primeiros atentados, o Estado enviou uma comissão a um presídio para negociar o fim dos ataques, fato negado pelo governo.
"O maio de 2006 não foi puramente uma manifestação da violência", diz Sandra Carvalho, da Justiça Global.
Ao esmiuçar os 493 homicídios ocorridos no Estado de 12 a 20 de maio de 2006, o estudo viu "indícios da participação de policiais em 122 execuções", além de discrepância na elucidação desses casos em relação aos que vitimaram 43 agentes públicos.
"Falta boa vontade para mostrar que, na suposta reação policial, inocentes foram mortos", diz Débora Maria da Silva, da ONG Mães de Maio, criada por familiares de mortos por policiais em 2006.
Na quinta, será lançado "Mães de Maio - Do Luto à Luta", livro com a visão da ONG sobre o os eventos da época.

Um erro não conserta o outro

Ricardo Noblat, jornalista, blogueiro e compilador-mor da imprensa brasileira, escreve um comentário no blog dele criticando a agressão praticada pelo senador Roberto Requião a um jornalista. Concordo que o senador errou, não deveriu ter tomado o gravador do profissional. E mais, acho que deveria ter respondido a pergunta feita. 

Porém, peço que visitem " Requião, uma vocação de ditador " , e vejam que foi mais agredido, o jornalista que teve o gravador arrancado das mãos ou senador ser chamado de cachorro pelo Noblat?.. 

Que moral tem o blogueiro em condenar o senador insultando-o de forma ainda mais violenta?..

Nenhuma!

Como diz o ditado popular: Um erro não conserta outro.

Guantánamo

[...] a vergonha desumana

É frequente vermos acusações sobre a violação de direitos humanos em Cuba. E, hoje, os principais jornais do mundo trazem descrições minuciosas sobre elas. Mas não na Cuba castrista, mas no pedaço de Cuba que é ilegalmente controlado pelos Estados Unidos: Guantánamo.
“Guantanamo criou um sistema policial e penal, sem qualquer garantia, que só se preocupa com dois temas: quanta informação é obtida a partir de prisioneiros, embora eles sejam inocentes, e se poderiam ser perigosos no futuro. ” , diz o El País. “Idosos com demência, jovens, pacientes psiquiátricos graves e professores ou agricultores sem conexão com a Jihad ( guerra santa, em árabe)foram levados para a cadeia e misturados com verdadeiros terroristas, como os responsáveis 11 de setembro.
El País teve acesso -  juntamente com outros meios de comunicação internacionais – e através da Wikileaks, aos registros secretos militares de 759 dos 779 prisioneiros que passaram na prisão, dos quais aproximadamente 170 continuam detidos.  A revelação dos segredos de Guantanamo, transformada em prisão por George W. Bush em 2002, à margem das leis nacionais e internacionais, vem em um momento ruim para o presidente Barack Obama. Fechar a prisão foi a sua primeira promessa depois de tomar posse em janeiro de 2009. O anúncio, um mês atrás, que iria retomar os julgamentos da comissão militar foi o reconhecimento de seu fracasso.
Os relatórios, datados entre 2002 e 2009, que na maioria dos casos são destinados a recomendar se o preso deva permanecer na prisão, ser libertados ou transferidos para outro país, documentado pela primeira vez como os EUA no valor de cada internamente eo que sabia deles. Revelam um sistema baseado em acusações de outros detentos, sem regras claras, baseadas na desconfiança e conjecturas, que não necessita de provas: 143 pessoas ficaram presas mais de nove anos sem acusação formal.
Entre os presos, estavam um velho de 89 anos com demência e depressão, um pai que fui à procura de seu filho entre os  talebans, um comerciante que viajava sem documentos, um homem que estava pedindo carona para comprar remédios. Pelo menos 150 dos presos em Guantánamo eram afegãos e paquistaneses inocentes, incluindo motoristas, agricultores e cozinheiros, que foram detidos durante operações de inteligência em zonas de guerra.
Muitas vezes, o único crime de que as autoridades os culpam é de o de ter um primo, amigo ou irmão relacionadas com a Jihad, ou viver em uma cidade onde haja guerrilheiros, ou andar em  vias de circulação utilizadas por terroristas e portanto, conhecê-los bem.
A reação da Casa Branca foi lamentar que o El País, o The New York Times e o Washington Post tenham publicado dos documentos divulgados “de forma ilegal” pelo Wikileaks.
Não se pode deixar de reconhecer que o Governo americano, responsável pelo campo de concentração, entende bem o que é “de forma ilegal”.

por Cristovam Buarque

Paz nas escolas
O assassinato brutal de 12 crianças em uma escola em Realengo não afetará o PIB de 2011. Por isso, corremos o risco de um fato tão grave ser esquecido dentro de pouco tempo, como aconteceu com o assassinato de seis crianças em Luziânia, Goiás, em 2010.

Isso porque ainda estamos presos à economia e ao imediatismo.
Quando ocorre um crime como o de Realengo, a busca pela segurança prevalece sobre a ideia da paz. Desde essa tragédia, surgiram várias propostas para evitar a violência nas escolas: muros, detectores de metal.
Mas não são solução para formar as futuras gerações que governarão o País. Mesmo para garantir a segurança imediata é preciso ter a perspectiva da paz, no médio e longo prazo. E para isso, devemos entender melhor o problema da violência nas escolas.
A sociedade brasileira é violenta, e é difícil imaginar uma escola em paz cercada pelo tráfico, pelo assassinato de crianças, por lares violentos. Existe ainda a violência da miséria convivendo com a riqueza, ainda mais em uma sociedade permissiva e que não pune a violência que se espalha diariamente.
É preciso lembrar que nos últimos cinco anos foram assassinadas mais de 10 mil crianças, que muitos outros milhares morreram por falta de cuidados. E que há uma violência aceita com naturalidade: o vandalismo na escola, das cadeiras quebradas, dos prédios degradados por atos de alunos ou pela omissão de governantes; o desrespeito ao professor; o bullying generalizado.
A construção da paz depende de uma mudança cultural, mas também de leis que estimulem o respeito pela escola e a punição de todos os crimes: dos assassinos em massa aos vândalos.
Um dos passos é criar no MEC um setor educacional dedicado à segurança, sob a ótica da paz. Para construir um pacto dentro da sala de aula, envolvendo professores, alunos, pais e servidores, e proteger os arredores da escola, usando a capacidade e a competência dos policiais. A escola passa a ser pacífica por dentro, e protegida de forma invisível por fora. Projeto nesse sentido está no Senado desde 2008, é o PLS 191.
Isso não basta, pois a violência não existe apenas na escola, afeta milhões de crianças que não têm um setor público federal que tome conta delas: uma Agência (Secretaria Presidencial) Nacional de Proteção à Criança e ao Adolescente. Como já existem para jovens, afro-descendentes, mulheres, índios. Um Projeto de Lei nesse sentido foi apresentado ao Senado há quase seis anos.
Cinco dias depois da tragédia de Realengo, a Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados mandou arquivar, porque ele envolvia algum custo. Foi aprovada a criação de um ministério para cuidar das pequenas e médias empresas, mas falta dinheiro para cuidar dos pequenos e médios brasileiros.

Mulher linda agredida

Lei Maria da Penha nele

Nossos filhos, nossos netos, nossas escolas e nosso mundo


A alienação cultivada criou um jovem ensimesmado e prisioneiro da busca individualizada
 
 “Jovens completamente desinformados nunca ouviram falar de Vladimir Herzog ou João Goulart. Eles não têm culpa, a culpa é das elites que preferem omitir os fatos ou manipulá-los”.
Mário Augusto Jakobskind, jornalista e escritor.
 
  
 Agora que a tragédia da Escola Pública de Realengo vai sumindo da mídia, como soe acontecer no minguar de fatos novos e na indigência das últimas cenas, cabe-nos abrir a grande angular para alcançar esse universo vazio em que nossos filhos e nossos netos patinam ensimesmados na angústia de resolverem suas vidas sozinhos, na fogueira dos conflitos inflados pela individualização do triunfo.

Deploro do fundo d’alma que essas gerações imaturas tenham sido jogadas na modernidade mais farta em liberdades, em descontração e em conquistas tecnológicas sem que, ao mesmo tempo, salvaguardassem os valores mais nobres da natureza humana.

Ao contrário, a força potencializadora emanada dos incomensuráveis avanços no plano da informação e a liberalização saudável do corpo e da mente parece ter sido usada na determinação estratégica da bestialização imobilizadora dos focos susceptíveis à indignação e repulsa.

Mesmo admitindo que historicamente o envolvimento de jovens nas causas humanitárias, distantes do seu interesse pessoal,  e na despojada contestação dos desatinos limitou-se a uma minoria mais esclarecida, é difícil hoje ver jovens mobilizados por puro idealismo, tal como naqueles idos em que se alçavam alguns até para condenar a câmera de gás que executou em 1960 Caryl Chessman, o bandido que se fizera escritor brilhante no corredor da morte de San Quentin, na Califórnia.

A grosso modo, é deprimente constatar uma insolente inversão dos papéis: é mais fácil ouvir o esperneio dos avós premidos nos limites de sua capacidade física do que o grito sonoro dos peitos juvenis.

O bullyng das agressões interpessoais

Esse processo insidioso de redirecionamento dos ímpetos de uma idade ainda não contaminada pelo pragmatismo arrivista está dando na formação de hordas de solitários ególatras, confinados num ambiente em que cada um deve tratar exclusivamente de si, sem qualquer elo com seus iguais: antes, aliás, mais propensos a tratarem de serem mais desiguais possíveis, sob pressão da idéia de que não há espaço para todos.

Isso leva inevitavelmente a descobrir futuros competidores no seu meio e a buscar a própria afirmação na exploração da eventual deficiência e na timidez dos outros. Essa síndrome de uma “agressividade competitiva inconsciente”, que se manifesta nas escolas de primeiro grau com maior frequência, com o nome importado de BULLYNG por repetir práticas da matriz cultural, está intrinsecamente ligada ao processo de recanalização do potencial rebelde dos jovens,  sujeitos a perfis degenerativos.

Sabem as autoridades educacionais da proliferação de grupos de alto teor de agressividade, verdadeiras gangues, que impõem suas vontades com tal petulância que chegam a encurralar professores, sujeitando-os ao seu comando, inclusive na imposição de notas.

Gangues nas escolas e o silêncio dos mestres

Se o morticínio de Realengo expôs uma personalidade esquizofrênica e conscientemente envolvida na gestão de um ato brutal, seriam honestas a direções das escolas, sobretudo, infelizmente as públicas de áreas conflagradas, se tivessem coragem de coibir abusos de gangues, algumas auto-proclamadas como sob a proteção de bandidos de suas áreas.

De um modo geral, sem esperança de que um gesto possa produzir efeitos positivos, os professores calam mesmo quando são afrontados em plena sala de aula. Mas nenhum deles pode negar a existência de uma cultura de violência banalizada, coisa que não é exclusiva das periferias pobres.  Em escolas de ricos é comum professores serem alvos de bolinhas de papel quando estão de costas para a turna.

  Ali mesmo na capital federal não é rara a exibição de meninos de classe média na prática de atos perversos e nos conflitos intergrupais. Lá a proliferação de gangues de condomínios e de certas escolas é pública e notória.

Até uma pesquisa realizada no Rio de Janeiro mostrou o grau de insuficiência no trato com o bullyng. O Instituto INFORMA revelou, em matéria publicada com destaque por O GLOBO, um grande percentual de vítimas dessas práticas entre os 830 estudantes ouvidos. Curiosamente, nenhum dos entrevistados admitiu ter praticado ele próprio esse tipo de violência cada vez mais perversa.

Não seria forçado associar tais práticas aos trotes que ainda fazem parte da crônica juvenil. A única diferença é que esses parecem integrados ao currículo escolar, no processo de iniciação dos novos alunos, tal como acontece em algumas seitas e sociedades fechadas.

Jovens no descaminho manipulado
 
De fora do ambiente escolar, o progresso tecnológico da mídia e dos games se encarrega de oferecer insumos à substituição dos impulsos motivacionais, levando em última instância à forja de um jovem moderno “sem saco” para os atos que afetam o sistema de castas cristalizado através da pirâmide social intocável.

Em troca, os anabolizantes mentais oferecem a esse mesmo jovem sensações compensatórias, primeiro no plano da afirmação de um egoísmo hipertrofiado; num segundo momento, na indução a atitudes mais radicais, como o uso de drogas cada vez mais facilitado até mesmo por seus preços popularizados.

Os jovens se movem a pilhas novas, com cargas em excesso. Ao exacerbarem seus fins pessoais, correm o risco do próprio curto circuito. Assuntos pessoais, inclusive de ordem sentimental, são maximizados e viram torturantes cavalos de batalha. Há uma grande possibilidade de que o vírus narcisista se volte contra eles próprios, na medida em que seu egocentrismo não se realize em toda a sua plenitude.
 
O sistema opera igualmente a seleção prévia dos seus nerds, seus meninos prodígios que escapam às conturbações angustiantes da idade para ingressar na nova elite dirigente. Isso em função de um elemento excludente de natureza existencial, tão influente como os limites de classe.

Aí entra outra frustração construída. O acesso à Universidade se tornou mais fácil com as ofertas de um varejão escolar, mas isso não significa necessariamente emprego na área de formação.

Há uma irresponsabilidade visível na proliferação de faculdades de baixo rendimento, em condições de oferecer não mais do que o diploma. Só na área do Direito, mais de mil cursos. Comunicação Social, um segmento que se desvaloriza e se estreita de ano para ano, atrai milhares de garotos cheios de sonhos, tendo como referência, em especial, os espaços televisivos, fomentadores de expectativas de ordem profissional e existencial, e o endeusamento de alguns raros “gênios” da propaganda.
 
A família perdida na mudança de hábitos
O arco midiático reproduz de tal forma o modelo da matriz norte-americana que até os hábitos alimentares foram incorporados, com previsões pessimistas das autoridades de saúde: em 13 anos teremos o mesmo percentual populacional de obesos dos Estados Unidos.

As televisões incrementam a dependência cultural com a massificação de enlatados norte-americanos. Quase todos os quase cem canais a cabo são dos Estados Unidos e refletem seu modo de vida, seus problemas típicos, suas idiossincrasias recheadas de hipocrisias. Dos 2.150 filmes em média  exibidos mensalmente, mais de 70%,  realçam cenas de violência e de crimes, muitos com formatos didáticos. 

O conflito de gerações tem novas conotações e não se limita ao culto da rejeição aos discursos “ultrapassados”. Há inversão de hábitos. Antes, o neto ia buscar o chinelo da avó. Agora é a pobre velhinha que se sujeita à tirania de uma garotada prenhe de auto-afirmação e de prazer personalíssimo.

A pressão do cotidiano eliminou a ceia em família. Já não se faz consulta aos velhos: a garotada já “nasce sabendo” ou prefere se informar na feira da internet. Suas relações ocorrem agora com maior intensidade no Orkut e no faceboock.

Pode-se dizer que os filhos passaram a pautar os pais ou a cultivarem suas agendas paralelas, infensas a qualquer palpite paternal.

A alienação que exacerbou o individualismo

Os jovens que um dia foram contestadores dos estados atrabiliários tendem agora ao choque familiar, mesmo sem a explicitação dos atritos. A carga de informação recebida dos meios eletrônicos substitui tudo, do pai ao pároco. Os antigos valores tornam-se jurássicos, a cultura nativa cede à hegemonia dos metaleiros e dos roqueiros que entram em suas veias no bojo de uma excessiva bateria de clipes alucinógenos, acolitados pela facilidade com que se pode baixar qualquer música do mundo pela internet.

Tudo isso decompôs o ideal juvenil, extirpou aquela velha premissa de que o sucesso pessoal dependia do avanço conjunto da sociedade. Alastra-se como axioma a compreensão de que é cada um por si e nada mais.

No mesmo diapasão, gerações aflitas de pais apegados ao ganha-pão, qualquer ganha-pão, vão deixando de ser referência na “concorrência” desleal dos mitos massificados, heróis de laboratório que são mais poderosos do que a figura paterna, modelares em um passado esquecido.

Em suma, para ficar por aqui, é plausível admitir que o sistema venceu no seu projeto alienante. Mas tudo que diz respeito à espécie humana carrega em si o seu contrário, a possibilidade de um desdobramento fora da programação.

Nossos filhos, nossos netos e nossas escolas já não incomodam o Estado das elites dominantes. Mas suas energias subsistem e se voltarão contra os seus, os parceiros e até mesmo contra os próprios. É aí que reside o núcleo de aberrações traumáticas, como que gerou a tragédia da Escola Pública de Realengo.

Massacre em Realengo

Os sinos dobram por nós

A tragédia de Realengo, de forma particularmente perversa, nos fez ingressar na modernidade.

Nas duas grandes guerras do século passado – sendo que a última terminou há apenas 66 anos – as nações mais adiantadas do mundo, mais desenvolvidas, mais sofisticadas, berços de nossa cultura, se entregaram às maiores barbaridades.
De lá para cá, as coisas mudaram. Houve um tempo de conflitos locais, mas ordem universal.
Assim foi até recentemente, até 2001, quando o mundo mudou para sempre – e nós ainda só o víamos de longe. 
Mas agora, enfim, estamos em dia com a loucura dos tempos modernos.

Brasileiro inocente foi assassinado no metrô londrino por homens da polícia mais civilizada, a Scotland Yard.
Não se pode mais cantar, como em London, London, que “um grupo se aproxima de um policial, e ele parece tão satisfeito por agradá-los”... isso eram os anos setenta.
Depois, prédios urbanos são derrubados por aviões conduzidos por suicidas, estações de metrô explodem, estudantes são chacinados em escolas e universidades, populações africanas são massacradas, cidades ardem em chamas na Irlanda e assim por diante.
Grandes potências, com boas ou más razões, dizimam vidas e iniciam conflitos que depois não conseguem fazer cessar. A internet universaliza o Osama Bin Laden, o terrorismo nos obriga a tirar os sapatos nos aeroportos e a intranqüilidade passou a imperar.
Mas ainda aí tudo isso era remoto, e pensávamos estar imunes a essa loucura.
Nossa violência era outra, mais racional: as milícias impunham uma ordem – podia não ser a de que falam os códigos compendiados, mas uma ordem local, aceita mas não escrita.
E a bandidagem, como a safadeza dos políticos, cabia na ordem geral das coisas.
Até que, numa escola do subúrbio, a modernidade surgiu com um louco armado agindo como agem os loucos “lá fora”... e crianças caem mortas por tiros a esmo.
Não é mais um tiro isolado que mata uma menina numa estação de metrô na Tijuca, ou a bala perdida que encontra alguém. É massacre deliberado, planejado e executado.
Não adianta buscar as causas, nem reclamar que isso faltou, ou aquilo deixou de ser feito ou existir, ou que houve exagero naquilo outro. A tragédia de Realengo não tem origem certa, nem culpados definidos. Ela está no ar que respiramos no planeta.
Diante dela só mesmo lembrando o que disse o poeta John Donne:
“A morte de qualquer ser humano me diminui, pois estou envolto na humanidade; por isso nunca pergunte por quem dobram os sinos, pois eles dobram por você”.

Edgar Flexa Ribeiro é educador, radialista e presidente da Associação Brasileira de Educação

Lei Maria da Penha

[...] Nem a lei nem nem as medidas de proteção do Estado têm sido capazes de garantir a segurança de mulheres ameaçadas de morte.

Que o digam Onofra e Benedito Cardoso, casal que já perdeu duas filhas assassinadas pelos maridos. 

Em 2007, Luciana foi morta na frente das filhas, Gleice, Giovana e Francielle, depois que ela ter procurado a 32ª DP, em Samambaia, para denunciar o marido.

Cinco anos antes, Fernanda foi morta com uma facada no banheiro de casa. 

Os acusados estão presos, mas a família teme que eles em liberdade, voltem a atacá-los.

Segurança

A Polícia Federal do Piauí deflagrou ontem, a Operação Estivas, com o objetivo de desbaratar uma quadrilha de roubo de cargas em rodovias federais no Norte e Nordeste do país. 

Foram executados 32 mandados de busca e apreensão e 15 prisões, no Piauí, Ceará, Pará e São Paulo. 

O delegado Janderlyer Gomes, responsável pela ação, afirmou que a quadrilha agia em vários estados e que as tarefas como, assaltos a mão armada,contabilidade e falsificação. eram distribuídas entre seus integrantes.

Desarmamento

[...] O debate necessário

Revólveres, pistolas e fuzis: as verdadeiras armas de destruição em massa


Hoje, 94 brasileiros morrerão depois de receber um disparo de arma de fogo. É como se a tragédia ocorrida há uma semana na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, se repetisse oito vezes por dia. Todos os dias.


Por não compor um enredo comovente, esta hecatombe a granel passa para os registros sorrateiramente – não há cartas de psicopatas suicidas, nem há vídeos no Youtube mostrando parentes gritando na rua e estudantes fugindo. Não é notícia. E, por isso, os 60 milhões de brasileiros que foram contra a proibição do comércio de armas no Brasil, no referendo de 2005, não se sentem responsáveis por nada disso.


Agora, uma nova iniciativa parlamentar pretende convocar mais um referendo sobre o tema, provavelmente, para o dia 2 de outubro. A proposta, apresentada pelo senador José Sarney depois da tragédia de Realengo, já está na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e deve ir a plenário na sequência. Com sorte, os brasileiros terão uma segunda chance de decidir sobre um assunto vital e negligenciado.


Em todo o mundo, a produção, o comércio e o tráfico de pequenas armas de fogo e munição constituem um dos aspectos mais obscuros, menos regulados e mais cinicamente ignorados pela opinião pública.


O Brasil é um grande produtor de armas. Três empresas privadas continuam produzindo a cluster bomb, um tipo de munição altamente letal e imprecisa, proibida pela Convenção sobre Munições em Cacho, da qual o Estado brasileiro não é signatário.


O país é também um grande produtor de revólveres e pistolas. Por dia, são produzidas aqui 2.800 armas de cano curto, das quais 320 ficam no País e o restante é exportado. De cada dez armas apreendidas pela polícia no Brasil, oito são de fabricação nacional. E 70% das mortes por armas de fogo registradas aqui em 2010 foram provocadas pelo uso de armas que entraram legalmente no mercado, ou seja, entraram nas ruas pelas mãos de “pessoas de bem”.


Os assassinos, aliás, também são, na maioria dos casos, “pessoas de bem”. Pesquisadores norte-americanos e australianos realizaram uma pesquisa sobre o perfil dos crimes com armas de fogo em seus países e chegaram à conclusão de que em apenas 15% dos casos as vítimas não conheciam os assassinos. Na maioria das cidades brasileiras, os homicídios também ocorrem entre pessoas que se conheciam, em finais de semana, em brigas de bar ou de família e por motivos fúteis.


Um dos entraves para frear esse massacre é o lobby das empresas produtoras de armas. No referendo brasileiro de 2005, a Taurus doou 2,8 milhões de reais para a campanha do “não” e a CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos) doou outros 2,7 milhões de reais. A soma corresponde quase à totalidade do custo da vitoriosa campanha do “não”.


No plano internacional, não é diferente. Grandes empresas e governos poderosos lucram com o comércio de armas – principalmente de fuzis baratos e outras armas menores. O documento que deveria regular o setor, o ATT (Arms Trade Treaty) usa termos como “deveria, quando apropriado e levar em consideração” para referir-se às obrigações dos Estados de não vender armas para beligerantes de contextos onde sabidamente cometem-se crimes de guerra. As exigência de respeitar a lei são cênicas, frouxas e escassas. O comércio e o tráfico proliferam nas brechas.


Frequentemente, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprova resoluções impondo embargo de armas a ditadores e autorizando o uso da força para proteger a população civil, mas não pode fazer nada por essas vítimas cotidianas de baixo perfil. Os EUA movem sua máquina militar contra o Iraque, alegando combater a ameaça de “armas de destruição em massa”, mas nenhum arsenal tem provocado mais mortes do que estas pequenas armas espalhadas pelo mundo. Neste caso, nem o Exército mais poderoso de todos tem o poder que um voto pode ter num novo referendo.
por João Paulo Charleaux

Massacre em Realengo

[...] Terror na escola
Bem-vindo o retorno da campanha pelo desarmamento. Mas não acredito que os dois revólveres, usados pelo assassino em massa Wellington Menezes de Oliveira, tenham sido a causa do massacre de crianças na escola de Realengo. A falta dos "38" não desviaria esse rapaz de seu objetivo, pois haveria outras "receitas" para a prática desse tipo de terror. Aos 23 anos, ele julgava-se treinado para agir como uma espécie de "homem-bomba".

A tragédia também não aconteceu por falta de segurança na escola: Wellington foi reconhecido como ex-aluno. Entrou para pegar seu histórico escolar, mostrando-se à vontade diante das câmaras de vigilância. Chegou numa sala de aula dizendo à professora que estava ali para fazer uma palestra. Tudo dentro da normalidade.
De costas para a turma, pousou em cima da mesa a bolsa que carregava. Abriu-a e quando se virou para os alunos, já empunhava as armas. Não é necessário descrever o que aconteceu depois. As cenas terríveis estão na internet. Os sobreviventes, os mortos e suas famílias emocionaram o Brasil e o mundo.
Segundo depoimentos de colegas, o assassino-suicida foi um menino quieto, esquisito, diferente; não reagia, não se queixava. Não desabafava. Por isso, era sistematicamente provocado e ridicularizado; alvo de chacotas, humilhações. Chegou a ser jogado numa lixeira sob a risada geral da turma. Teria se sentido "torturado" emocionalmente até o "assassinato" de sua auto-estima? A crueldade a qual o submeteram destravou o gatilho para uma doença mental aguda?
Neste rastro de suposições seria "lógico" ele ter premeditado a volta à escola para uma "retaliação". Executaria os colegas que o atormentavam (no passado), sem enxergar, em seu delírio, que o tempo já era outro. Não discernira que há uma quarta dimensão. Fez o que fez sem perceber, talvez, que as crianças alvejadas (no presente) não tinham culpa do seu sofrimento.
Na história real de todo esse horror, as que se salvaram continuam traumatizadas e recebem ajuda profissional. Entretanto, outras crianças estão sendo expostas à tragédia macabra por meio da mídia sensacionalista que replica emoções negativas amedrontando-as; fazendo com que se sintam inseguras nas escolas.
Procurar entender não é justificar a monstruosidade. É apenas buscar alguma lição. Por exemplo, o bullying definitivamente não presta. Pelas estatísticas, os Wellington da vida são raríssimos. E a timidez nunca foi, não é, nem vai ser agora sinal de perigo.
Atenéia Feijó

Massacre em Realengo

[...] carta de uma ex-professora da escola

Cara Ruth [de Aquino, chefe da sucursal da revista ÉPOCA no Rio):
Escrevo a você num desabafo. Sou professora de Língua Portuguesa e, em 1995, fiquei cedida, durante quase um ano, à Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo.
Há um nó em minha garganta e, desde que soube do ocorrido, tenho me emocionado inúmeras vezes.
É muito difícil organizar as ideias no pensamento quando essas não fazem sentido…
A fragilidade de nossas escolas tem proporcionado cenas lamentáveis diariamente.
É claro que a tragédia da semana passada não pode servir como parâmetro de comparação, mas vemos, no dia a dia, cenas de violência com as quais temos de lidar, ainda que sem preparo, e a mídia sequer fica sabendo.
São alunos que se agridem física e verbalmente, muitas vezes, por motivos extremamente banais; alunos que desacatam professores e funcionários com palavras de baixo calão; pais e responsáveis que entram nas escolas e agridem professores que, supostamente, teriam causado algum “problema” aos seus filhos…
Não queremos uma escola que se assemelhe a uma penitenciária, com detectores de metais e policiais armados à porta. Mas precisamos de um elemento que exerça algum tipo de autoridade e que nos ajude a lidar com essas ocorrências. Penso que, se houvesse um guarda municipal, que não porta armas letais, durante o expediente, nossos problemas com indisciplina e atos violentos entre os alunos seriam reduzidos.
Na escola onde trabalho hoje, um ex-aluno, de 16 anos, entrou no ano passado com uma garrafa de cachaça escondida e a bebeu juntamente com uma aluna de 13 anos. A menina passou muito mal no banheiro e, quando foi encontrada, estava quase em coma alcoólico. A família foi chamada, mas os pais não vieram buscá-la. Somente um tio tomou essa iniciativa…
Nossa escola é um prédio de 4 andares, tem um grande pátio coberto, duas quadras de esporte e um quintal enorme. Temos somente UMA pessoa trabalhando como inspetora, portadora de deficiência física, que se locomove com dificuldades.
Há alguns anos, a direção mandou instalar câmeras de segurança porque a escola já sofrera diversos roubos. Os próprios alunos se encarregaram de destruir o equipamento.
Já tivemos ocorrências de responsáveis que xingaram professores e direção por não concordarem com as advertências recebidas pelos filhos.
Leia a carta na íntegra Aqui

Segurança

[...] Onde estudam os filhos deles?

Tragédias como a do Realengo despertam nas pessoas a necessidade compulsiva de fazer alguma coisa. É absolutamente legítimo. É instinto de autoproteção. Acontece, porém, que se essa “alguma coisa” demora demais o debate corre o risco de perder foco.

Uns defendem que a resposta adequada para as mortes é uma nova campanha pelo desarmamento. A premissa é matematicamente lógica. Se não houver armas de fogo em circulação não haverá como matar alguém com uma arma de fogo.

Todo determinante de matriz nula é zero.

Fica para o leitor julgar o realismo e a efetividade da proposta. Mas, e até lá? O que fazer enquanto houver armas em circulação? Nada?

Há uma agenda anterior, na esfera da segurança pública. Como ainda existem armas de fogo em circulação, há também necessidade de prevenção e defesa contra criminosos e candidatos a criminosos munidos de armas de fogo. Parece lógico?

No dia do massacre escrevi que o país precisa e vai encontrar recursos para fazer das nossas escolas um lugar mais seguro para nossas crianças.

Eu disse “mais seguro”, não “completamente seguro”. Não há solução que elimine 100% a chance de uma chacina como no Realengo. Mas isso não deve servir de pretexto para omissão.

Em situações extremas é sempre prudente e didático partir de um ângulo pessoal. Sou um pai como qualquer outro. Se tenho o direito de exigir para meu filho uma escola onde ele esteja razoavelmente protegido, por que negar o mesmo direito a todos os pais e mães deste país?

Ainda mais agora. Quanto malucos não ficaram morrendo de inveja da súbita fama alcançada pelo covarde que atirou nas crianças no Rio?

Ao longo do fim de semana, os especialistas procuraram convencer-nos de que nada há a melhorar no terreno da segurança, de que tudo foi uma fatalidade. Aumentar a vigilância nas escolas seria ineficaz, e até prejudicial. Será?

É a mania de achar que se você não tem o ótimo deve desistir de ter o bom.

O ótimo, como se sabe, é o pior inimigo do bom.

Tendo a desconfiar dos especialistas. Respeito mas desconfio. Gostaria de saber onde estudam os filhos deles.

Aposto que não é em escolas onde qualquer um entra sem ser incomodado, e carregando revólveres e balas numa sacola.

Nossos especialistas correm o risco de ficar como algumas autoridades da educação, que gastam dinheiro do povo a rodo para martelar que as escolas públicas vão cada vez melhor.

Mas matriculam seus filhos e netos em boas escolas particulares. Daquelas em que ninguém passa pela portaria sem um bom motivo e sem provar que não é ameaça.

Redação

[...] Composições infantis

Massacre em Realengo

[...] O drama da família do atirador

Acho incrível como a imprensa tem se limitado a mostrar o vandalismo contra o patrimônio da família do assassino como se aquilo fosse uma reação "normal". E muitos jornalistas têm perseguido os familiares de Wellington como se eles tivessem responsabilidade no assassinato de crianças. Será que não entendem que a família não tem nada a ver com isso e que também está vivendo uma tragédia? 
Os parentes saíram da casa já depredada com medo de represálias. Como isso, Wellington Menezes deve ser enterrado como indigente, já que até agora ninguém se prontificou a dar proteção para um membro da família sequer ir ao IML fazer o reconhecimento do corpo.
por Michel
Eis a reportagem do IG:  Quem vai fazer o reconhecimento do corpo?

Irmão de atirador diz que não há condições de ir ao Rio. Família está com receio de represálias “Que País é este? Está tudo pichado, levaram tudo da casa da minha irmã”, diz P, irmão de Wellington de Oliveira, ao comentar sobre o imóvel onde morava com a família em Realengo e foi depredado. Em conversa por telefone com o iG, neste domingo (10), P., muito nervoso, diz que não agüenta mais o assédio da imprensa após o massacre em Realengo e disse que está tomando uma “série de remédios” desde que saiu do hospital com problemas nos rins. “Fiquei 40 dias internado, anemia, não tem nada a ver com essa história, não temos nada a ver com isso. Quem te passou meu telefone? Eu não agüento mais, a gente não tem sossego com negócio de jornal. Estou evitando falar”, afirmou, com a voz trêmula. 

O restante da matéria neste endereço: 
Do Último Segundo
Irmão de atirador diz que não há condições de ir ao Rio. Família está com receio de represálias
Andréia Sadi, iG Brasília | 10/04/2011 13:14
“Que País é este? Está tudo pichado, levaram tudo da casa da minha irmã”, diz P, irmão de Wellington de Oliveira, ao comentar sobre oimóvel onde morava com a família em Realengo e foi depredado. Em conversa por telefone com oiG, neste domingo (10), P., muito nervoso, diz que não agüenta mais o assédio da imprensa após o massacre em Realengo e disse que está tomando uma “série de remédios” desde que saiu do hospital com problemas nos rins.
“Fiquei 40 dias internado, anemia, não tem nada a ver com essa história, não temos nada a ver com isso. Quem te passou meu telefone? Eu não agüento mais, a gente não tem sossego com negócio de jornal. Estou evitando falar”, afirmou, com a voz trêmula.
Um dos cinco irmãos de Wellington, P., pede para desligar porque "precisa almoçar" e passa o telefone para um homem que mora com ele e não quis se identificar. "Gostaria que vocês deixassem a gente em paz. Liga mais tarde, deixa ele almoçar. Ele está com os papéis do médico", disse.
Questionado se alguém da família faria o reconhecimento do corpo do atirador, que continua no Instituto Médico Legal (IML) do Rio para reconhecimento, ele responde: “E quem vai fazer o reconhecimento do corpo? Não tem condições de fazer. E nesta situação? A gente mora longe. Quem vai fazer o reconhecimento do corpo?”
Caso ninguém apareça para fazer o reconhecimento, o corpo de Wellington será enterrado como indigente. Funcionários do IML, que preferem não ser identificados, relataram ao iG que a família estaria com medo de ir ao local para retirar o corpo por conta de represálias. Uma das irmãs do atirador, inclusive, deixou a casa da família em Realengo com o marido e o filho. O local foi depredado na madrugada de sábado.
Após mais um ataque à casa da família de Wellington neste domingo, vizinhos decidiram pedir reforço policial com receio de novas represálias. Uma moradora chegou a dizer à polícia que os vândalos ameaçaram atear fogo no imóvel. Policiais que registraram a ocorrência não descartam a possibilidade de o crime ter sido cometido a mando de traficantes que atuam na região, já que duas crianças mortas moravam na favela.
* Com Priscila Bessa e Flávia Salme, iG Rio de Janeiro

Polícia investiga se massacre foi planejado em grupo

[...] Em cartas, atirador cita pessoas que ainda não se sabe se são reais ou imaginárias


A polícia do Rio investiga se Wellington Menezes de Oliveira, que matou 12 adolescentes dentro de uma escola em Realengo na última quinta-feira, fazia parte de um grupo extremista, como aparece em textos encontrados na casa do atirador. Nas cartas exibidas ontem pelo “Fantástico”, há trechos desconexos, em que o atirador escreve que deixou o “grupo”, mas não revela sua origem ou o motivo. O assassino cita alinda “Abdul”, relatando ser conhecido de seu pai, que veio do exterior e que teria comprado uma passagem para um dos voos, numa referência ao atentado do 11 de setembro. Wellington ressalta que “mudou” quando começou a ler o Alcorão e mostra ter obsessão por atentados. O material arrecadado na casa do assassino revela ainda que Wellington tentou se inscrever num curso de tiro, pedindo informações específicas sobre uso de revólver calibre 38, uma das armas usadas no atentado. 



Assassino conta humilhações e dá suas razões para matar

Numa das cartas obtidas pelo “Fantástico”, Wellington Menezes de Oliveira tenta usar o bullying, a perseguição que diz ter sofrido na escola, para justificar a morte das 12 crianças: “Muitas vezes aconteceu comigo de ser agredido por um grupo e todos os que estavam por perto debochavam, se divertiam com as humilhações que eu sofria, sem se importar com meus sentimentos.” Ele chama de irmãos as vítimas de perseguição e elogia ação de outros atiradores em série. Parentes do assassino temem sofrer represálias se aparecerem no IML, para reconhecer o corpo. A casa da família, em Realengo, foi apedrejada ontem e teve o portão destruído. 
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