O Supremo de joelhos

Os pesos e as medidas dos mensalões, por Murillo de Aragão 

Nunca na história deste país, como diz Lula, o STF esteve tão exposto aos humores da mídia e às pressões ditas "populares" em torno de julgamentos.

O recente julgamento da Lei do Ficha Limpa é um exemplo, com ministros acuados pela repercussão de suas opiniões e um julgamento moroso que deixou diversos políticos em clima de incerteza e manteve resultados eleitorais pendentes de confirmação.

Agora temos uma situação esdrúxula gerada pela proximidade do julgamento de um dos casos conhecidos como "mensalão". Vários aspectos são merecedores de profunda reflexão. Uma das reflexões possíveis aponta para uma grave questão: crimes semelhantes sendo tratados de forma distinta.

A razão desse sério desvio reside na pressão da mídia. Infelizmente, em um país ainda em construção, onde a mídia de qualidade existe apenas para poucos, não é de estranhar que muitos, ao invés de noticiar, busquem "editorializar" o noticiário de modo a influir no curso dos acontecimentos.

Considerando que tal situação é do amplo conhecimento, juízes, em especial do STF, deveriam estar mais do que blindados para tentativas de manipulação e de influências indevidas no curso de processos. Sejam elas quais forem.

No caso dos mensalões, vemos uma distinção no tratamento de crimes assemelhados. Tal distinção revela quanto exposto está o STF às pressões midiáticas para agilizar ou retardar as investigações e, até mesmo, dar tratamento desigual a assuntos iguais.

Por exemplo, o conhecido mensalão mineiro, que envolve políticos do PSDB, caminha lentamente ao largo da lupa da mídia e razoavelmente incólume das pressões indignadas. Na semana passada, a audiência do caso quase passou despercebida da atenção geral.

Comparando-se os dois mensalões, percebem-se fortes incongruências no tratamento de denúncias e de acusações semelhantes.

O mensalão mineiro tramita morosamente desde 1998 e foi desmembrado. Políticos com mandato estão sendo julgados no STF; pessoas sem mandato estão sendo julgadas na primeira instância. Isso significa que, além da lentidão no andamento do processo, houve um desmembramento que beneficia – justamente – quem não é autoridade com o duplo grau de jurisdição. Nada disso ocorreu no mensalão do PT, cuja eclosão se deu em 2005, isto é, sete anos depois de iniciado o processo de Minas Gerais!

Porém, os achados da Polícia Federal no caso do mensalão mineiro são tão extravagantes quantos os encontrados no mensalão do PT, e que serão comprovados no mensalão candango.

Em tempo: antes que me acusem de querer minimizar as condutas identificadas nas investigações dos mensalões, devo dizer que tenho convicção de quem em ambos os casos houve condutas ilegais passíveis de condenação política e judicial. Não tenho dúvidas quanto aos malfeitos; tenho dúvidas acerca das responsabilidades dos nomes aventados.

Preocupa-me, no entanto, que, no afã de se fazer justiça, se atropele o estado de direito, não se reconheçam direitos básicos de ampla defesa e deixe de existir um ambiente saudável para o julgamento de tão importantes questões. Não pode haver dois pesos e duas medidas.

Veja: um passe de mágica

A estorinha abaixo cai como uma luva para qualquer um dos chefões das famílias donas de impérios midiáticos.

Um Chefão morreu e foi bater às portas do paraíso.
- O senhor não entra aqui - disse São Pedro -, mentiu demais na passagem pela terra. 
O chefão desceu ao inferno e foi barrado pelo diabo: 
- Pensa que me engana, é? Eu sei que você escrevia para um jornal religioso. 
O Chefão voou para uma estrela desabitada e lá fundou um jornal. Oito dias depois de inaugurado o novo veículo, ele tinha entrada garantida no céu e no inferno.

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A prazo

STF: circo ou hospício?

Nem Machado de Assis escreveria roteiro tão insólito.

Um Ministro do Supremo Tribunal Federal enlouquece. Passa a distribuir declarações cada vez mais alucinadas, trasformando o Supremo em circo ou hospício. O presidente do STF nada faz, porque é um poeta apartado das coisas vãs do mundo real.

Os demais Ministros percebem estar convivendo com um louco, mas não querem se meter na questão, porque loucos são imprevisíveis. E se o louco se volta contra eles? E se o louco convoca seu "personal araponga"? Cada qual trata de se debruçar sobre seus próprios processos e ignorar o Ministro louco.

Sem saber o que fazer com o louco, o reino continua sua vida normal, fingindo que não existe o Ministro louco que desmoraliza o Supremo. De tempos em tempos, colunistas com dificuldade para preencher sua cota de notas, entrevista o Ministro louco. Ele dá uma declaração louca envolvendo algum colega.

No dia seguinte, burocraticamente os jornais procuram o colega que desmente a nota.

E o reino vai tocando sua vida, procurando ignorar que existe um Ministro louco na mais alta corte.

Só no dia em que o surto se tornar irreversível e o Ministro sair carregado em camisa de força o Supremo tomará alguma atitude.

por Luis Nassiff

Só um idiota pode dizer que existe câmbio flutuante

A nova realidade econômica impõe um diálogo maior entre o Banco Central e o governo, não apenas no Brasil mas também no resto do mundo.

Como resultado, a independência total do Banco Central já não existe mais, defendeu Antonio Delfim Netto, ex-ministro e professor emérito da Faculdade de Economia e Administração da USP. Em entrevista à Agência Estado, ele também considerou inócua a polêmica em torno do câmbio flutuante.

"Não existe câmbio flutuante em lugar nenhum do mundo. Só um idiota pode dizer que existe câmbio flutuante", disparou. Sem reservas, usou o mesmo estilo direto para desqualificar a discussão atual sobre a independência do Banco Central. "A política econômica tem de ser de uma integração entre a política monetária, a fiscal e a cambial. Essa ideia de que o BC é independente já acabou. É coisa ridícula, de pessoas que provavelmente desde a crise de 2008 não leram um artigo sobre a tragédia do Fed."

A independência do BC vem sendo questionada após sucessivos cortes na taxa básica de juros, alguns acima da expectativa do mercado. Na visão de alguns economistas há um movimento casado com a meta do governo da presidente Dilma Rousseff de redução dos juros. Dilma teria a intenção de transformar a cruzada contra os juros em uma marca de sua gestão. Os bancos oficiais, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, são os instrumentos para forçar a queda dos juros nas instituições financeiras privadas.

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Incompreensão. Segundo Delfim, é preciso esquecer a discussão sobre a perda de independência do BC e considera saudável uma interlocução entre a autoridade monetária e a presidente Dilma, e também com o Ministério da Fazenda. "Há uma enorme incompreensão sobre as relações do governo com o Banco Central. O BC hoje é tão independente quanto foi no passado. Simplesmente tem mais conversa, porque o mundo é muito mais complexo. Você acha que o Bernanke (Ben Bernanke, presidente do Fed) é independente do Obama (Barak Obama, presidente dos EUA)? Você acha que o Draghi (do BCE) não conversa com ninguém?", questionou.

Quanto à taxa básica de juros, a Selic, o economista prefere não fazer previsões, mas concorda que ainda há espaço para corte de um ponto porcentual: "O (presidente do BC, Alexandre) Tombini já provou que está muito mais antenado com a realidade brasileira e com a realidade internacional. Vai conversar com seus companheiros do Copom e ver onde podem ir."

O economista acredita que a forte desvalorização do real em relação ao dólar nas últimas semanas foi resultado da atuação do governo, que permitiu que a moeda brasileira ficasse supervalorizada por muito tempo, em parte devido aos juros altos. Na avaliação dele, no entanto, ainda é difícil definir uma taxa de câmbio ideal para o País.

Entretanto, ele não acredita em uma pressão inflacionária mais forte como consequência da mudança no câmbio. "A passagem do câmbio para os preços evidentemente existe. Mas a economia tem outros fatores. Seguramente, um aumento de câmbio de 10%, 15%, 20% se transfere como um aumento de preços talvez em 1%, 2%, ou 3%, mas ao longo de 12, 15 meses", calculou.

O ex-ministro disse mais pessimista com o crescimento do PIB este ano e revisou a previsão de crescimento para 3,2% ou 3,3%.

DANIELA AMORIM/RIO, RICARDO LEOPOLDO

Blog do Charles Bakalarczyk: Aprendendo a chulear

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A desconexão com realidade

O samba do criolo doido tem mais senso que os lobbystas do pig. Abaixo um exemplo do que os miquinhos amestrados escrevem por encomenda dos patrões:


Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), caiu em janeiro de 2011, quando Wellington Moreira Franco assumiu a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), ministério ao qual o Instituto está subordinado. Tem mais: Marcio Pochmann censura pesquisas no Instituto desde que tomou posse em 2007. Sob sua direção, o órgão caracteriza-se pelo chapabranquismo militante. Acha pouco? Agora Pochmann vetou o nome de seu sucessor, indicado pela presidenta Dilma Rousseff que, em represália, vetou os nomes apresentados pelo economista e impôs um nome de preferência de Aldo Rebelo, que ainda não havia entrado na história. Depois disso, Moreira Franco indicará um interino em caráter definitivo.


A trama pode continuar indefinidamente. Nada disso corresponde aos fatos, mas tudo foi registrado pelos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Correio Braziliense e Valor Econômico. Se os fatos não forem bem assim, problema dos fatos. A desconexão com a realidade ultrapassa a linha do ridículo.