Dance compilation


Prince, Michael Jackson, James Brown

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Civilização ou barbárie

Esse é o lema predominante no capitalismo contemporâneo. Universalizado a partir da Europa ocidental, o capitalismo desqualificou a todas outras civilizações como 'bárbaras". A ponto que, como denuncia em um livro fundamental, Orientalismo, Edward Said, o Ocidente forjou uma noção de Oriente, que amalgama tudo o que não é Ocidente: mundo árabe, japonês, chinês, indiano, africano, etc. etc. Fizeram Ocidente sinônimo de civilização e Oriente, o resto, idêntico a barbárie.

No cinema, na literatura, nos discursos, civilização é identificada com a civilização da Europa ocidental – a que se acrescentou a dos EUA posteriormente. Brancos, cristãos, anglo-saxões, protestantes – sinônimo de civilizados. Foram o eixo da colonização da periferia, a quem queriam trazer sua "civilização". Foram colonizadores e imperialistas.

Os EUA se encarregaram de globalizar a visão racista do mundo, através de Hollywood. Os filmes de far west contavam como gesto de civilização as campanhas de extermínio das populações nativas nos EUA, em que o cow boy era chamado de "mocinho" e, automaticamente, os indígenas eram "bandidos, gestos que tiveram em John Wayne o "americano indômito", na realidade a expressão do massacre das populações originárias.

Os filmes de guerra foram sempre contra outras etnias: asiáticos, árabes, negros, latinos. O país que protagonizou o mais massacre do século passado – a Alemanha nazista -, com o holocausto de judeus, comunistas, ciganos, foi sempre poupada pelos nortemamericanos, porque são iguais a eles – brancos, anglo-saxões, capitalistas, protestantes. O único grande filme sobre o nazismo foi feito pelo britânico Charles Chaplin – O grande ditador -, que teve que sair dos EUA antes mesmo do filme estrear, pelo clima insuportável que criaram contra ele.

Os países que supostamente encarnavam a "civilização" se engalfinharam nas duas guerras mundiais do século XX, pela repartição das colônias – do mundo bárbaro – entre si, em selvagens guerras interimperialistas.

Essa ideologia foi importada pela direita paulista, aquela que se expressou no "A questão social é questão de polícia", do Washington Luis – como o FHC, carioca importado pela elite paulista -, derrubada pelo Getúlio e que passou a representar o anti-getulismo na politica brasileira. Tentaram retomar o poder em 1932 – como bem caracterizou o Lula, nada de revolução, um golpe, uma tentativa de contrarrevolução -, perderam e foram sucessivamente derrotados nas eleições de 1945, 1950, 1955. Quando ganharam, foi apelando para uma figura caricata de moralista, Jânio, que não durou meses na presidência.

Aí apelaram aos militares, para implantar sua civilização ao resto do país, a ferro e fogo. Foi o governo por excelência dessa elite. Paz sem povo – como o Serra prometia no campo: paz sem o MST.

Veio a redemocratização e essa direita se travestiu de neoliberal, de apologista da civilização do mercado, aquela em que, quem tem dinheiro tem acesso a bens, quem não tem, fica excluído. O reino do direito contra os direitos para todos.

Essa elite paulista nunca digeriu Getúlio, os direitos dos trabalhadores e seus sindicatos, se considerava a locomotiva do país, que arrastava vagões preguiçosos – como era a ideologia de 1932. Os trabalhadores nordestinos, expulsados dos seus estados pelo domínio dos latifundiários e dos coronéis, foi para construir a riqueza de São Paulo. Humilhados e ofendidos, aqueles "cabeças chatas" foram os heróis do progresso da industrialização paulista. Mas foram sempre discriminados, ridicularizados, excluídos, marginalizados.

Essa "raça" inferior a que aludiu Jorge Bornhausen, são os pobres, os negros, os nordestinos, os indígenas, como na Europa "civilizada" são os trabalhadores imigrantes. Massa que quando fica subordinada a eles, é explorada brutalmente, tornava invisível socialmente.

Mas quando se revela, elege e reelege seus lideres, se liberta dos coronéis, conquista direitos, com o avança da democratização – ai são diabolizadas, espezinhadas, tornadas culpadas pela derrota das elites brancas. Como agora, quando a candidatura da elite supostamente civilizada apelou para as explorações mais obscurantistas, para tentar recuperar o governo, que o povo tomou das suas mãos e entregou para lideres populares.

É que eles são a barbárie. São os que chegaram a estas terras jorrando sangue mediante a exploração das nossas riquezas, a escravidão e o extermínio das populações indígenas. Civilizados são os que governam para todos, que buscam convencer as pessoas com argumentos e propostas, que garantem os direitos de todos, que praticam a democracia. São os que estão construindo uma democracia com alma social – que o Brasil nunca tinha tido nas mãos desses supostos defensores da civilização.

  por Emir Sader

Pronunciamento à Nação do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva


Sob o signo da liberdade
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As últimas do Blog do Campbell



Teleton

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IX Canto

Caminho sobre o fio.
Não esqueço onde estou.
Sua mão brilha.
Eu sei o que ela quer. Aponte para mim.
Me toque

Conte aquela história.
Me diga alguma coisa.
Existem tantas coisas que quero saber.
Conte aquela antiga história.
Me esqueça.

Preciso te ouvir.

Hoje será um dia perfeito...

Sigo as calçadas. Ruas.
Desenho minhas miragens,
Mil rotas avançam sobre mim.
Mil plantas são riscadas.
Mil milhas serão ultrapassadas.

Tudo isso não passará de um deserto.

Hoje será um dia perfeito...

Grite aquele velho slogan.

Repita seu som.
O último acorde não será tocado.
O último acorde não poderá, não deverá ser esquecido.
O último acorde é você.

Caminho sobre o fio. Escuto o adágio.
A voz daquele velho poeta.
Não esqueço onde estou.
Assisti a todas as lembranças.

A noite é curta.

Hoje será um dia perfeito...

Caminho sobre o fio. O fio sou eu.
Me toque.
O último acorde sou eu.
Hoje será um dia perfeito...

 Ericson Pires nasceu no Rio de Janeiro. É poeta, performer. Fundador do Grupo Hapax, também é editor da Revista Global Brasil e militante da Rede Universidade Nômade. Doutor em Estudos de Literatura pela Puc-Rio é Professor Adjunto do Instituto de Artes da UERJ e participa do PACC (Programa Avançado de Cultura Contemporânea) da ECO-UFRJ. Publicou Cinema Garganta, em 2002; Cidade Ocupada, 2007 e acaba de publicar Pele Tecido

CPMF, inflação e taxas de juros são alguns dos nós para Dilma desatar

Denise Rothenburg

Gabriel Caprioli

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Antes mesmo de assumir a Presidência da República, a presidente eleita, Dilma Rousseff, tem a espinhosa missão de consolidar uma maioria parlamentar capaz de aprovar a Contribuição Social para a Saúde (CSS), e a nova versão da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), embutida na regulamentação da Emenda 29, aquela que obriga o aumento anual de recursos para o setor. A avaliação geral dos políticos hoje é a de que esse Congresso, em fim de mandato, não aprovará a recriação do imposto do cheque que derrubou há dois anos. Portanto, o tema fatalmente ficará para depois que a presidente eleita assumir. "Essa pauta é do próximo ano. Neste Senado atual, que derrotou a CPMF em 2007 e agora está cheio de mágoas, a proposta não passa", comenta o deputado Márcio França, que tem conversado com vários senadores sobre o tema.

Essa consolidação da base tem como premissa a montagem consistente do governo e o envio de sinais que tranquilizem o mercado. É esperado pelos partidos, inclusive por representantes do PT, que a presidente forme a sua equipe como reflexo do peso político de cada partido aliado no resultado das urnas. "O primeiro desafio será esse. Na prática, será fundar o governo de coalizão com a presença de todos os partidos da base", diz o governador de Sergipe, Marcelo Déda, que já está a postos para trabalhar pela CSS. "A presidente foi clara ao dizer que encaminharia o assunto. Portanto, não entrará nessa batalha sozinha. Nós, governadores, é que teremos essa tarefa. Os governadores, aliás, dividem-se em dois grupos: aqueles que defendem abertamente a criação da CSS e aqueles que estão no armário, loucos para que seja aprovada", afirma o governador reeleito de Sergipe.

Déda tem razão em vários pontos. A começar pela obra de engenharia que Dilma terá pela frente para montar o governo com o menor grau de insatisfação possível. Isso significa, por exemplo, resolver a queda de braço entre Eduardo Braga (PMDB-AM) e Alfredo Nascimento (PR-AM) pelo Ministério dos Transportes. Como chefe do Executivo, a partir de janeiro Dilma será chamada ainda para ajudar a compor as mesas da Câmara e do Senado. O principal objetivo nesse campo é escolher os nomes de tal forma que, além da questão técnica, possam trabalhar o universo dos partidos de modo a evitar que as insatisfações terminem por contaminar a base na largada e, por tabela, o cronograma de votações da agenda parlamentar de Dilma, que ainda está em gestação.

Consequência
O dever de não deixar insatisfações é grande porque qualquer deslize grave que comprometa a base pode gerar despesas ou comprometer a agenda econômica, uma das mais delicadas nessa troca de comando no Palácio do Planalto, principalmente em função dos gargalos nas contas externas, na taxa de câmbio, na ameaça de retorno da inflação e no endividamento das famílias (leia quadro). Um dos temas que vai ingressar na pauta da futura presidente é a mudança das regras de rendimento da caderneta de poupança, a aplicação mais popular do país. Os analistas de mercado financeiro têm dito que para a queda dos juros é preciso mexer na remuneração da poupança, que paga hoje 6% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR). A necessidade de reduzir esse rendimento vem do fato de que, com o juro real mais baixo, em torno de 2%, como deseja o governo, a tendência seria uma fuga das aplicações dos títulos da dívida pública para a poupança, o que prejudicaria a gestão da dívida.

Essa questão da poupança entra na agenda de Dilma da mesma forma que a CSS. Não é à toa que ela pretende, em primeiro lugar, indicar os ministros da área econômica. A equipe será fundamental para a montagem de projetos de curto prazo e evitar, por exemplo, a explosão do preço da carne, que pode piorar no próximo ano, visto que alguns frigoríficos já estão abatendo bois que só iriam para o matadouro no ano que vem.

Também é considerada certa a ida de Antonio Palocci para a Casa Civil, porque é o perfil mais indicado para fazer a ponte entre a presidente e as questões econômicas urgentes. Afinal, foi Palocci quem conduziu a economia no momento difícil, no início do governo Lula, quando o então presidente eleito precisava passar credibilidade.