Menos médicos em pânico

Esta semanas chegam mais dois mil médicos cubanos.

Por Yara Aquino, repórter da Agência Brasil

Até o final desta semana chegam ao Brasil mais 2 mil médicos cubanos para a segunda etapa do Programa Mais Médicos. Hoje, os primeiros 135 profissionais de Cuba desembarcam em Vitória. Na próxima segunda-feira (7), os 2 mil cubanos iniciam o módulo de avaliação que tem duração de três semanas com aulas sobre língua portuguesa e o sistema brasileiro de saúde pública. As informações são do Ministério da Saúde.

Além dos 2 mil cubanos, os 149 médicos com diploma do exterior que foram selecionados para a segunda fase do Mais Médicos iniciam o módulo de avaliação no dia 7. As aulas ocorrerão no Distrito Federal, em Fortaleza, Vitória e Belo Horizonte.

Na primeira fase do Programa Mais Médicos, 400 profissionais cubanos chegaram ao Brasil e passaram por curso de formação e avaliação. A previsão do Ministério da Saúde é trazer ao país, até o final do ano, 4 mil médicos cubanos. Esses profissionais vêm ao Brasil por meio de um acordo intermediado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Assim como os médicos com diploma do exterior que se inscreveram individualmente, os cubanos que vêm pelo acordo com a Opas não precisam passar pelo Revalida (Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior) e, por isso, terão registro provisório por três anos para atuar na atenção básica e com validade restrita ao local para onde forem designados.

Edição: Talita Cavalcante

O irresponsável Joaquim Barbosa critica o Judiciário

Uma das coisas que mais me irritam é alguém se queixar de alguma coisa que esteja sob seu comando, como se tivesse a impotência do porteiro.

Vi isso muitas vezes na minha carreira. O cara comanda uma empresa ou um departamento e faz críticas como se não tivesse nada a ver com nada.

Seria como se eu, aqui, reclamasse do espírito e dos textos do DCM.

É bizarro o que estou narrando, mas é comum, e imagino que você já tenha visto muita coisa parecida em sua vida.

Veja Joaquim Barbosa, presidente do Supremo. Numa reunião promovida pela revista Exame, ele insultou a justiça brasileiro como se fosse contínuo do Supremo, e não presidente.

Que ele fez, numa carreira já longa, para mudar alguma coisa entre tantos problemas que apontou – a maior parte, aliás, acertadamente?

JB disse que a justiça brasileira é a mais confusa do mundo. Ele comandou, recentemente, um julgamento, o do Mensalão, que foi o triunfo do caos e da falta de nexo.

Um dia a posteridade há de usar as devidas palavras pejorativas para falar, por exemplo, da "dosimetria". Com ares científicos, os juízes estipularam penas que simplesmente não fazem sentido.

Comentei aqui, já. Marcos Valério recebeu uma pena duas vezes maior – 40 anos – do que a aplicada na Noruega a Anders Breivik, assassino confesso de dezenas de jovens.

Ainda hoje, li na mídia estrangeira que um tribunal internacional condenou um antigo ditador africano a 50 anos de prisão por genocídio. Mais um pouco e Valério teria a pena de um genocida.

Um amigo meu, grande jornalista, me contou que um dia acompanhava uma votação do Mensalão numa padaria, ao lado de algumas pessoas. Um juiz proferiu sua longa sentença, e ao fim dela um cliente da padaria fez a pergunta fatal: "Condenou ou absolveu?"

Barbosa criticou a pompa cafona com a qual os juízes se expressam. Ele já ouviu a si próprio? Ou a Marco Aurélio de Mello, ou a Gilmar Mendes? Solenes, prolixos, vazios, rebarbativos, patéticos.

JB poderia ter dado o exemplo, e falado em português claro. Na Inglaterra, o juiz Brian Leveson comandou um inquérito sobre os crimes da mídia num inglês compreensível para qualquer pessoa alfabetizada. Acompanhei o caso.

Nada funciona mais que o exemplo pessoal quando você é, como JB, um líder.

Ele tocou em outro ponto: a questão das indicações políticas. Condenou as articulações que os magistrados fazem para obter altas posições.

Ora, todos sabemos o que ele fez nesse campo. Incomodou um alto funcionário do governo Lula no aeroporto de Brasília porque sabia que Lula procurava um juiz negro para o Supremo. Agiu como um tremendo cara de pau para praticar politicagem.

É difícil discordar das críticas de JB à justiça. Nenhuma delas é um erro. Faltou apenas listar outras. Por exemplo, a relação promíscua que juízes de altas cortes têm com a mídia. Para lembrar o grande editor Joseph Pulitzer, jornalista não tem amigo. E nem juiz deveria ter. Pior ainda quando são amigos entre si, a ponto de um dar emprego para o filho do outro.

Não vou ficar surpreso se um dia JB falar uma coisa dessas, à Pulitzer, como se mantivesse distância olímpica dos jornalistas.

Numa frase que entrou para a história, Gandhi disse que cada um de nós devíamos ser a mudança que gostaríamos de ver no mundo. É uma frase que cai melhor em JB do que seus ternos comprados no exterior.

por Paulo Nogueira

Oposição não tem plataforma de governo

Três presidenciáveis – um já lançado, outro que tenta viabilizar o partido para concorrer e um que ainda não bateu o martelo se é ou não -, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a ex-senadora Marina Silva (Rede sustentabilidade) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, falaram ontem em teleconferência no Exame-Fórum 2013.

O local não podia ser mais apropriado: um seminário promovido pela Editora Abril (via sua principal publicação de economia, a Exame), uma empresa cujas revistas se dedicam a fazer oposição radical ao PT e aos nossos governos. A mídia deu amplo espaço à fala dos três, como sempre dá às criticas e propostas dos presidenciáveis da oposição. Agora, com vistas à eleição de 2014, e nos pleitos presidenciais anteriores de 2002, 2006 e 2010.

Aécio prometeu o que ele e os tucanos não fazem

O senador Aécio Neves prometeu o que promete sempre, que um "eventual"- o termo foi usado por ele mesmo – governo tucano cortará o número de ministérios e fará uma reforma administrativa sem aparelhamento da máquina pública, com estímulo à meritocracia e aos investimentos privados. Ou seja, prometeu o que não fez em oito anos como governador de Minas (2003-2010) e o PSDB não faz em São Paulo, onde governa há 20 anos, e nem nos demais Estados (outros seis) que administra.

Prometeu, também, uma proposta de reforma tributária. Mas ele, seu partido e seus governadores não permitiram a reforma do ICMS – o então governador de São Paulo, José Serra, à frente, se bem que nesse sentido, só agisse na sombra, nos bastidores. Aécio fala, ainda, em educação e inovação, inserção do Brasil nas cadeias globais (sic), ou seja a abertura financeira e econômica sempre pregada e já feita pelos tucanos, com as consequências que conhecemos neste mundo de guerra comercial e cambial, protecionismo e crise.

Mas, espera, nessa questão da educação e da inovação, os tucanos ficaram contra a modelo de partilha do pré-sal, que destinou 75% dos royalties para a área, ficaram contra exatamente à fonte de financiamento dos novos investimentos em educação e inovação.

Marina, o discurso sem propostas

Já a ex-senadora Marina Silva centrou sua proposta nas reformas politica e trabalhista. Fez uma ironia – "O sociólogo (FHC) não fez a reforma política e o operário (Lula) não fez a trabalhista". Ironia à parte, não disse nada mais em profundidade, não detalhou como concebe essas mudanças políticas e trabalhistas. Também não disse nada, nem sobre o PL 4330, o da terceirização do trabalho com a supressão de tantos direitos sociais…

Ninguém sabe o que ela e sua Rede Sustentabilidade – seu partido cujo destino o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) define depois de amanhã – propõem como reformas política, trabalhista, tributária… De Marina e de sua Rede, o que sabemos é que ela não consegue criar um partido e pressiona o TSE para deixar de lado a lei que vale para todos e aceitar o registro do seu partido de qualquer jeito, implorando por um casuísmo típico do atraso político que ela diz criticar.

Marina criticou a infraestrutura do país, esquecendo – aí, auxiliada pela mídia, que com muito prazer a poupa – que ela foi e é uma das responsáveis por esse atraso quando se alia com setores do Ministério Público e das ONGs na paralisação de projetos, licitações e obras, a pretexto de defender o meio ambiente. A exemplo de Aécio, Marina critica a educação e a inovação desconhecendo os avanços do pais nos últimos anos. Proposta mesmo de reformas, mudanças, da parte dela, nada.

Campos quer um Brasil sem maniqueísmo

Presidente nacional do PSB, o governador Eduardo Campos afirmou que o Brasil precisa ser debatido "fora do maniqueísmo". Também falando a empresários nesta 2ª feira, na teleconferência da Exame, Campos disse que não se pode "reduzir o Brasil entre nós e eles" e repetiu que seu partido entregou os cargos no governo federal para "discutir o Brasil com liberdade".

José Dirceu

"Não estamos indo fazer a crítica pela crítica, queremos ter a liberdade de poder discutir esse país. Estamos fazendo o inusitado, quando há vaga no governo e tem uma fila de partidos levando currículo, nós queremos fazer fila para levar ideias."
Campos sugere "três pilares" para que o país avance: "Preservação do que já conquistamos – foi feito e todos colaboramos; não se restringir a um debate frio sobre produtividade; e permitir que o Brasil seja debatido além do maniqueísmo".

Serra será o candidato do PSDB a presidência em 2014?

A noto assinada pelo presidente do partido - Aécio Neves - parece dizer que sim.
Caso seja isso mesmo, o que o mineiroca disputará, novamente o governo mineiro ou fica no senado mesmo?

Leia a nota abaixo e tire sua conclussão

José Serra é uma figura indispensável ao PSDB, de tal forma que sempre foi difícil para mim conceber nosso partido sem ele.

Sua história de vida, seu papel na luta pela liberdade e na construção da democracia no Brasil, a exemplaridade com que exerceu seus mandatos, tudo isso faz dele credor da nossa estima e detentor de justo prestígio político e eleitoral.

Assim, o protagonismo de José Serra no processo político, agora e nas eleições presidenciais que se avizinham, é um fato absolutamente natural e desejável não apenas aos meus olhos, como aos daqueles que buscam uma alternativa ao governo petista.

Tenho me dedicado no exercício da presidência do PSDB, ao lado dos companheiros da direção do partido, a percorrer o país dialogando com os brasileiros, a reforçar nossa organização, a estreitar laços com aliados, a formular propostas concretas para superar os problemas que afetam a vida do nosso povo e comprometem seu futuro.

Ainda não é o momento de definir a candidatura presidencial do PSDB e do conjunto de forças que se dispuserem a marchar conosco. A presença de José Serra em nossas fileiras fornece a nós, tucanos, e aos partidos aliados uma opção de grande dimensão política a ser avaliada no momento e segundo critérios adequados para o sucesso da luta comum.

O que é certo é que estamos e estaremos juntos."

Senador Aécio Neves
Presidente Nacional do PSDB


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Menos e-mails

Um outdoor na barra da tijuca, bem ao lado da réplica da estátua da liberdade. jovem descolado, de sorriso perfeito e abotoaduras douradas, mostra seu modernoso celular inteligente e diz:
"Seus emails, sempre com você."
Pode algo ser mais apavorante? Meus emails sempre comigo. nunca mais desanuviar, nunca mais desligar, nunca mais desconectar. onde eu for, os emails estarão sempre chegando, sempre piscando, sempre acumulado, exigindo atenção, exigindo leitura, exigindo respostas, sem parar, sem descanso, sem trégua.
Meus emails sempre comigo! 

A balística da ‘Economist’ é coisa de profissionais

The Economist vende semanalmente em 200 países um milhão e seiscentos mil exemplares. Destes, menos de nove mil (mais precisamente 8.508) são adquiridos no Brasil (em bancas, livrarias ou por assinatura). A edição impressa sai para o assinante por 505 reais – paga-se mais 127 reais pelo acesso à edição digital.

Se a totalidade dos seus leitores brasileiros porventura indignados com a matéria de capa da última edição (28/9) resolverem boicotar a revista, e supondo que paguem a tarifa mínima, o prejuízo será de 1.080.516 reais.

Só com a receita do colóquio "Brasil Summit 2013", a ser realizado em 24 de outubro, em São Paulo, a divisão de eventos da empresa deverá faturar cerca de 540 mil dólares – ou 1.196.640 reais, pelo câmbio de segunda-feira (30/9). No mínimo 300 pessoas estão dispostas a pagar 1.795 dólares para assistir às conferências de Joaquim Barbosa, presidente do STF, do publicitário Nizan Guanaes, do empresário David Marcus (presidente do Pay-Pal, nova carteira digital que substitui o cartão de crédito), do chef Alex Atala e do economista/investidor Gustavo Franco.

Isso não significa que a revista britânica vive das cacetadas que desfere em suas páginas para depois embolsar uma grana preta em troca de um afago. O tema do evento será basicamente o mesmo da matéria de capa, portanto igualmente inconfortável: "Em meio ao lento crescimento e à agitação social, o Brasil precisa encontrar novos impulsionadores do sucesso econômico".

Na mosca: qual o empresário que não gostaria de encontrar uma resposta clara e linear para a pergunta, sobretudo se formulada por uma celebridade?

Bem amarrado

The Economist realiza 100 eventos desse tipo por ano (média de 8,3 por mês, nos quatro continentes). Mesmo pagando robustos cachês aos palestrantes sobra uma apreciável receita. O que se pretende examinar aqui é a Indústria de Eventos, subsidiária da Indústria da Informação Bruta – ou, em miúdos, como a falta de debates e investigação na mídia local abre oportunidades para os gigantes da mídia internacional ocuparem os espaços.

Quantas resenhas razoavelmente densas – a favor ou contra – foram publicadas em nossa imprensa desde a quinta-feira (26/9), quando as agências começaram a divulgar o teor da capa da Economist do dia seguinte?

A brincadeira com o míssil desgovernado disparado do Corcovado foi registrada em jornalões e jornalinhos. The Economist é uma revista não apenas adulta, mas inteligente, provocadora. Porém, quantos textos com mais de um palmo de profundidade foram publicados em nossos jornais e semanários tentando responder à pergunta da revista – quem estragou a nossa festa? Convém lembrar que no último fim de semana, véspera do início do mês, os jornais estavam carregados de publicidade, sobrava espaço.

A Indústria de Eventos é incubada nos enormes vácuos deixados pela mídia apressada, desatenta, incapaz de praticar um mínimo de ruminação. Eventos são obviamente eventuais, ocasionais, irregulares. São, antes de tudo, exercícios de sociabilidade, não atendem às necessidades constantes de conhecimento e discernimento que os periódicos estão aptos a fornecer. Mas fazem parte da bola de neve.

The Economist maneja muito bem as três pontas da moderna operação jornalística: produz uma revista que surpreende o leitor, suplementa suas informações com fartas opções digitais e fecha o processo com eventos que geram movimento e interesse.

Coisa de profissionais.

Por Alberto Dines em 01/10/2013 na edição 766 do Observatório da Imprensa