José Serra e seu medo maior


Por Carlos Chagas


Do que José Serra mais  tem medo? Da transformação das eleições presidenciais em plebiscito entre os governos Fernando Henrique e Lula. Com a saída de Aécio Neves da disputa , ressurge a tentativa, por parte do governo, do PT e aliados.  Não querem, os detentores do poder, um confronto entre Serra e Dilma Rousseff, muito menos voltado para   programas de governo.  Preferem resumir tudo num cabo de guerra onde, numa ponta, ficaria o presidente Lula, com suas realizações e números de sucesso. Na outra, os oito anos do sociólogo, que já vão longe.
Posta a sucessão nesses termos, mesmo sem a certeza da transferência de votos, a tendência óbvia do eleitorado seria ficar com Dilma, quer dizer, com Lula.
O objetivo do governador de São Paulo é desligar-se da imagem de Fernando Henrique, mesmo sem ofender o seu ego, até por razões ligadas à memória nacional. Não parece fácil, dada a prevalência dos paulistas no ninho dos tucanos. Aécio Neves, se fosse candidato, disporia de muito melhores condições para travar a tertúlia com a chefe da Casa Civil com os olhos voltados para o futuro.
Serra não pretende antecipar o debate, mas,  quando começar a campanha,   fará tudo para levar a chefe da Casa Civil a apresentar um elenco não de realizações efetuadas pelo Lula, mas de seus planos para o mandato, se vencedora. Nada de obras do PAC,  em andamento ou paralisadas. A eleição exigiria um  embate entre promessas e concepções a ser implantadas a partir de 2011.
Resta saber se Lula e Dilma estarão dispostos a abrir mão  de seu carro chefe, as realizações do governo, desde 2003.  Pelo jeito, não.