Terroristas

Sou mais os “terroristas” que arriscaram a vida, de armas na mão, contra governo ilegítimo, do que os que torturaram mulheres e crianças no silêncio das masmorras da ditadura militar.

Lustosa da Costa

Abuso de autoridade

Se há alguma coisa que precisa acabar, no Brasil, é o abuso de autoridade da Polícia Federal.

Ela foi capaz de descobrir os crimes contra o sistema financeiro de Daniel Dantas. Pior que isto. Prendeu-o. Algemou-o como foi algemado aquele rapaz que tentou roubar cordão de ouro do ministro do Supremo. Felizmente, reação se fez ouvir.

A mídia foi implacável contra o delegado que provou as bandalheiras do guabiru das privatizações e contra o juiz que o condenou.

O presidente do Supremo, na véspera de julgar os habeas corpus a seu favor, condenou, pela televisão, a espetacularização da prisão, ele que jamais condenara a prisão e o uso de algema em pobres brasileiros.

O presidente da República encorpou-se aos que condenaram o delegado que teve o topete de provar as maracutaias do guabiru do tucanato.

Felizmente, agora todos se uniram, à sombra do jornalão falido, arruinado pela incompetência da família proprietária, - para comandar lei contra abuso de autoridade que impedira que ladrões ricos sejam presos.

Muito menos algemados. Está certo.

Ou pensam que isto aqui é uma democracia?

Lustosa da Costa

Morgan Freeman

Caricatura e Caricaturados
Encomendas joel.leonidas@gmail.com

Por que no te callas, Meirelles?

ELIO GASPARI

A PANCADA de 0,75% do Banco Central no aumento na taxa de juros ainda não esfriou e seu presidente, doutor Henrique Meirelles, já está no circuito insinuando uma nova punição para a economia nacional.

Comprou seu forno de microondas?

Sua mulher não precisa mais voltar para o fogão para servir a janta?

Visigodo ignóbil, você está aquecendo o consumo.

Conseguiu um trabalho com a queda da taxa de desemprego?

Ostrogodo inconseqüente, você ofende a racionalidade econômica, abrindo o caminho para um surto inflacionário.

Contra esses bárbaros só há um remédio, subir a taxa de juros brasileira que é, há tempos, a maior do mundo.

Quando o doutor Meirelles retoma o circuito da quiromancia financeira para dizer que a queda do IPCA não é bem uma queda do Índice de Preços aos Consumidor, não está praticando um exercício didático.

Se há um aumento de casos de febre amarela, e o ministro José Gomes Temporão determina o aumento da produção de vacinas, a decisão é neutra.

Quem quer vai ao posto de saúde.

Quem não precisa não vai.

Ninguém ganha dinheiro com isso.

No caso dos juros, Meirelles ameaça com a propagação de uma epidemia que faz a felicidade da turma do papelório que se remunera com a expansão da moléstia.

Admita-se que a alta dos juros seja uma necessidade.

Ainda assim, ela é uma decisão de Estado.

Compete ao presidente da República, não a um funcionário demissível ad nutum. (Ele e todos os çábios do Copom.)

Admita-se ainda que Nosso Guia, emparedado pelo terrorismo financeiro, tenha terceirizado essa atribuição.

Ainda assim, o delegado do papelório não se pode investir no papel de ombudsman da administração pública, punindo a economia por conta de certezas e de dúvidas que são suas, mas que não são dos seus colegas de ministério.

O doutor Meirelles (como seus antecessores) investiu-se de um papel supraconstitucional, como se houvesse dois países, um governado pelos eleitos, outro sob regime de ocupação, disciplinado pelos sábios, com ele no papel de xamã.

O presidente do Banco Central estimula essa bagunça saindo por aí a propagar platitudes.

Por exemplo: "Achamos um pouco prematuro ainda fazer uma previsão da evolução dos preços das commodities nos próximos meses".

Segundo seu horóscopo (ele é de Libra), nesta semana deve evitar mortadela e guaraná.

Assim como se deve desejar que os ministros do Supremo Tribunal só falem durante as sessões da corte, coisa que está em desuso desde que surgiram os juristas-celebridade, seria melhor para todo mundo se o presidente do Banco Central só falasse ao Congresso ou durante as sessões do Copom.

Em abril passado, ao conferir a posição dos parafusos de sua cadeira, Meirelles viu que alguns deles estavam frouxos.

Coisa da vida para quem ocupa um cargo da confiança do presidente da República.

Sua postura recente é a de quem acredita ter pista própria, sem combinar com a federação de atletismo.

Ou, talvez, a de quem quer aproveitar o fim da pista para sair do estádio debaixo dos aplausos da turma do cercadinho VIP.

Nos dois casos, prejudica o bom andamento dos negócios do Estado.

A melhor coisa que poderia acontecer hoje para o Brasil seria Lula demitir o Raposão e nomear Aloisio Mercadante presidente do BC.

Todos ou nenhum

Autoridades iranianas informaram que o país não vai responder as exigências feitas por potências mundiais para que paralise a ampliação de seu programa nuclear.

As grandes potências afirmam temer que o Irã esteja usando seu programa nuclear para desenvolver bombas atômicas.

Com a resposta negativa do Irã, autoridades das potências mundiais realizarão amanhã uma teleconferência a fim de determinar se tentarão impor mais medidas punitivas contra o governo iraniano.

O chefe da Guarda Revolucionária do Irã afirmou que o país pode fechar o estreito de Ormuz, uma importante rota de escoamento de mercadorias vindas do golfo Pérsico, caso seja atacado devido a seu programa nuclear.

As grandes potências querem todo o poder só para elas.

Querem ter condições de invadir outros países ao seu bel prazer.

E apoiarem o massacre praticado pelos israelenses contra palestinos e árabes.

Na minha opinião ou se desarmam todos ou quem quiser e puder $ que fabrique sua bomba atômica também.

Oposição boliviana boicota referendo revogátorio

A cada dia mais cínica e mais parecida com a direita em geral no nosso continente, a oposição boliviana aprovou a realização do referendo revogatório do mandato do presidente Evo Morales e de seu vice Alvaro Linera e agora quer boicotar a consulta.

Recorre a Justiça, e apela até para uma greve de fome de mentira.

Busca apoio na mídia conservadora no exterior e procura de todo modo impedir a derrota anunciada.

Por tudo o que se acompanha na Bolívia - e todas as análises vão nessa linha - não só o mandato de Evo Morales e de seu vice serão confirmados no referendo deste mês, como também todos os chefes de departamento (governadores) opositores ao presidente terão seus mandatos revogados, à exceção do governador de Santa Cruz.

Derrota maior que essa é difícil encontrar na história recente da Bolívia.

Mas ela só revela, e confirma a falta de propostas e alternativas da oposição e sua escalada para sabotar as mudanças no país e o governo do Movimento al socialismo (MAS), o partido do presidente Evo Morales.

José Dirceu

A cadeira vazia

Era uma singela igreja, freqüentada por moradores da região daquele distante bairro de Londres. Os anos se passavam e o pequeno grupo se mantinha constante nas reuniões, ocupando sempre os mesmos lugares.
Foi por isso mesmo muito fácil ao pastor descobrir certo dia, uma cadeira vazia. Estranhou, mas logo esqueceu.
Na semana seguinte, a mesma cadeira vazia lá estava e ninguém soube informar o que estava acontecendo.
Na terceira ausência, o pastor resolveu visitar o faltoso.
No dia frio, foi encontrá-lo sentado, muito confortável, ao lado da lareira de sua casa, a ler.
Você está doente, meu filho? Perguntou.
A resposta foi negativa.
Ele estava bem.
Talvez estivesse atravessando algum problema, ousou falar o pastor, preocupado.
Mas estava tudo em ordem.
E o homem foi explicando que simplesmente deixara de comparecer.
Afinal, ele freqüentava o culto há mais de vinte anos.
Sentava na mesma cadeira, pronunciava as mesmas orações, cantava os mesmos hinos, ouvia os mesmos sermões.
Não precisava mais comparecer.
Ele já sabia tudo de cor.
O pastor refletiu por alguns momentos.
Depois, se dirigiu até à lareira, atiçou o fogo e de lá retirou uma brasa.
Ante o olhar surpreso do dono da casa, colocou a brasa sobre a soleira de mármore, na janela.
Longe do braseiro, ela perdeu o brilho e se apagou.
Logo, era somente um carvão coberto de cinza.
Então o homem entendeu.
Levantou-se de sua cadeira, caminhou até o pastor e falou: tudo bem, pastor, entendi a mensagem.
E voltou para a igreja.
Todos nós somos brasas no braseiro da fé.
Se mantemos regular freqüência ao templo religioso, estudando e trabalhando, nos conservamos acesos e quentes.
Mas, exatamente como fazem as brasas, é preciso estender o calor.
Assim, acostumemos a não somente orar, pedir e esperar graças.
Iluminados pelo evangelho de Jesus, nos disponhamos a agir em favor dos nossos irmãos.
Como as brasas unidas se transformam em um imenso fogaréu, clareando a escuridão e aquecendo as noites frias, unidos aos nossos irmãos de ideal, poderemos estabelecer o calor da esperança em muitas vidas.
Abrasados pelo amor a Jesus, poderemos transformar horas monótonas em trabalho no bem.
A simples presença passiva na assembléia da nossa fé em um dinâmico trabalho de promoção social, beneficiando a comunidade.
Pensemos nisso e coloquemos mãos à obra.
Pensamento Clarificados pela mensagem do cristo, espalhemos calor nas planícies geladas da indiferença, da soledade e da necessidade.
Procuremos a dor onde ela se esconda e a envolvamos nos panos quentes da nossa dedicação.
Estendamos o brilho da esperança nas vidas amarfanhadas dos que nunca conseguiram crer em algo que estivesse além do alcance dos seus sentidos físicos.
Tornemo-nos brasas vivas, fazendo luz onde estejamos, atuando e servindo em nome de Jesus.